O artista do Painho, além da pintura, também dá cartas na literatura e é autor do livro “Quando os ciprestes davam laranjas”

Jorge Romão inaugurou, este domingo, dia 20, no Painho (Cadaval), a exposição “Fragmentos & Contrastes” no espaço que acolhia a mercearia do sr. Serafim. Além das pinturas, a iniciativa pretende recordar a vida na aldeia, nos anos 1960 e 70. Uma das paredes do espaço foi forrada com exemplares da Gazeta das Caldas.

A antiga mercearia no Painho, que pertenceu ao sr. Serafim, é agora um espaço que recebe arte. No próximo domingo acolherá a exposição “Fragmentos & Contrastes” do artista local Jorge Romão. A antiga loja é para o autor “um lugar de afectos e cumplicidades e que faz parte da memória colectiva da aldeia”. Naquele sitio, que foi totalmente remodelado e preparado para receber esta exposição, há agora “um ambiente evocativo da época, com imagens, sonoridades, aromas e objectos que faziam parte do quotidiano do comerciante”, o “menino Serafinzinho”, como era carinhosamente tratado por parte da população.
Além das obras de pintura, os visitantes vão poder “conhecer também um pouco do que era a vivência da aldeia nos anos 1960 e 70”, disse o autor, explicando ainda que conta com a presença de exemplares da Gazeta das Caldas, que vão decorar o espaço nesta iniciativa.
Soma-se ainda o facto de o Sr. Serafim, o proprietário da mercearia, “ter lido este semanário anos a fio no próprio local”. Segundo o pintor, que é também escritor, a iniciativa pretende ainda homenagear o dono da mercearia, uma personalidade que era bem conhecida pela aldeia.
Jorge Romão expõe com regularidade em Lisboa desde 2018 e desenvolve também projectos literários. O artista nasceu em 1959, no Painho, aldeia do concelho do Cadaval onde passou a sua infância e aprendeu a plantar batatas, a mondar o trigo.
Actualmente vive na capital, no bairro típico da Graça. É licenciado em Filosofia e integra, desde 1987, a Administração Pública, onde exerce funções de intervenção social na esfera da justiça. É autor de “Quando os ciprestes davam laranjas” livro que foi publicado em 2016.
Jorge Romão teve um dos seus textos, “Dente-de-Leão”, premiado num concurso literário no Brasil. Entre os seus projectos destaca-se a exposição-instalação “A Caixa – 10 anos de vigilância electrónica em Portugal”, um projecto de 2012. “Trata-se de uma colecção única e irrepetível, porque a matéria prima principal, (as caixas) já não existem pois deram lugar a outro tipo de equipamentos”, contou o autor, que é propriétário das peças que foram expostas no Espaço Justiça, entre 2012 e 2013. É de sua autoria o trabalho “Recortes do Painho” (2017) feito com recortes e colagens de fotografias de vários locais daquela aldeia, quando foi inaugurada a requalificação da escola EB1 do Painho.
As pinturas deste autor cadavalense, que gostava de dar a conhecer o seu trabalho nas Caldas, integram colecções privadas no Reino Unido, Bélgica e Luxemburgo.
A exposição “Fragmentos & Contrastes” poderá ser apreciada no Painho até 5 de Outubro.