Produtores deram nova vida a temas de Carlos Paredes que serão estreados num concerto que celebra Abril, em Coimbra, terra natal do guitarrista
Amanhã, 25 de abril, Stereossauro e Ride, que são produtores e DJ’s caldenses vão atuar em Coimbra para assinalar os 51 anos da Revolução dos Cravos. O convite, feito a Tiago Norte por causa de uma atuação prévia que decorreu naquela localidade – foi feito pela Câmara Municipal local. A cidade dos estudantes é também a terra natal do guitarrista Carlos Paredes, cujo centenário de nascimento se assinala este ano, e por isso, “foi um alinhar de planetas!”, disse Stereossauro que aceitou o desafio de Coimbra de unir a celebração de Paredes à Revolução dos Cravos.
Soma-se o facto de que já estava a trabalhar com DJ Ride num novo EP com remisturas de quatro temas do mestre guitarrista.
“Tenho um repertório que fui construindo sobre o 25 de Abril, centrado em temas de Zeca Afonso”, acrescentou Stereossauro que, além de Ride, – irmão musical e com quem divide distinções mundiais na área do DJing – vão estar outros artistas de renome, como Ricardo Gordo, Ana Magalhães, Pedro Jóia, Beatriz Rosário e Ricardo Silva. Estes dois últimos são artistas ligados à cidade dos estudantes. “Faz todo o sentido dar palco a convidados locais”, referiu Tiago Norte.
Rui Pato, guitarrista que acompanhou Zeca Afonso, vai ser também um dos convidados especiais deste espetáculo, de entrada livre e que se designa “Paredes de Abril”.
O EP “Quatro Paredes” guarda quatro canções do guitarrista, agora remisturados. “Em conjunto criámos novas sonoridades”, explicou Stereossauro que trabalhou com Ride neste disco onde há novas visões dos temas “Cantrabalho”, o Canto da Rua”, “Vida Nova” e “Prosa do Meio Dia”.
A capa ficou a cargo de Carlos Quitério, que é designer e vive nas Caldas há vários anos. “Andámos juntos na ESAD.CR, somos amigos e talvez seja o designer que já nos fez mais capas de álbuns”, partilhou Tiago Norte, fã dos cruzamentos da guitarra portuguesa, do fado e das novas sonoridades. Do trabalho de pesquisa de Stereossauro e de Ride, além de terem ouvido muita música de Paredes, também escutaram entrevistas do mestre. Ambos salientaram à Gazeta das Caldas que o intérprete e compositor “tinha grande respeito pelas mulheres guitarristas, conforme expressou nalguns dos seus depoimentos”.
Sabem que um EP de música instrumental não terá a mesma adesão que um mega-hit com refrão “orelhudo”. No entanto, Stereossauro garante que vai continuar a trabalhar sobre o fado e sobre a guitarra portuguesa. Os dois caldenses congratularam-se com facto dos herdeiros de Carlos Paredes terem feito a cedência dos direitos de autor dos quatro temas. Os dois músicos têm provas dadas e reconhecimento nacional e internacional do seu trabalho mas ambos acham que o facto de se estar a celebrar o centenário do nascimento do guitarrista também contribuiu para a cedência.
Os caldenses vão estar presentes nalguns festivais de verão e também em festas de Norte a Sul do país.
Neste momento estão a preparar estes temas para serem tocados ao vivo.
Segundo Ride “arriscámos bastante neste EP e como não quisémos repetir a fórmula dos Verdes Anos, estes temas têm uma vertente muito mais eletrónica e por isso ainda mais dançável”. Na opinião do DJ e produtor caldense, o próprio Carlos Paredes olharia com interesse para este trabalho de remistura que leva a música tradicional às gerações mais jovens. “Creio que ele gostaria das nossas experiências pois nós pegamos no passado, trazemo-lo para o presente e assim asseguramos o seu futuro”, rematou.■