O caldense Francisco Andrade é um apaixonado por “Belenismo” (termo espanhol) que designa a construção de presépios mas implica o uso técnicas artesanais de forma a torná-lo semelhante à realidade da época.
São respeitados todos os pormenores e tenta reproduzir em miniatura edifícios, objectos e bens tal como existiam quando Jesus nasceu. O autor sonha construir um presépio de forma colectiva, com o apoio do poder local e, assim, dar-lhe visibilidade pública.
Francisco Andrade, de 35 anos, fez o seu presépio deste ano sem descurar pormenores ligados à arquitectura e a técnicas de construção, que são feitas com recurso a tijolo, barro, estuque e areia. “É preciso também ter um grande respeito pelas regras da escala”, explicou à Gazeta das Caldas.
Francisco Andrade é editor de profissão e contou com a ajuda da mulher e da filha neste trabalho, que foi feito à noite e aos fins-de-semana e que demorou cerca de dois meses a concretizar.
O “Belenismo” é apreciado em Espanha, Itália e em países da América Latina. Dá-se também relevância aos pormenores em miniatura (mobiliário, alimentos e decoração) e aos bens e costumes vividos na época. “É tudo muito figurativo e para torná-lo num trabalho especial, deve ser quase tudo feito à mão”, reforçou o autor, explicando que a única coisa que não fez foram as figuras humanas e os animais. O restante foi tudo construído pelo próprio.
Os edifícios têm a estrutura de esferovite e ferro (são depois revestidos com gesso), havendo muitas formas em que usou barro, terracota e massas de moldar, enquanto que todo o mobiliário foi construído e recortado em balsa. Há especiarias e pães em miniatura que são verdadeiros (uma ideia da sua filha) ao passo que a esposa foi a responsável pela montagem dos elementos no cenário. O poço, por exemplo, foi revestido com tijolos em miniatura para o tornar mais realista.
Tudo o que aprendeu sobre estas técnicas foi através da internet, visto que em Portugal não há formação nem divulgação sobre esta forma de construir presépios. Este autor gostaria de dinamizar esta técnica no país, divulgando trabalhos e técnicas num grupo nas redes sociais. “Em Espanha fazem-se muitos destes presépios em igrejas, câmaras e centros culturais na quadra natalícia”, afirmou o caldense, acrescentando que na Colômbia, estas técnicas usam-se em presépios à escala humana.
Francisco Andrade gostaria também que na sua cidade se apostasse no Belenismo, devido às suas fortes tradições artísticas e artesanais. “Há cá vários artesãos e, em conjunto, com o apoio do poder local, poderíamos fazer um presépio destes destinado ao público”, rematou Francisco Andrade. O autor vai manter o seu presépio da sua casa até ao fim-de-semana, dias 7 e 8 de Janeiro e, para o ano, garante que vai aumentá-lo com recurso às técnicas artesanais.