“Apostar nos recursos endógenos e na diferenciação para vencer na economia global”, diz Vítor Lopes

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Gazeta das Caldas - Victor Lopes
Se não fosse ceramista Vítor Lopes diz que se dedicaria ao desenho e à pintura

Vítor Lopes é o último ceramista convidado para a colecção da Gazeta das Caldas dedicada às termas locais. O autor da peça “Cidade Termal” acha que a iniciativa Molda “é uma boa ideia” dado que “preenche um vazio há muito existente na nossa cidade, permitindo finalmente a promoção e divulgação das criações artísticas da cerâmica que se faz nas Caldas”.
Na sua opinião, o futuro da cerâmica “passa pela articulação entre a indústria e o trabalho artístico de que a Bordalo Pinheiro é um bom exemplo”. O autor considera ainda que a aposta nos recursos e potencialidades endógenas, “poderá ajudar a revitalizar a economia local, apostando na diferenciação face à forte competitividade que caracteriza a economia global”.

Vítor Manuel Lopes
58 anos
Natural de Caldas da Rainha

GAZETA CALDAS: Quando começou a dedicar-se à cerâmica?
VITOR LOPES: Comecei a trabalhar na cerâmica no início dos anos 80.

GC: Quais os materiais cerâmicos com que prefere trabalhar?
VL: Barro vermelho e barro branco.

GC: Que opinião tem da Molda? Que benefícios traz aos ceramistas?
VL: Em relação à Molda, acho uma boa ideia, uma vez que preenche um vazio há muito existente na nossa cidade, permitindo finalmente a promoção e divulgação das criações artísticas da cerâmica que se faz nas Caldas.

GC: Acha que actualmente há uma retoma da cerâmica na região?
VL: Tenho conhecimento de que há gente nova a surgir e um ambiente local favorável, através de múltiplas iniciativas de divulgação e promoção, numa colaboração mais estreita entre os responsáveis autárquicos e os ceramistas e as diferentes expressões do artesanato local.

GC: O futuro da cerâmica passa pela indústria, pelo trabalho artístico, ou pela conjugação de ambos?
VL: A indústria cerâmica quase desapareceu nas últimas décadas, sobrevivendo algumas empresas que tem uma forte componente artística e de qualidade. Por isso, o futuro passará pela articulação entre a indústria e o trabalho artístico de que a Bordalo Pinheiro é um bom exemplo.
Em termos gerais, a aposta nos recursos e potencialidades endógenos, poderá ajudar a revitalizar a economia local, apostando na diferenciação face a forte competitividade que caracteriza a economia global.

GC: Com que parceiros é que os ceramistas da região podem contar?
VL: Principalmente com a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia.

GC: Acredita que as Caldas tem condições para ser reconhecida como Cidade Criativa (Arts & Crafts) em 2020?
VL: Acredito que sim, tendo em conta o ambiente actualmente favorável.

GC: Quais são os ceramistas que mais admira?
VL: Ana Sobral, Mário Reis, Luís Pires, Vítor Pires e Fernando Miguel.

GC: Se não fosse a cerâmica, a que outra arte poderia dedicar-se?
VL: Desenho e Pintura.

GC: Que livro está a ler?
VL: Actualmente não estou a ler nenhum livro.