Caldas da Rainha é uma das cidades da Rota dos Refugiados

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O grupo que esteve nas Caldas no domingo e que participou nesta rota
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Grupo que fez Rota dos Refugiados passou pelas Caldas para percurso e palestra

No domingo, 8 de setembro, as Caldas da Rainha recebeu um grupo de 24 pessoas que estiveram a participar na iniciativa Seminário Sobre Rodas – Nos Passos dos Refugiados da II Guerra Mundial. Esta última foi organizada pela Memoshoá – Associação Memória e Ensino do Holocausto, entidade que tem como objetivo educar e preservar a memória do Holocausto, com especial incidência junto das escolas.
Nas Caldas, o grupo ficou instalado no antigo Hotel Lisbonense (Hotel Sana Silver Coast), onde refugiados em fuga do nazismo “se instalaram durante algum tempo, nos anos 40, antes de abandonarem Portugal (país de trânsito) para outros destinos no continente americano”, afirmou à Gazeta das Caldas, a historiadora Carolina Pereira – que tem vários estudos académicos referentes à presença dos refugiados da Segunda Guerra Mundial nas Caldas da Rainha, acrescentando – que muitos destes “tinham vistos de Aristides de Sousa Mendes, que foi Cônsul de Portugal em Bordéus e que assinou vistos a todos aqueles que o solicitaram, contrariando ordens expressas de Salazar. Com esta atitude, salvou milhares de vidas de refugiados durante a II Guerra Mundial.
A visita do grupo Memoshoá teve o apoio da Câmara Municipal das Caldas da Rainha e do Hotel Sana, de todas as facilidades para uma palestra sobre a presença dos refugiados na cidade, pela historiadora Carolina Henriques, seguida de uma visita guiada aos locais mais emblemáticos desta presença na cidade.
“Esta visita foi um momento muito significativo para todos os participantes”, disse Luísa Godinho da Associação Memoshoá acrescentando ainda que esta visita quis “alargar conhecimentos e compreendendo melhor a vivência do quotidiano dessas pessoas, enquanto aguardavam vistos e passagens para recomeçar as suas vidas num lugar seguro”.
Os refugiados que estiveram nas Caldas estavam impedidos de trabalhar e, por isso, desenvolveram atividades associadas ao desporto, muitos no Parque D. Carlos. Este foi um dos locais que fez parte do percurso.
Os refugiados tinham liberdade para o culto diário e para celebrar festividades religiosas (em casas particulares ou numa sinagoga que improvisaram no 1º andar do nº30 da Travessa da Cova da Onça). Nesse local funcionou também, além da sinagoga e do local de estudo dos judeus, “o escritório da JOINT, uma organização judaica de auxílio aos refugiados judeus”, explicou a historiadora. Foram igualmente visitados o Café Bocage, a Praça da Fruta e antiga sede da PVDE, polícia que controlava os refugiados e que estava sedeada na Rua de Camões, onde hoje fica o Museu do Ciclismo.
Do programa, iniciado a 5 de setembro, fizeram parte visitas ao Museu Fronteira da Paz (Vilar Formoso) e ao Museu Aristides Sousa Mendes. Incluiu visita às “residências fixas” à Curia, à Figueira da Foz e também à Ericeira. ■

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