Crianças aprendem mais sobre a República em Óbidos

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As crianças mostraram bastante interesse no tema da exposição

“Qual é a diferença entre a Monarquia e a República, sabem?” A pergunta foi feita logo no início da visita mas nem mesmo assim deixou os alunos desprevenidos. A turma do sexto ano do Complexo do Alvito, que na manhã de quarta-feira, 12 de Janeiro, foi visitar a exposição “Óbidos, da Monarquia para a República”, foi dando respostas aos dois historiadores do Arquivo Municipal, que completaram com a sua explanação alguns dos acontecimentos mais relevantes do início do século passado.
A mostra, patente no Museu Municipal até ao fim do mês, pretende mostrar como se viveu este período, especialmente a nível local, recorrendo a material do Arquivo Municipal e também de alguns particulares, que cederam imagens, e do agrupamento de escolas, que disponibilizou um sistema métrico.
Alguns dos documentos estão a ser tornados públicos pela primeira vez, como é o caso de uma carta de José da Costa Prata, pároco da freguesia do Carvalhal, dirigida a Júlio Tornelli, presidente da nova Comissão Administrativa do concelho de Óbidos, onde elogia a Primeira Comissão Municipal Republicana. “Há quasi onze annos que resido neste concelho e não estou habituado a ver senão prediaes ou egoístas com quem trate de si e dos seus e, por isso, muito admiro que haja agora uma Commissão de cavalheiros sérios, como são a maior parte que conheço e os que não conheço certo o serão também”, refere na missiva enviada a 13 de Outubro de 1910.
O mesmo clérigo, aquando da Lei da Separação do Estado da Igreja, em 1911, coloca-se do lado da República e informa a Câmara que deixou de ler “as Pastorais”.
Já em 1894 por causa de baldios, já outro padre da Usseira, António Correia da Trindade, da Usseira, entrou na Câmara a dar vivas à República. “Pensavam que a autarquia lhes estava a ocupar alguns baldios da freguesia e era uma forma de pressionar o poder na altura”, explica o historiador Ricardo Pereira, adiantando que a vereação da altura repudiou contra o padre e tentou a sua suspensão.
De acordo com o historiador João Pedro Tormenta, também do Arquivo, as pessoas têm gostado da exposição e têm-se identificado com o material exposto. De modo a atrair o publico mais jovem, a professora Ângela Oliveira, que também faz parte do Arquivo Histórico, está a organizar visitas dos complexos escolares.
“Em vez de estarmos a dar grandes explicações, partirmos para um guião onde eles procuram a informação que tem a ver com o concelho para trabalharmos”, explica, adiantando que desta forma a História torna-se mais aliciante para os alunos.
Foi também criado um pequeno livro, que acompanha a exposição, onde é feito o contexto politico, económico, social da altura e o caso de Óbidos e a sua realidade no início do século XX.
Este ano o Arquivo Histórico de Óbidos faz 30 anos. Para assinalar a data será feita uma exposição com os documentos mais importantes do seu acervo, muitos deles nunca mostrados em público.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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