Jovem ilustrador caldense Mantraste assina garrafa artística para a Vitalis

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Bruno Reis divide o tempo entre o trabalho como artista plástico e as aulas que dá em três escolas, entre elas e ESAD
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Mantraste (alter ego do jovem ilustrador caldense Bruno Reis) é o autor da nova garrafa da Vitalis que, além de uma obra de arte, é também uma homenagem ao movimento paralímpico. Aos 32 anos, o ilustrador caldense dá cartas na área da ilustração e trabalho gráfico, mas também se distingue ao nível da cerâmica, instalação e na área editorial, imperando a liberdade criativa. A trabalhar em Lisboa, dá aulas na ESAD e está a participar num projecto identitário para o Mercado do Peixe, nas Caldas da Rainha.

Uma ilustração original pintada em vidro azul cobalto, está limitada a 20 mil exemplares

Beber água de uma garrafa que é uma obra de arte. A ilustração original pintada em vidro azul cobalto é uma criação de Mantraste para a marca de água do Super Bock Group e tem uma edição limitada de 20 mil exemplares, que podem ser encontrados em 100 restaurantes seleccionados por todo o país.
O projecto surgiu em meados de Julho de 2019, quando a Underdogs, responsável pela curadoria de artistas, falou com o ilustrador caldense, que aceitou de imediato o desafio.
A luz verde para avançar com o trabalho surgiu quando estava na Coreia do Sul e, com apenas uma semana para apresentar os resultados, fez a maior parte do trabalho em movimento, em sintonia com o que lhe era pedido: que a garrafa reflectisse o movimento Vitalis. Entre as várias propostas apresentadas, a ilustração escolhida é inspirada na frase que está na garrafa. “Olho o meu reflexo na água e vejo um movimento que vai muito para além de mim.” “Como se ao olhar para a garrafa, fosse possível ver na água que ela contém mais do que o nosso próprio reflexo, a nossa essência, o que nos dá força e nos torna especiais”, conta o artista à Gazeta.
A ilustração é composta por várias formas que criam outras formas, dando a perceber o símbolo olímpico distorcido na água.
Esta foi a primeira vez que Mantraste trabalhou sobre uma garrafa de vidro, “e não foi fácil”, reconhece, dando conta que a impressão em serigrafia sobre vidro tem muitas limitações, o que o levou a ter de ajustar o trabalho. A homenagem ao movimento paralímpico apareceu durante o processo e, na sua opinião, “veio trazer mais valor ao trabalho”.

ILUSTRADOR, MAS NÃO SÓ

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Mantraste nasceu nas Caldas da Rainha. Tem residência no Nadadouro, mas passou parte da sua adolescência na Nazaré, onde acabou por estudar até ao 9º ano. Seguiu-se um curso profissional no Cenfim, em S. Cristóvão, uma licenciatura em Design Gráfico na ESAD e graduação em Ilustração. Actualmente a residir em Lisboa, trabalha por conta própria para vários clientes, faz trabalho de autor e dá aulas em três escolas, entre elas a ESAD, nas Caldas. E foi exactamente nesta escola de artes, que nasceu a alcunha que Bruno Reis acabou por adoptar como nome artístico.
Mantraste assume-se como Ilustrador, mas não gosta de limitar a sua criatividade, tendo experimentado a cerâmica e a instalação e também a escrita. Actualmente é um dos colunistas da Gazeta das Caldas.
Diz mesmo que não pensa muito em áreas específicas de criação e que faz aquilo que tiver de fazer. “Se um dia tiver de largar tudo e me dedicar à marcenaria por exemplo, também vou ser um carpinteiro feliz”, remata.
Entre as suas criações mais importantes estão as ilustrações para o serviço educativo da Casa da Música do Porto. “Tinha começado a trabalhar há pouco e isso deu-me muita força”, conta o designer gráfico e ilustrador que, apesar da idade, já possui um vasto palmarés. Foi um dos seleccionados da Bienal de Ilustração (Ilustrarte) e a ilustraçãode “Arranha-Céus”, de J. G. Ballard, foi considerada a melhor capa de ilustração e design 2015, por um grupo de especialistas da revista “Sábado” e a própria família Ballard endereçou-lhe os parabéns.
De resto, a Imaculada Sardinha Portuguesa deu-lhe um lugar vencedor no concurso das Sardinhas para as Festas de Lisboa, em 2011, tornando o seu trabalho mais conhecido publicamente.

MURAL PARA O MERCADO DO PEIXE

No entanto, o artista plástico não esconde o “carinho especial” pelo projecto que está a desenvolver actualmente nas Caldas, integrado numa equipa coordenada pelo vereador Pedro Raposo. Trata-se de trabalhar a identidade para o “novo” Mercado do Peixe das Caldas da Rainha, em que irá fazer um mural de azulejo, “quando o COVID-19 deixar…”
Mantraste está, ainda, a preparar um livro novo para a Editora Pato Lógico e várias ilustrações sobre o vírus que está a afectar todo o mundo, entre outros projectos na área editorial que, apesar de não poder adiantar o seu conteúdo, afiança que “vai ser muito especial”

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