A Banda Comércio e Indústria das Caldas e o actor caldense Vitor D’Andrade protagonizaram o espectáculo Sforzando, dirigido pela encenadora Mafalda Saloio, que se encontra esta época 2014/2015 em residência artística no CCC. Juntos, animaram o grande auditório do CCC, que esteve cheio nessa tarde, dia 8 de Março. Os 55 artistas subiram ao palco para contar a história de uma banda – Sforzando – que continua a sobreviver entre as ruínas de uma cidade abandonada.
Já estão habituados a actuar para muitas pessoas, mas no papel de actores foi a primeira vez. Os elementos da Banda Comércio e Indústria passaram com “nota máxima” no desafio proposto pela caldense Mafalda Saloio e conseguiram surpreender o público presente, que não se conteve nas gargalhadas. “Acho que eles são uns campeões”, contou a actriz e encenadora à Gazeta das Caldas. Afinal, costumam tocar sentados e com uma postura corporal bastante rígida e desta vez fizeram-no de pé, a correr de um lado para o outro e com a tarefa de representar ao mesmo tempo.
Paulo Santos e Tânia Clemente ensaiaram desde o início do ano, juntamente com o resto da banda, incluindo o maestro Adelino Mota. Apesar de tocarem instrumentos diferentes – ele trompete e ela flauta – ambos concordaram que o espectáculo correu melhor que o esperado. Paulo descreveu o trabalho com a Mafalda como “exigente, mas divertido” e, se antes era mais tímido, acabou por “descobrir novos talentos que não sabia que tinha”, acrescentou. Por outro lado, Tânia afirmou que, “apesar do stress inicial, por estar a fazer algo que não estava habituada”, foi-se apercebendo, ao longo dos ensaios, “como o grupo estava a chegar a um resultado muito giro”.
Trabalhar com um grupo tão grande foi um dos aspectos mais complexos de gerir, comentou Mafalda Saloio. “55 pessoas é muita gente, é uma loucura para mim e para eles, mas o grupo esteve sempre muito disponível e concentrado”, continuou a actriz, que não deixou de salientar a importância do apoio dado pelas famílias durante os ensaios (alguns deles tardios, até à uma da manhã). Lucas Santos, um dos muitos pais que não faltou ao espectáculo, revelou-se surpreendido com o resultado final, sublinhando “a energia fantástica transmitida ao público, a inovação e a coordenação de todos os elementos em palco”.
Entre os espectadores houve também quem já conhecesse o trabalho da encenadora caldense, como é exemplo Teresa Perdigão, que acompanha o percurso da artista desde o início. Apesar disso, fica sempre surpreendida, revelou à Gazeta. Na sua opinião, a “Mafalda consegue fazer um trabalho entusiasmante com as pessoas, revelando sempre valores muito importantes”. Neste caso, Sforzando problematizou o “território” de muitos artistas, que são obrigados a “lutar na vida para chegar às coisas, levando com pedras e pó pelo caminho, mas que continuam a acreditar, mesmo no meio da ruína”, esclareceu Mafalda.
Sforzando foi o terceiro de quatro projectos que Mafalda Saloio se propôs a desenvolver no Centro Cultural e Congressos. O último, que será um solo, decorrerá em Julho. Durante este ano, a caldense tem feito a ponte entre três cidades, San Sebastian (onde vive), Lisboa e Caldas da Rainha, a sua cidade natal, onde tem sentido “um enorme prazer e privilégio poder voltar a trabalhar”, comentou.