A Praça da Fruta, que de manhã ganha vida com a venda de frutas, legumes e flores, transformou-se, na tarde e serão de 5 de abril, num mercado artesanal.
O S. Pedro ajudou e, em volta do tabuleiro, estiveram muitos dos sócios da Associação de Artesãos das Caldas (AACR), a organizadora do certame, mas também outros, oriundos de outras zonas do país. A opinião geral é que tudo correu sobre rodas e o evento tem tudo para se consolidar e continuar a crescer. O público também aderiu e veio muita gente passear para conhecer as propostas artesanais e, sobretudo, para assistir ao trabalho ao vivo. Alguns dos visitantes tiveram a oportunidade pôr a mão na massa e experimentar como se roda uma peça ou como se constrói uma talha.
Para o presidente da AACR, Jorge Lindinho tudo estava a correr “de forma agradável e a agradar a todos”. Questionado se há vontade em estender a mais dias, o dirigente afirmou que não será fácil, a menos que “fôssemos para um espaço fechado. Aí talvez desse para fazer sábado e domingo”, referiu o presidente da associação que vai repetir esta iniciativa em setembro.
“Quisemos trazer artesanato de outros sítios, diferente do que se faz nesta região”, disse a artesã Joana Bravo, vice-presidente da AACR, enquanto fez uma visita guiada ao evento onde participaram perto de meia centena de artesãos.
À cerâmica típica desta região juntou-se cerâmica e outras artes de norte a sul do país. Participaram mais de duas dezenas de artesãos que vieram de Santa Maria da Feira, Bajouca, Estremoz, Coimbra, Lagos e da Grande Lisboa.
Amélia Carvalho, por exemplo, trouxe trabalhos de tecelagem típica de Almalaguês (Coimbra). “Gostei de cá estar e constato que há gente que conhece este trabalho”, disse a tecedeira, acrescentando que estes trabalhos, feitos em teares artesanais, são também finalizados à mão, com o enfranjar da peça, tarefa que fez ao vivo neste certame. José Vilaça veio com a mulher, de Azeitão e ambos trabalham em ourivesaria. Gostam de vir a este certame e já é a terceira vez que vêm ao Artesanato da Praça. “É uma iniciativa feliz”, resumiu o ourives que também trabalhou ao vivo.
Jorge Carujo é do Alentejo e trouxe trabalhos feitos com raízes de árvores e com chifres de animais que vai buscar ao matadouro e que transforma em objetos decorativos. “Trata-se para já de um passatempo”, contou o autor, contente, com esta estreia nas Caldas.
Céu Pedrosa é da Bajouca e veio pela primeira vez a este evento. A ceramista vem da terra das olarias que já chegaram a ser 50. “Agora criámos uma associação e hoje já temos oito, duas delas em part-time, e mais que é comunitária”, contou. Nesta última dá-se formação, com o apoio do Cearte. “Queremos preservar as técnicas e também as peças antigas”, disse a ceramista que neste certame esteve a executar as talhas com a técnica do rolo, que considera que é mais fácil do que aquelas que se faziam na Bajouca, “criadas com placas”.
José Miguel Figueiredo veio da Asseceira (Tomar) para mostrar como se fazem talhas, ou seja, grandes peças de cerâmica. O seu know-how despertou a curiosidade de jovens autores que não perderam a oportunidade de experimentar e trocar ideias com este artesão, que já vai na quarta geração de ceramistas. “Em setembro regressarei e vou pesgar uma talha!”, contou à Gazeta. Trata-se de um método ancestral de impermeabilização das grandes peças para o vinho.
O evento teve o apoio da autarquia, da União de Freguesias de N. Sra. Pópulo e do IEFP.