Ovni traz intervenção urbana, meditação e arte às Caldas

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Os Silos foram palco de iniciativas artísticas
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Prossegue nas Caldas o projecto internacional OVNI que une artistas nacionais e locais a outros oriundos da Índia e de Nepal. Esta semana, esteve na cidade termal Suresh K. Nair, um artista e académico de Varanasi que fez uma intervenção numa fachada urbana sobre o tema da água e inspirado na Lagoa.
A 28 de Novembro foi inaugurada uma exposição no Museu Malhoa que contou com performance, escultura vídeo, fotografia e instalação de autores de várias nacionalidades que têm em comum terem passado pelo Oriente e que podem ser apreciadas até 25 de Janeiro. Em Lisboa o OVNI também chegou ao Museu do Oriente e Galeria Ato Abstrato.

O OVNI – Objectos Visuais do Nepal e da Índia corre de vento em popa nas Caldas da Rainha. Aulas abertas, masterclasses na ESAD, intervenções urbanas, exposições e performances têm acontecido na escola de artes, no Museu Malhoa, nos Silos e também em diferentes espaços públicos.
Da Índia veio Suresh K. Nair, artista e docente da Universidade de Varanasi que foi convidado a intervir na fachada dos armazéns municipais, situados na estrada da Foz, junto ao Centro da Juventude. Para a intervenção, o autor usou cimento para criar desenhos e esgrafitos sobre a temática da água e sobre a lagoa de Óbidos. Surgem assim numa fachada peixes e ondas que simbolizam a água em movimento.
“Nas Caldas as vossas águas termais curam enquanto que nós consideramos que as águas do rio Ganges são sagradas”, disse o autor, que considera fundamental que possam realizar mais intercâmbios como o Ovni onde professores, artistas e alunos podem partilhar ideias. “Trata-se de uma saudável troca entre pessoas de três países”, contou o autor indiano que quer regressar em Junho para mais intervenções. Suresh K. Nair contou ainda com a participação de cerca de meia centena de alunos da escola de artes que o auxiliaram a terminar a intervenção na fachada em tempo útil. O autor indiano fez ainda uma performance nos Silos onde se uniram as artes plásticas à música.

Oriente no museu naturalista

A 28 de Novembro, o Museu José Malhoa abriu portas ao evento para inaugurar uma exposição onde participaram os artistas portugueses Cristina Ataíde, Pedro Bernardo, Jorge Humberto (JoH) e Pauliana Pimentel, que têm em comum o facto de terem visitado as cidades de Kathmandu e Varanasi. Além do mais, durante a inauguração Filipe Garcia, co-organizador do evento, fez uma performance de meditação, trazendo o Yoga para o museu caldense. Os autores trabalharam as relações entre arte e viagem, criação e mediação, pensamento e performance, unindo saberes e horizontes e partilhando o património.
Segundo Mário Caeiro mais de 80 alunos da escola de artes caldense partilharam as iniciativas com os artistas estrangeiros e o resultado de algumas actividades está patente no museu. Este projecto, que é um encontro cultural entre artistas que vieram do Nepal e da India com vários autores portugueses que estiveram naqueles países, vai ainda contar com um site e um catálogo que deverá ser traduzido nas várias línguas dos seus intervenientes.
A artista Cristina Ataíde apresentou uma instalação com sete desenhos de grandes dimensões em papel vegetal onde reflecte sobre vários temas: o autorretrato e os imigrantes “que morrem ao chegar à Europa”.
A lista é impressionante sobretudo porque “não se sabe o nome das pessoas”, disse a artista que adicionou às suas listas pigmento vermelho, que é habitualmente usado nas celebrações na Índia. Na sua opinião, eventos como o Ovni, onde se unem várias culturas, são importantes até para futuras partilhas e trabalhos.
“Já combinei novas viagens e espero que possamos trabalhar em conjunto”, rematou a artista que participa regularmente em vários eventos culturais nas Caldas. Por seu lado, Jorge Humberto trouxe várias esculturas inspiradas na cultura indiana como, por exemplo, nos seus crematórios e no falo de Shiva. “Vivi vários anos na Índia, local de onde não se volta igual…”, referiu o autor.
O autor caldense Pedro Bernardo apresentou uma instalação tendo criado um court de ténis numa das salas do museu recordando as memórias desportivas do que ali existia antes daquele espaço museológico.
Poliana Pimentel está a participar com fotografias obtidas em 1999, altura em que era geóloga e que começou a fotografar. O resultado das suas viagens era posteriormente publicadas na Grande Reportagem. Estão pois presentes imagens de locais sagrados como uma imagem da nascente do Ganges ou “à porta” do deserto de Rajastão. Há uma terceira imagem da autora, captada na mesma altura da casa do amor, o Taj Mahal. Na opinião desta autora, intercâmbios como o Ovni são essenciais para criar novas ligações e mais viagens àquelas localidades e assim ligar o Oriente ao Ocidente. O evento prossegue com várias palestras que se vão realizar nas próximas terças-feiras no Museu Malhoa.

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