As banheiras de Mário Reis trazem frases sobre as águas termais

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As peças têm frases da autoria de várias personalidades caldenses. A peça abre a nova colecção da Gazeta das Caldas dedicada às termas locais.
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Já se encontra à venda na loja da Gazeta das Caldas a peça do ceramista Mário Reis que inicia a nova colecção dedicada às termas das Caldas. São as típicas banheiras do Hospital Termal que dão forma a esta peça que tem ainda como decoração frases relacionadas com as águas escritas por um grupo de convidados do autor, dando assim mais
conteúdo à sua proposta. Um dos convidados, o editor João Paulo Cotrim deu a conhecer o convite que Mário Reis lhe fez para integrar o projecto da Gazeta das Caldas numa rubrica que assina no jornal Hoje Macau.

 

 

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São as termas das Caldas que vão servir de mote às peças que vários ceramistas convidados vão apresentar mensalmente nesta segunda colecção da Gazeta que arranca com a proposta de Mário Reis. O autor designou o seu trabalho “Imersão de Letras” tendo recuperado a forma das banheiras típicas do Hospital Termal. E se na forma as peças são iguais, há frases, versos e quadras de um conjunto de convidados do autor que as diferencia.
As peças, feitas em grés, medem 20 centímetros de comprimento por oito de altura e têm escrita da autoria de Carlos Querido, Isabel Castanheira, João Paulo Cotrim, Jacinto Gameiro e Jorge Mangorrinha. “Convidei amigos das áreas da literatura, da edição, do turismo e da investigação termal para partilhar esta iniciativa”, disse o autor, satisfeito com as diferentes propostas que agora dão mais vida às suas peças (ver caixa). Há também a colaboração escrita de Cristina Loureiro, mulher do ceramista, que o auxilia no seu trabalho cerâmico.
João Paulo Cotrim, que é colaborador do jornal Hoje Macau, deu a conhecer o convite que lhe foi feito para participar neste projecto da Gazeta. Naquele periódico macaense, o editor e investigador escreveu que a 17 de Fevereiro “o Mário [Reis] mãos-de-barro reduziu, assim tornando pessoal e portátil, a banheira termal das Caldas da Rainha, um formato de ressonâncias romanas ou apenas romanescas. Pediu-me texto para inscrição na peça, desconhecendo o fascínio que dedico às águas. O desafio tocou na pele com estilete, suscitando com singular rapidez palavras de pó: «as nuvens pousam na quietude/ sob tal superfície perco corpo/ o banho tomou-me e o navio quedo se vai// verso ou sarcófago?”.
Mário Reis é um dos ceramistas caldenses com a carreira mais consolidada. As suas peças contemporâneas estão em várias colecções de todo o mundo. O artista tem nos dias de hoje uma forte relação com a Nazaré, onde possui (e continua a desenvolver) vários painéis cerâmicos de arte pública.
“Imersão de Letras” é a primeira peça da segunda colecção de cerâmica, lançada pela Gazeta das Caldas sob a temática das Termas das Caldas. Custa 30 euros para os assinantes do jornal e 35 euros para o público em geral.

 

 

“No útero de mármore frio, o corpo ulcerado resguarda-se numa posição fetal.
A água borbulha veloz, arrastando dores e mágoas.”
Isabel Castanheira

“Sempre vadio, feliz, em liberdade,
Observo camuflado…
São banhos, corpos quentes.
Abraço- me, ronrono enrolado.”
Cristina Loureiro

“as nuvens pousam na quietude
sob tal superfície perco corpo
o banho tomou-me e o navio quedo se vai

verso ou sarcófago?”
João Paulo Cotrim

“Imaginário do requinte de um banho sulfuroso com sua Alteza a Rainha.”
Jacinto Gameiro

“Sou a pele das tuas águas que me curam das minhas mágoas.”
Jorge Mangorrinha

“Alívio dos peregrinos,
A água materna fumegava num charco,
E sobre ele se edificou um hospital que se tornou vila e cidade.”
Carlos Querido

“E duma imersão de letras num banho de águas mornas,
emergiram palavras que, uma após outra,
deram sentido às paredes frias da minha banheira.”
Mário Reis

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