O primeiro filme de ninjas, feito nas Caldas, celebra aniversário. Gazeta falou com o realizador que vive em Londres.
É já no dia 1 março, pelas 22h00, que a versão cinematográfica de “O Ninja das Caldas” vai ser projetada no Teatro Passos Manuel, no Porto. Tudo porque o filme, o primeiro sobre um ninja português, está a celebrar 25.º aniversário.
A realização do vídeo original é de Hugo Guerra, autor de 46 anos que vai estar presente na sessão no Porto para responder às questões do público. Presente estará também João Pombeiro, que participou no filme e que hoje é docente da ESAD.
O filme conta a história de Toni Canelas, que um dia ao voltar de um campeonato de karaté, descobre a sua amada Sónia, às portas da morte na sua casa.
Ela tinha sido atacada pelo Evil Dragon, o grande rival de Toni, que mata Sónia para lhe roubar o Búzio Dourado. Este último confere poderes a quem o possuir.
Toni enfrenta o Evil Dragon, mas não o consegue derrotar e morre. O Deus Muching, reanima Toni e treina-o para derrotar o Evil Dragon e vingar a morte de Sónia. No final, Toni consegue derrota o Evil Dragon num confronto final que decorreu nas muralhas de Óbidos. À Gazeta das Caldas, o realizador, Hugo Guerra – que é também supervisor de efeitos especiais – e que vive em Londres, desde 2009, afirmou que é estranho pensar neste filme 25 anos depois”. Desde 2000, o autor já viveu na Suécia e, posteriormente, fez carreira no mundo dos efeitos especiais em Londres. Já trabalhou para as empresas The Mill, Sony Playstation, Rebellion Films, Ikea, Nike, Adidas, Adobe e BBC.
“O Ninja” faz parte de uma altura diferente da sua vida, “em que era muito novo e não sabia muito acerca desta indústria”. Depois de ter trabalhado em vários projetos profissionais, “sinto que o filme ocupa um espaço único e distinto dos projetos que faço hoje em dia”.Prova disso mesmo é que quem trabalhou com ele nos últimos 25 anos não sabe da existência do “Ninja das Caldas”. “Foi um fenómeno local e português que aconteceu espontaneamente na altura com o culminar da transmissão televisiva na Sic Radical em 2003”, contou o autor. Nesse ano, o facto do Ninja das Caldas ter passado na Sic Radical, foi motivo de notícia pois alcançava transmissão ao nível nacional.
De volta ao ano 2000, Hugo Guerra com os seus colegas de turma José Serpa, Ricardo Guerreiro e Octávio Lourenço, resolveram escrever o filme. Os três últimos são também os atores principais. “Todos nós éramos fãs de filmes de Ninja e filmes de série-B, e o Octávio, o ator principal que faz de Toni, sabia artes marciais, e assim começámos a filmar, na brincadeira, sequências para um filme de Ninja”, contou. Filmaram mais sequências, improvisaram muito e o filme foi surgindo, mesmo sem argumento ou organização. No fim, entregou o filme como projeto final da disciplina de Pintura e teve 17 em 20 valores. O Ninja teve a participação de 14 pessoas que tiveram diferentes papéis. “Eu realizei, filmei e editei, o José Serpa, foi ator, não só no papel de Muching (o deus) como também de vários inimigos mascarados. Ele também editou o filme comigo e canta as músicas do filme”. O João Pombeiro, por sua vez, teve dois papéis no filme e também criou o design da capa do DVD oficial da Som Livre e da Sic Radical. “Há 11 pessoas que não entraram no filme, mas que ajudaram a tornar o projeto possível e, por isso, estão nomeadas no genérico final do filme”, acrescentou. Satisfeito por poder voltar a reunir o elenco nos 25 anos, Hugo Guerra contou que o sucesso do filme talvez se explique por existir uma lacuna no que diz respeito a filmes de comédia e série B em Portugal. “Havia um espaço a preencher no mercado para filmes de ação ou comédia em Portugal nos anos 90”, disse o realizador que gostava de voltar a passar o filme nas Caldas, mais especificamente na ESAD, pois foi lá que o Ninja estreou em 2000.■