FOLIO reforça programação em edição de homenagem a José Pinho

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Parceiros e curadores do festival apresentaram a oitava edição na Casa Comum do Bairro Alto
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Festival, que decorre entre 12 e 22 de outubro, leva a Óbidos 603 autores e criadores para explorar o tema do Risco. A Carrinha do Desassossego já percorre o concelho, incentivando à leitura

A oitava edição vai ter um “grande” autor em cada um dos 11 dias de festival, respondendo assim ao mote lançado o ano passado pelo livreiro e fundador do FOLIO, José Pinho.
Ney Matogrosso participará, pela primeira vez, num festival literário fora do Brasil, ao apresentar a sua biografia, numa edição que contará também com a presença de autores internacionais como Geoff Dyer, Terry Eagleton, António Scurati ou Julia Navarro. O Fim marca o início das mesas redondas, com escritores, políticos, jornalistas e críticos a abordar também temas como o amor, desejo, utopia, populismos, memória, guerra, vida e o futuro.
Entre as novidades desta edição, e também como forma de homenagear o livreiro, há um novo espaço, onde a “literatura se cruza com a música, com queijos franceses e com um copo de vinho”, explicou a vereadora da Cultura, Margarida Reis, na apresentação do FOLIO, que decorreu em Lisboa, a 28 de setembro.
No jardim do Mercado Biológico “nasce” um mural, também dedicado a José Pinho. Na nova Ogiva, a PIM! Mostra de Ilustração para Imaginar o Mundo apresenta um manifesto ilustrado a favor das livrarias independentes. “Simbolicamente convidámos 69 ilustradores (a idade de José Pinho) e cada um ilustrou um ano da sua vida”, explicou a curadora do Folio Ilustra, Mafalda Milhões.
Já a circular pelo concelho anda a Carrinha do Desassossego, outra novidade desta edição. Em itinerância até ao início do festival, passará pelas escolas, centros do Melhor Idade e juntas de freguesia, levando a maior parte dos livros que vão estar presentes nesta edição do FOLIO.
No capítulo da Educação, o Agrupamento de Escolas Josefa d’Óbidos volta a receber tertúlias, o Seminário Internacional e o Seminário de Inclusão que contarão com a participação de Richard Ovenden, Guy Levi, João Couvaneiro, Nuno Markl e Miguel Araújo.
O projeto “Escolas que se abraçam” volta com uma nova edição, criada por alunos das escolas portuguesas e brasileiras, e quer estender-se a África e Ásia. De forma a facilitar o acesso a todos, o festival terá, em todos os seus conteúdos, um código gráfico para daltónicos. Também uma assistente virtual holográfica irá interagir com o público, em várias línguas, dando informação sobre o evento.
Haverá ainda um espaço dedicado à sustentabilidade e outro à Banda Desenhada. Será dedicado um dia à poesia e podem ser visitadas 20 exposições em diversos espaços, entre elas, “Between Schools: há uma Gazeta que nos une”.
Os artistas locais não serão esquecidos e os espaços de diversão noturnos também serão incluídos na programação. Entre as apresentações estão “A história dos Bombeiros de Óbidos”, escrita pelo jornalista da Gazeta das Caldas, Isaque Vicente, e “Alegações Finais”, do caldense Carlos Querido.

“Um programa gigante”
Raquel Santos, da Ler Devagar (que tem a curadoria do Folio Mais), partilhou que este ano contarão com mais de 40 parceiros e de 130 atividades, com mais de 250 convidados. “Vai ser um programa gigante”, com o objetivo de oferecer o contacto possível com todas as formas e meios utilizados na literatura”.
As parcerias foram também destacadas pelo curador do FOLIO Autores, Pedro Sousa, dando como exemplos a presença do Sesc, que traz todos os anos escritores premiados do Brasil, da Fundação Fernando Leite Couto, com os escritores moçambicanos e de Ondjaki que faz a curadoria dos autores angolanos.
O capítulo da Folia é, uma vez mais, responsabilidade da Fundação Inatel, que este ano leva a Óbidos Marco Rodrigues, Amélia Muge, Anaquim, Daniel Pereira Cristo (Trio), Ana Lua Caiano, Júlio Resende, Amália Fado & Further, Lavoisier, Bandua e Siricaia.
O presidente do conselho de administração da Fundação Inatel, Francisco Madelino, referiu-se ao Folio como um “ato de resistência inovadora”. “Estamos lá a apoiar e a mostrar os projetos que vão ligando a poesia, a palavra e a música e que vão resistindo”, salientou.
O tema desta edição, o Risco, foi realçado pelo presidente da Câmara, Filipe Daniel, acrescentando que não têm medo de dar continuidade ao evento. “José Pinho deixou-nos instrumentos, capacitou-nos, o que temos de fazer é dar continuidade àquilo que foi sonhado”, disse, acrescentando que irão reforçar a programação, com mais 144 intervenções do que no ano passado.
As atividades ligadas ao livro e à literatura irão continuar após o festival, adiantou o autarca, que pretende, em 2024, candidatar Óbidos a capital mundial do livro.
Com um investimento na ordem dos 460 mil euros, esta edição do Folio contará com a presença de 603 autores e criadores, em cerca de 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros e ainda 40 espetáculos e concertos. Os visitantes encontrarão também 21 exposições, 18 sessões de leitura e poesia, 14 mesas de autores, entre outras iniciativas, que decorrerão, algumas em simultâneo, em vários espaços da vila.

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Casa Comum do Bairro Alto
A apresentação desta 8ª edição decorreu na Casa Comum do Bairro Alto – Centro Cultural, em Lisboa, que abrirá portas em inícios de novembro e que foi um dos últimos projetos a que José Pinho estava dedicado.
A filha, e diretora das livrarias Ler Devagar, Joana Pinho, lembrou que o espaço nasceu da necessidade de “voltar a trazer ao bairro um lugar de encontro e dedicado às coisas feitas em comum”. Contará com uma sala de cinema, a livraria Ler Devagar e o Museu da Preguiça, uma sala composta por três bibliotecas particulares, uma delas de José Pinho, com a sua coleção de literatura erótica. Nesse museu haverá camas, armários de uma farmácia antiga , onde os visitantes podem “consultar livros, a pedido, dormir uma sesta, ou estar simplesmente a ler”. Haverá ainda um bar, na cave, que terá a sua própria livraria de livros usados, e onde decorrerão conversas e concertos. Com uma programação dinâmica, o centro cultural terá também uma componente social. ■

A edição deste ano

603 autores e criadores
108 conversas e tertúlias
40 Apresentações e lançamentos de livros
40 Espetáculos e concertos
21 Exposições
18 Sessões de leitura e poesia
14 mesas de autores

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