Especialista em patchwork ensinou no Centro Criativo da Bernina nas Caldas

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Gazeta das Caldas

autoraJennylivro copyJenny Bowker, uma das maiores especialistas em trabalhos em tecido esteve nas Caldas, entre os dias 27 e 29 de Novembro, para ensinar novas técnicas no Centro Criativo da Bernina.
A australiana, que antes se dedicava à ciência, tornou-se uma especialista em patchwork e em técnicas kilt e hoje é chamada a vários países do mundo para ensinar a sua técnica, onde conjuga tradição e contemporaneidade.
Gazeta das Caldas ficou a saber um pouco mais sobre esta artista, que antes de ir passar o Natal à Oceânia, ainda foi leccionar novidades de patchwork no Dubai e no Irão.

Jenny Bowker dedica-se aos trabalhos em tecidos desde 1997. Casada com um diplomata, viveu em seis países diferentes (entre estes a Síria, Egipto, Malasia e Jordânia) e por causa da vida nómada, deixou de poder dedicar-se à ciência. Neste último país aprendeu pintura, frequentando a universidade, depois dos 50 anos e acabou também por ensinar. “Depois percebi que tudo o que se faz na tela é possível fazer com tecidos”, disse a convidada, que entretanto se especializou em patchwork, uma técnica que une tecidos de vários formatos.
“Comecei por fazer paisagens em tecido, unindo esse trabalho com técnicas de patchwork tradicionais (que se usam para as colchas)”, disse a convidada que faz grandes trabalhos que, ao longe, até parecem telas, dado o pormenor.
A mistura entre tradição e contemporaneidade chamaram a atenção das profissionais desta área e acabou por ser o cartão de visita de Jenny Bowker fosse convidada para ensinar em vários locais da Austrália. Depois leccionou na Nova Zelândia, nos EUA e hoje “percorro todo o mundo ensinando as diversas técnicas de trabalho em tecido”.
Ensinar a viver do patchwork

Além do mais, Jenny Bowker ensina grupos de mulheres a viver do patchwork. Fê-lo há 12 anos em Ramallah, na Palestina e a outros grupos no Irão, destinados a professores. Sobre o primeiro grupo, das 46 mulheres iniciais ainda vivem do patchwork uma dúzia, o que não é má média já que as restantes, segundo a australiana, seguiram outros caminhos, casando, tendo filhos ou simplesmente envelhecendo.
Jenny Bowker, 63 anos, diz que adora o que faz ao  passar os ensinamentos aos grupos de mulheres. Crê também que “é através das suas pessoas” que melhor se conhece um país. E prefere fazê-lo relacionando-se com os seus habitantes, deixando para segundo plano o património e os museus.
E se durante anos Jenny Bowker teve que acompanhar o seu marido diplomata, agora reformado, agora é ele que a acompanha em muitas das suas voltas ao mundo.
Jenny Bowker tem uma agenda verdadeiramente sobrecarregada. Antes de chegar a Portugal, a especialista passou uma semana no Colorado (EUA), outra na Austrália, tendo depois viajado com destino à Coreia e à China. Depois esteve dois dias e meio em Austrália e voltou a partir para Espanha e depois Portugal. Seguiu ainda para o Irão e para o Dubai.
Por onde lecciona vai notando diferenças culturais. Conta que por exemplo as mulheres iranianas se destacam pois “têm bons conhecimentos matemáticos e conseguem prever os passos seguintes” enquanto “as japonesas preferem trabalhar quase tudo à mão”.
Sem pretensões, Jennnny Bowker já reuniu os seus trabalhos em livro, no qual conta histórias de retratados que captou, primeiro em fotografia e que depois voltou a “imortalizar” em tecido.

Em casa, para o Natal

“Vou estar em casa para o Natal!”, contou esta autora, mãe de quatro filhos, todos adultos, que lhe permitem ter a liberdade para dar jus à sua repleta agenda. “Quando eram mais novos tinha que passar mais tempo em casa”, contou. Uma outra curiosidade sobre esta autora: a família não quer que esta venda os seus trabalhos. Uma vez já lhe ofereceram 10 mil dólares por um dos seus grandes trabalhos em tecido. Jenny não cedeu, dado que este demorou seis anos a fazer. Ofereceram o dobro, tendo a oferta parado nos 25 mil dólares e ainda assim, marido e filhos, “preferiram não me deixar vender. Agora quando o transporto, fico um pouco nervosa, dado o seu valor de mercado…”, contou sorrindo.
É a quarta vez que esta especialista vem às Caldas. Conta que é sempre muito bem recebida por Mário Felizardo – o responsável pelo Centro Criativo da Bernina – que a faz sentir em casa.
O caldense gostaria de continuar a trazer a australiana a Portugal sempre que ela tiver vaga na sua agenda. “Este ano fizemos três workshops internacionais”, contou o empresário, que vende as máquinas de costura Bernina e coordena o centro criativo da marca nas Caldas.
Além de Jenny, já vieram às Caldas dar workshops uma especialista alemã e outra brasileira. Aos workshops vêm pessoas ligadas à área, de todo o país que também partilham os seus conhecimentos. Cada uma pagou 300 euros pelos três dias de formação com esta especialista.
“Em Espanha o mesmo workshop custa 450 euros por pessoa”, contou Mário Felizardo. De qualquer modo, Jenny Bowker é uma das profissionais sempre na calha para regressar pois “é uma artista top mundial e é uma excelente pessoa, de uma enorme grandeza”, rematou.
Em breve, segundo Mário Felizardo, vão ser assinalados os 20 anos da marca Bernina em Portugal e será organizado um concurso a nível nacional.
A autora, que trouxe vários trabalhos que estiveram expostos no Centro Bernina (localizado nas proximidades da Escola do 1º ciclo da Encosta do Sol) gosta de Portugal, do clima e da comida, e já trouxe o marido a conhecer terras lusas.