Museu Malhoa acolhe gente e paisagens de todo o mundo

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Ni FranciscoWorld Di(Visions), assim se designa a exposição, patente no Museu Malhoa desde sábado, 11 de Fevereiro. Esta reúne o trabalho de dois fotógrafos: Luís Lobo Henriques que apresenta imagens sobre a Índia, e Ni Francisco, que trouxe paisagens captadas em vários países do mundo. Para apreciar até  12 de Março.

“Índia: Uma Visão”, assim se intitula a exposição de Luís Lobo Henriques que reúne 30 fotografias sobre a Índia, país que visitou em 2012 e 2014. O autor é professor de Português, mas há vários anos que se dedica à fotografia. Em breve vai viajar até à Tailândia e S. Tomé para captar novas imagens e também está a planear uma terceira viagem à Índia.
No Malhoa podem ser apreciadas imagens captadas em diferentes zonas daquele país. O autor captou indianos de várias idades em Varanasi, um local sagrado onde os mortos são cremados e as suas cinzas atiradas às águas do Ganges, rio onde pessoas e animais se banham.
“A Índia desperta-nos os cinco sentidos. É muita cor e os cheiros são fortes”, resumiu o fotógrafo que diz que não teve problemas em retratar os habitantes, como a vendedora de legumes ou o barbeiro que trabalham naquelas ruas, “sempre muito ruidosas”. Para Luís Lobo Henriques um dos sítios mais interessantes para fotografar “é uma estação de comboios indiana” porque as pessoas se apropriam daquele espaço e fazem uso da linha ferroviária como se fosse a sua casa. Por sua vez, as carruagens circulam sempre cheias e os passageiros até viajam onde se colocam as malas, tal como se pode apreciar nesta exposição.
Desta mostra fazem parte também vários retratos, o género favorito deste autor. Luís Henriques retratou crianças, vendedores e uma cega com os seus saris e adornos especiais, como os colares de âmbar. Presentes estão também imagens de visitantes do Taj Mahal, de um mercado em Kerala, numa profusão de cores e sorrisos, que apelam aos sentidos. Algumas das fotografias expostas já foram distinguidas em concursos nacionais e internacionais.
Luís Lobo Henriques é angolano e aos 15 anos veio viver para as Caldas, tendo frequentado o ensino secundário nos Pavilhões do Parque. Lembra-se que nos intervalos das aulas ia com os seus colegas ao Museu Malhoa, que em 1976 tinha entradas gratuitas.
Actualmente vive em Leiria, mas as Caldas “está-me nos genes, mesmo sem ligações familiares”, diz. Viveu também no Bombarral e depois em S. Martinho.
Depois das Caldas, “Índia: Uma Visão” será apresentada na Batalha, no Posto de Turismo, junto ao Mosteiro.

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Reflexos de todo o mundo

Ni Francisco é fotógrafo profissional. Trabalha para revistas de viagem e sempre que lhe é possível, refugia-se no seu porto de abrigo: S. Martinho do Porto.
A perspectiva do seu trabalho é completamente diferente da do seu amigo, Luís Henriques. Se do outro lado há gente, este autor dedica-se à paisagem e aos reflexos. E tudo lhe serve: um lago ou uma mesa de hotel que dá a impressão que é um espelho de água. A presença humana é pontual como na imagem de um rio em Shangri-La (China) onde há uma mulher barqueira, tipicamente trajada e “que nos faz reconhecer o país de forma imediata”.
Ni Francisco captou também uma folha de plátano num lago do Canadá e o nascer do sol na ilha grega de Mykonos, proporcionando belas imagens reflectidas.
“Tiro partido das horas especiais da luz”, comentou o fotógrafo, acrescentando que, para tal, se levanta ainda de noite ou então espera até ao final da tarde.
Nesta exposição estão presentes imagens de locais onde o fotógrafo regressou, ao fim de vários anos após ter captados as primeiras imagens. São locais de reencontro para o fotógrafo como aquela imagem captada num dos lagos de Estocolmo, num dia em que estavam 18 graus abaixo de zero, “que até fizeram congelar as baterias da minha máquina”, contou o fotógrafo.
Presentes estão belas imagens de locais eslovenos, da “luminosa” cidade de Singapura ou de Copenhaga. Na capital da Dinarmarca, Ni Francisco obteve reflexos da cidade nos materiais contemporâneos dos seus prédios.
O autor contou à Gazeta das Caldas que as publicações de viagens, de há uns anos para cá, pedem menos imagens e que lamenta que haja menos investimento neste sector.
Carlos Coutinho, director do museu, afirmou que esta mostra dos dois fotógrafos marca o arranque de um ciclo de exposições de carácter internacional. O museu continuará a trabalhar em parceria com a ESAD em iniciativas como conferências e performances.
A exposição está patente até 11 de Março no Museu Malhoa.

Liga dos Amigos adquiriu obras para o museu

A Liga dos Amigos do Museu José Malhoa (LAMJM) adquiriu três obras para oferecer ao museu caldense. Trata-se do desenho de uma figura de Belle Époque de Enrique Casanova (1906) e duas pinturas a óleo de Frederico Ayres: uma natureza morta e uma marinha da Ribeira do Porto que datam de 1933.
Enrique Casanova (1850-1913) foi um pintor aguarelista espanhol que veio para Portugal em 1880 como refugiado político. Pintou retratos da família real portuguesa e foi professor de D. Luís I e do rei D. Carlos I, ambos bons aguarelistas.
Já Frederico Ayres (1887-1963) foi um pintor português, aluno de Carlos Reis, que o ajudou a integrar-se na produção artística nacional, seguindo o tardo-naturalismo. São conhecidos os seus trabalhos de paisagem e de marinhas, sensíveis às variações cromáticas e aos diferentes estados atmosféricos.
As pinturas e o desenho foram adquiridos aos herdeiros do anterior proprietário, José Luís Gonzaga Peixoto.
Questionada pela Gazeta da Caldas, Margarida Taveira, presidente da LAMJM, não quis revelar o valor da aquisição destas obras, que agora necessitam de pequenos trabalhos de restauro.

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