“Cidade Termal”, assim se designa a última peça para a coleccção das termas, proposta pela Gazeta das Caldas. O seu autor, o ceramista caldense Vítor Lopes também é professor e por isso encara a arte de trabalhar o barro como algo complementar que lhe permite expressar-se e também uns ganhos extra ao final do mês.
“Cidade Termal” é a propostas de Vítor Lopes que encerra a coleccção dedicada às termas caldenses e que foi iniciada no início do ano. A obra é feita em barro branco com elementos em barro vermelho. Foi cozida a 950°C e decorada com vidrados.
A peça alude a aspectos relacionadas com o Hospital Termal “que aparece na peça como elemento central”, disse Vítor Lopes. A sua proposta também alude ao elemento “Água” “que escoa a partir de uma peça de olaria, também ela uma representação da tradição da cerâmica das Caldas da Rainha”, acrescentou.
Vítor Lopes (1960), natural de Caldas da Rainha, iniciou a atividade de ceramista no início dos anos oitenta. Quase em simultâneo iniciou também a sua carreira de docente na Escola Secundária Raul Proença, onde lecciona Geografia. Foi também nessa altura que se realizou a primeira edição da Feira de Cerâmica, no Parque D. Carlos I, onde a cerâmica das Caldas esteve bem representada. Vítor Lopes recorda que, além dos artesãos e artistas cerâmicos locais, participaram outros de âmbito nacional. O autor explicou que que foi neste ambiente “em que Caldas da Rainha foi verdadeiramente a cidade da cerâmica”, que alguns dos melhores ceramistas, como o mestre Herculano Elias, os oleiros Armindo Reis e João Reis, Armando Correia, Francisco Furriel, Alberto Miguel, Adélia Martins se juntaram e criaram a Associação de Artesãos de Caldas da Rainha.
Na época, integraram alguns ceramistas mais jovens da cidade, entre os quais Vítor Lopes que, com entusiasmo, viu abrir-se um novo espaço de oportunidade para a divulgação e consolidação da actividade cerâmica.
O autor possui a sua oficina de artesanato no Casal do Frade (Alvorninha), onde tem vindo a explorar diferentes temas, destacando-se a cerâmica fálica. Dedicando-se às malandrices, Vítor Lopes dá continuidade a esta tradição caldense, apesar de usar uma linguagem diferente da tradicional.
Máscaras, peixes, presépios, painéis, são outras vertentes do seu trabalho, que se destina a lojas de artesanato de todo o país. Esta opção pela vertente comercial e pelo artesanato em barro vermelho foi ganhando expressão nas duas últimas décadas, acompanhando a tendência crescente do mercado do artesanato em Portugal.
A divulgação do trabalho de Vítor Lopes tem sido feita a partir das suas participações em feiras de artesanato, integrado na Associação de Artesãos das Caldas. A feira de Vila do Conde, FIL em Lisboa e Fatacil de Lagoa, são as principais montras de artesanato do país e onde se estabelecem os contactos com vista à comercialização.
Vítor Lopes expõe desde os anos 80 na região Oeste e em Lisboa. Tem participado em eventos e exposições coletivas e individuais em Portugal com trabalhos em cerâmica (artesanato contemporâneo) e de pintura.