Armazém das Artes inaugura exposições de referência no Dia da Cidade de Alcobaça

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Centenas de pessoas marcaram presença na inauguração

As exposições “45/24 Pratos da Guerra, Pratos de Paz” e “José Aurélio — Uma Retrospetiva de Cerâmica” estarão patentes até inícios de março de 2025

 

Casa cheia no Armazém das Artes para assistir à inauguração das duas exposições, na tarde de 20 de agosto, o Dia da Cidade de Alcobaça. A mostra “45/24 — Pratos da Guerra, Pratos de Paz” representa o binómio do fim da II Guerra Mundial (1945) e da atualidade (2024), propondo uma renovada reflexão sobre a guerra e a paz. Colocar em diálogo os mais de 35 pratos, produzidos entre 1939 e 1945, que relatam sobretudo os avanços dos aliados durante a II Guerra Mundial, com a contemporaneidade, numa reflexão coletiva sobre a guerra e a paz, neste aparente binómio de dependência que afeta toda a história da Humanidade é o objetivo da exposição, organizada pelo Armazém das Artes , com o apoio do município de Alcobaça. A mostra, agora refeita, é também inspirada na iniciativa da Olaria de Alcobaça nos anos 40 do século passado, “que dava nota sobre os avanços dos aliados durante a II Guerra Mundial”, e da admiração que José Aurélio nutre por esse movimento e respetivo resultado.
No contexto histórico, relatado pelo próprio artista plástico, recorda que tinha seis anos quando a grande guerra acabou e, por toda a parte, festejou-se a paz. “Em frente ao Mosteiro, olhávamos transidos de medo, para alguém que tentava colocar uma bandeira na cruz central da fachada, ao nível das torres, por cima do nicho que abriga a imagem de Santa Maria. Um grito de júbilo, acompanhado de salvas de palmas, premiaram o feito, assim que a bandeira ficou presa à cruz de pedra”, recorda. Só passados 70 anos viria a saber que a guerra tinha sido também motivo de outras manifestações, na fábrica de loiça Olaria de Alcobaça, LDA, fundada por alguns alcobacenses republicanos. Esses desenvolvimentos foram acompanhados e comentados por patrões e trabalhadores, em pratos pintados, cujos 37 de que teve conhecimento estiveram já expostos, em parte, no Armazém das Artes, em fevereiro de 2012.
Este ano, José Aurélio lançou um convite a artistas contemporâneos de referência nas áreas da cerâmica, da escultura e da pintura, como ana+betânia, Conceição Cabral, Liliana Sousa, Paulo Óscar, Sofia Areal, Thierry Ferreira, Virgínia Fróis e Wilson Esperança, que, juntamente com o próprio presidente do Armazém das Artes, criaram peças únicas. Maria Manuel Aurélio, gestora do espaço e da sua programação, realça que esta exposição é de “enorme relevância no caminho que o Armazém das Artes se encontra a fazer”, pois é “um registo e uma afirmação do ato criativo na fixação da história e do legado alcobacense e, simultaneamente, um terreno de criação artística e de reflexão originais, novas e contemporâneas”.
Também patente está a exposição José Aurélio – Uma Retrospetiva de Cerâmica, que faz a compilação da sua atividade artística dedicada à cerâmica e é, simultaneamente, uma retrospetiva do seu trabalho, no início de carreira, que passou pelas Caldas, a partir de 1959 e até 1964, nos tempos áureos do Estúdio SECLA, depois do período da Mme Stael, em que o Estúdio foi dirigido por si. Expostas estão peças com um design muito inovador para a época, naquilo que alguns especialistas consideram os primeiros trabalhos mais funcionais e seguindo as correntes do design de então. A exposição apresenta também trabalhos posteriores, realizados noutros locais, como a Vista Alegre. Com curadoria de Alberto Guerreiro, a mostra resultou de uma recolha no espólio próprio do escultor, como em peças existentes no Museu José Malhoa e pelo Centro de Artes das Caldas da Rainha.
Presente na inauguração, o presidente da Câmara, Hermínio Rodrigues, destacou a parceria de sucesso entre a fundação e o município que, garante, “é para continuar e aumentar. Há poucas “casas” como estas no país e é uma alegria para Alcobaça ter um Armazém das Artes como este”, realçou.
As duas exposições estarão patentes no Armazém das Artes até 2 de março de 2025. ■

O artista plástico José Aurélio
Autarca de Alcobaça garantiu que a parceria é para “continuar e aumentar”