Crónicas de Bem Fazer e de Mal Dizer – XCIV
Para um bibliófilo, não há maior prazer do que encontrar um livro, um folheto, um almanaque, um jornal, do tema do seu interesse, de que não tinha conhecimento. Foi o que me aconteceu ao deparar com um livrinho – bastante doente, diga-se de passagem – referente às Caldas da Rainha e intitulado: “Para os Pequeninos – Kermesse nas Caldas da Rainha – Julho de 1885”.
Publicado sob a responsabilidade de uma denominada “Associação Protectora das Crianças”, foi executado pela Topografia de Eduardo Rosa, situada na Rua Nova da Palma, Nr.ºs 150 e 154, em Lisboa. De pequeno formato, 15 x 22,3 cms, com um total de 14 folhas, mais capas. Ilustrado com vários elementos decorativos elegantemente desenhados em tom sanguíneo, é composto por artigos dos mais diversos autores.
O primeiro texto intitula-se: “Para os Pequeninos” assinado por Júlio d’Andrade, ao qual se seguem: Poema sem título, por Luis da Silva; “A Mulher”, por Maria Amália Vaz de Carvalho; Texto sem título, por Maria Borges; “Para os Órfãos”, por Ester da Cunha Belém; “Protegei as Crianças”, por D. António da Costa; “Meditação Acerca da Pobreza”, por Ramalho Ortigão; “Não chores Mãe”, por Joaquim Lima; Texto sem Título, por António Castanheira; “Boémios”, por Francisco de Sousa; “Caldas da Rainha”, por Ferreira Lobo; “Anhelos”, por Casimiro Dantas; “Fragmento”, por Luciano Cordeiro; “Dai”, por Mendes Leal; “As Duas Mães”, por Gomes Leal; “As Crianças”, por Júlio César Machado; “A Esmola do Pobre”, por Moura Cabral; “No Mar”, por V. de Benalcanfor; soneto sem título, por Jaime Vitor; Texto sem título, por Pedro Vidoeira; “Liber Esto”, por Greenfield de Melo; “Os Bolos de Mariquinhas”, por F. S. Avelar; “Na Kermesse”, por Alberto Pimentel; “A Kermesse”, por C. da Cunha Belém; “Sol Entre Nuvens”, por Candido de Figueiredo; “A Educação da Mulher”, por Tito Augusto de Carvalho; “Castigo”, por Cristóvão Aires; “O Poeta”, por Ulpío Veiga; “Os Poetas”, por J. M. Latino Coelho; “Velhos e Crianças” por Eduardo Schwalbach; “As Crianças”, por F. Júlio Borges; “O Sorriso das Crianças”, por Joaquim Dias de Melo; “A Meu Filho”, por Grennfield de Melo; “Número e Intermezzo”, de José Newton; “Excepto”, de Bulhão Pato; “Os Velhos”, de Augusto de Malo; Soneto sem título, por Ana d’Albuquerque; Texto sem título, por Palermo de Faria; “A Serra”, Júlio de Castilho; “O Evangelho da Rainha”, por Augusto Ribeiro.
Terminamos com a transcrição de um poema da autoria de Gomes Leal, intitulado “As Duas Mães”:
“Chorava certa aldeã os filhos, lastimando
Ter de os deixar ao mestre, e partir sem ninguém.
Mas o Mestre lhe diz sorrindo, grave e brando:
- Deixei-os vir a mim! A escola é uma outra Mãe!”