Exposição recorda Taraio 10 anos depois da sua morte

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Abriu no sábado, 1 de Dezembro, no CCC, a exposição “Tambor” que reúne pinturas de Manuel Taraio. O artista, que se formou em Belas Artes, em Bordéus, desenvolveu o seu trabalho artístico nas Caldas ao longo de mais de três décadas.
Amigos e familiares do pintor reuniram-se no centro cultural para homenagear o artista que faleceu, vítima de doença, há uma década.

 

 

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José Antunes, director do Centro de Artes, foi o responsável pela exposição “Tambor”. Meses antes, aceitou o desafio de homenagear o pintor Taraio e partiu à descoberta das suas obras, nas casas da sua família. “Conhecia alguns dos seus trabalhos, ligados às paisagens, mas depois fiquei surpreendido com as obras que realizou na última fase da sua vida”, disse o curador, que fez uma visita guiada no dia da inauguração às mais de 60 pessoas que se uniram neste evento.
Na exposição podem ver-se pinturas de Taraio, marcadas pelo seu gosto pela História e por outros mestres pintores. Velasquez é um dos pintores em quem se inspirou.
Nas suas obras, Taraio juntava aos recursos clássicos, outros, mais ligados à pintura moderna e contemporânea, como a geometria, o gesto ou a fragmentação da narrativa. José Antunes contou que o pintor acrescentava “valores expressivos de um universo pessoal”, dando o exemplo do instrumento musical tambor, que dá nome à exposição.
José Antunes foi conduzindo os presentes nesta homenagem e deteve-se no núcleo que guarda as últimas obras do pintor. “Nestas é bem visível uma transformação”, disse sobre a série Douro, onde o artista abandona as cores vermelhas vibrantes e passa a usar uma paleta mais sombria, de verdes e cinzas. “O gesto é mais livre e solto, não há personagens, há sim o retrato de um rio majestoso numa paisagem avassaladora e despojada”, disse.
O curador estabeleceu um paralelismo entre esta nova forma de expressão e o estado de saúde do artista, cada vez mais precário. “Taraio foi um pintor até ao fim, procurando incansavelmente cumprir a sua missão enquanto artista, tendo trabalhando diariamente no seu atelier para criar as suas pinturas enquanto lhe foi possível”, rematou.

 

Família ofereceu obra ao município

“É o concretizar de um sonho dele”, disse à Gazeta das Caldas Celeste Ramalho, a viúva do pintor Manuel Taraio, muito satisfeita com a realização da mostra “Tambor” na galeria do Centro Cultural. A morte prematura do seu marido impediu-o de apresentar exposições naquele equipamento, algo agora possível numa data em que se assinalam os 10 anos do seu desaparecimento. “Em 2012 houve uma exposição de homenagem no Casino Estoril”, acrescentou a viúva, que não se importava que a exposição pudesse ser itinerante e, desta forma, dar a conhecer a obra do artista.
“Tambor” reúne sobretudo obras que pertence às colecções da família do pintor, algumas menos conhecidas do público.
Celeste Ramalho contactou com a autarquia para realizar esta mostra, ideia que “foi acolhida com muito agrado”, disse a vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, que achou oportuno assinalar os dez anos do desaparecimento do artista com uma exposição e homenagem.
Para a vereadora, esta iniciativa “é uma das melhores mostras aqui apresentada”. Na sua opinião, “está bem pensada e organizada”, além de que se trata “de um tributo a um grande artista, que era também uma excelente pessoa”.
Celeste Ramalho e as duas filhas do pintor doaram ao Centro de Artes uma pintura de Manuel Taraio de grandes dimensões na qual o artista retrata uma paisagem.
Gazeta das Caldas entrevistou Manuel Taraio pouco antes da sua morte. Registou, em finais de 2008, o que o artista recordava da sua infância e juventude, passadas em Coimbra e em França, assim como os “reflexos de prata, ouro e de azul” que o levaram a escolher a Foz do Arelho para viver.
A mostra de Manuel Taraio está patente no CCC até ao dia 10 Fevereiro de 2019.

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