D. Leonor conservou bens da Casa das Rainhas

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Manuela Santos Silva veio às Caldas para falar da fundadora da localidade e de Óbidos, terra das rainhas
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Rainha D. Leonor conservou terras da Casa das Rainha para subsidiar as suas ações mecenáticas

“Óbidos, Terra das Rainhas, e a autonomização do julgado das Caldas no reinado de D. João II e de D. Leonor”, designou a conferência que decorreu a 21 de junho, no CCC e que contou com Manuela Santos Silva, especialista de história medieval.

Segundo a convidada, o concelho de Óbidos que foi terra das Rainhas, em 1287, foi criada uma pequena divisão, semi-autónoma na povoação de Salir do Porto, então designado Porto de Salir e que era o principal porto mercantil de Óbidos. Já em 1371 houve ainda a criação do Cadaval como concelho autónomo. “O mesmo vai acontecer em 1491 é que vai suceder a criação de uma divisão semi-autónoma, até com juízes próprios, para as Caldas”. Será no reinado de D. João II, que inclusivamente contou que tomou tal decisão “por grande insistência da sua esposa, Rainha D. Leonor”.

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Desde o século XII houve sempre alguma posição régia em relação ao Mosteiro de Cister de Alcobaça que procurava estender os seus domínios. “Alguns monarcas eram mais a favor do mosteiro, outros a favor do concelho Óbidos (onde se integrava as Caldas”, disse a investigadora à Gazeta. Manuela Santos Silva confirmou que Rainha D. Leonor permaneceu com algumas das rendas que lhe eram proporcionadas pela Casa da Rainhas, não as tendo passado para as seguintes rainhas, que deveriam ser beneficiárias desses bens. “D. Leonor foi de facto uma rainha muito especial”, disse, acrescentando que não foi possível ser sucedida pelo filho, que morreu num trágico acidente e sua então nora, passou a ser sua cunhada dado que casou com o seu irmão, D. Manuel.

“Ela sobreviveu a essa rainha e à seguinte também”, disse a convidada. Sempre houve problemas com a passagem das terras. Cada vez que havia um novo casamento era assinado um documento onde D. Leonor dividia com a nova rainha os bens da Casa. Relativamente à última rainha, “esse documento nem chegou a ser feito, tendo a rainha D. Leonor permanecido com os bens”.

Para a docente, tais rendas subsidiavam as ações mecenáticas da rainha. Esse trabalho foi continuado pela rainha Catarina “a quem se deve a Misericórdia de Óbidos, assim como a construção do próprio aqueduto”, referiu a autora.

O evento fez parte do programa de celebração dos 500 anos do legado da Rainha D. Leonor.

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