Exposição antológica reúne perto de 200 peças de Armando Correia

0
856
Exposição antológica - Gazeta das Caldas
Responsáveis do museu, da autarquia e do Grupo de Amigos daquele espaço museológico - Natacha Narciso

“Ecos de Uma Paisagem. Armando Correia (1936 -2008) – Exposição Antológica” abriu ao público a 26 de Maio no Museu de Cerâmica. Da mostra, organizada pelo Grupo de Amigos do Museu de Cerâmica (GAMC) e pelo museu, fazem parte 190 obras representativas de várias fases da obra plástica de Armando Correia e que pode ser apreciada até ao próximo mês de Agosto.

Dez anos após a morte de Armando Correia, o Grupo de Amigos do Museu de Cerâmica (GAMC) e o próprio Museu unem-se para organizar a primeira exposição antológica da obra plástica deste artista caldense.
Da mostra fazem parte os trabalhos nas áreas da escultura, da pintura, do desenho, da gravura e do design. A mostra tem como comissário o presidente do GAMC, Mário Tavares e como curadora Margarida Araújo. Na inauguração, o director do Museu, Carlos Coutinho, deu a conhecer que Armando Correia era “uma figura discreta, humilde, mas também um artista cheio de conteúdo”.
A sua obra encontra-se bem expressa nesta mostra que possui no total 190 peças deste artista, 13 delas, pertença da coleccção daquele espaço museológico. O director elogiou o catálogo desta mostra, que tem 150 páginas, e falou sobre as dificuldades que os museus atravessam actualmente e que por isso só através de apoios e parcerias é que é possível realizar a exposição e o catálogo de “Ecos de Uma Paisagem. Armando Correia (1936 -2008). Exposição Antológica”. O responsável ainda referiu que o Museu de Cerâmica se encontra a celebrar o seu 35º aniversário.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, mostrou-se disponível para continuar a proporcionar as necessárias condições para as realizações do Museu de Cerâmica. No entanto, recordou que no que diz respeito à descentralização, a Câmara das Caldas “não pretende assumir a gestão do espaço”. O edil caldense referiu que a Câmara “fará resistência a esse processo”, sem deixar de dar as habituais colaborações pontuais aos eventos.
Mário Tavares e Margarida Araújo agradeceram a colaboração dos colecionadores, mesmo sabendo que não foi fácil para alguns emprestar peças frágeis e que acompanham os seus quotidianos. De qualquer forma todos compreenderam como é importante a divulgação da obra deste artista, que segundo a curadora, tal como Ferreira da Silva, se circunscreveu à região mas que “poderiam ter uma visibilidade muito maior”.
A mostra possui dois núcleos. Um primeiro que segue a obra de Armando Correia por ordem cronológica. Estão presentes os primeiros trabalhos que fez na oficina do pai Avelino Correia, que era parente de Avelino Belo.
Presente está também a produção de Armando Correia feita na década de 60, quando foi trabalhar para Viana do Alentejo para uma extensão da Escola Técnica de Évora (Olaria e Cerâmica), onde foi professor de Modelação e Desenho. “É um período rico da sua obra, menos conhecido do público”, afirmou a curadora, explicando que o artista, naquela época, conviveu muito com outros artistas que também foram lá professores como Júlio Resende, Dórdio Gomes e Ângelo de Sousa assim como com vários oleiros de Viana do Alentejo. “Ainda há muito a descobrir sobre esta fase”, referiu Margarida Araújo. Posteriormente, Armando Correia volta às Caldas e vai trabalhar para Alcobaça, para a fábrica de faiança Pedro & Cardoso e a exposição guarda algumas obras ali realizadas.
Depois do 25 de Abril, a convite do caldense António Cardoso, Armando Correia foi trabalhar para Espanha, durante cinco anos para uma unidade industrial que se dedicava à produção de peças em grés. A exposição guarda dessa época “uma intensa produção pictórica, dado que Armando pintou muitas telas”, explicou a responsável pela organização da mostra. Armando Correia, em seguida, passou pela Secla, pelo Cencal e ainda leccionou na ESAD. O primeiro núcleo ainda integra um conjunto de figuras femininas que o ceramista fez ao longo dos anos e que vendeu em vários espaços como nas Feiras de Cerâmica das Caldas.
O segundo núcleo segue uma organização por temas a que Armando Correia se dedicou durante a sua vida artística: a mitologia, o teatro, a joalharia, a poesia, a parte religiosa, formas geométricas e os animais. “Espero que esta exposição possa ser apresentada noutros espaços”, disse a responsável, que ainda referiu que para a concretização de Ecos de uma Paisagem contribuiu o trabalho feito por Marina Ximenes e Teresa Perdigão e que acabou por resultar numa homenagem a Armando Correia, concretizada no Casal da Eira Branca (Infantes-Salir de Matos) em Junho de 2012. Nessa altura Margarida Araújo já tinha feito uma primeira recolha na casa dos coleccionadores, que têm obras do artista caldense, falecido em 2008, aos 72 anos, vitima de doença.

Exposição antológica - Gazeta das Caldas
A mostra, inaugurada a 26 de Maio, está patente até Agosto – Natacha Narciso