Lagoa de Óbidos não sobrevive mais 200 anos sem a intervenção humana

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Gazeta das Caldas
Maria das Mercês Matos defendeu que o Parque D. Carlos I deveria ser alvo de uma protecção especial |Isaque Vicente
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Maria da Conceição Freitas estudou o passado geológico da Lagoa de Óbidos para prever o futuro. Nas Jornadas do Património, que decorreram a 22 e 23 de Setembro no Espaço de Turismo, a investigadora afirmou que sem a acção do Homem, a Lagoa não aguentará mais que dois séculos. Já Tiago Fraga, que acompanhou as últimas dragagens, deu a conhecer a diversidade histórica dos achados e o potencial arqueológico da Lagoa.

Há 30 anos que Maria da Conceição Freitas estuda sistemas lagunares, um dos quais, a Lagoa de Óbidos. Não tem dúvidas em afirmar que sem a intervenção humana, aquele sistema está condenado a tornar-se um pântano no prazo máximo de dois séculos. “As dragagens na Lagoa não são mais que peelings para os humanos, não duram a vida toda”, disse Maria da Conceição Freitas nas Jornadas do Património, que decorreram no passado fim-de-semana no Espaço de Turismo das Caldas.
A investigadora explicou que a lagoa existe há cerca de 6000 anos, quando o nível médio das águas do mar estabilizou. Até aí era um estuário, ou uma ria sem a barreira de areia que hoje conhecemos.
A Lagoa de Óbidos tem predominância de enchente, o que significa que as marés de enchente têm mais força do que as de vazante. Isto resulta em areias que entram na Lagoa, mas não conseguem sair.
Maria da Conceição Freitas explicou também que foi a partir do século XV que a Lagoa começou a ser aberta por acção do Homem. E desfez um mito: as três lagoas (Óbidos, Alfeizerão e Pederneira) nunca estiveram ligadas.
Dos quatro sistemas lagunares nacionais que estudou (Albufeira, Melides, Santo André e Óbidos), a Lagoa de Óbidos é que tem a maior bacia (440 quilómetros quadrados) e aquela onde existe uma maior produção de sedimentos.

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