O pintor indiano tem o seu estúdio nos Silos desde 2023. O artista internacional, também professor, ensina nas Caldas e vai dar workshops em Lisboa.
Rahul Onkon tem 44 anos e é pintor. Dedica-se à aguarela e dá aulas por todo o mundo. Neste momento tem o seu atelier nos Silos onde tem sete alunos.
Oriundo de Calcutá e de uma família indiana de cantores e bailarinos clássicos, Rahul percebeu cedo que gostava de artes visuais. Tinha oito anos quando começou a aprender os fundamentos do desenho e da pintura com um artista.
Rahul Onkon orgulha-se dos mentores que teve no mundo das artes e o que o ajudaram a encontrar o seu caminho artístico. Antes formou-se em Economia, Ciência Política e em Estatística. Acabou por realizar à posteriori o seu MBA, o que lhe permitiu ter empregos em multinacionais como Pepsi e Vodafone, sempre na área das vendas. “Uma vida materialista que me esgotou ao fim de oito anos…”, contou o pintor que tinha 28 anos na época. Então achou que era altura de fazer algo “que eu realmente gostasse na vida: as artes”.
E ainda no seu país natal, criou uma companhia dedicada às artes que produzia exposições e impulsionava a carreira dos artistas, sendo curador das suas mostras.
Pessoalmente Rahul Onkon foi sempre pintando e concorrendo a certames internacionais de aguarela. Primeiro recebeu várias rejeições até que, em 2017, foi selecionado para uma mostra coletiva que teve lugar no Kosovo.
A partir desse ano passou a representar a Índia em eventos internacionais de aguarelas que tiveram lugar em países como Israel, Alemanha e Itália. E tanto participava nas exposições como dava workshops, ensinando e tendo aprendizes em vários locais do mundo. Em 2020, o aguarelista estava no México quando se deu a pandemia. ”Fiquei preso naquele país e a minha sorte foi estar alojado na casa de um dos meus alunos”, contou o pintor que teve de ali permanecer um longo período de tempo. Naquelas circunstâncias “aprendi a viver com a incerteza”, disse o artista que passado esse tempo lá começou a reerguer-se a conseguir organizar o seu primeiro workshop com apenas alguns formandos.
Até então os eventos públicos tinham sido cancelados e até um grande projeto da sua companhia de artes, que tinha sido aprovado para a construção de um mural artístico, acabou por ser cancelado.
“Percebi que tinha que recomeçar…. “, disse o artista que esteve no México durante 11 meses. A sua viagem de avião de regresso à Índia “foi cancelada quatro vezes”. O recomeço foi lento mas até a sua anterior empresa de artes veio propor-lhe que fizesse uma nova exposição. “Numa só noite vendi 12 das 25 pinturas que expus. Foi uma verdadeira surpresa!”, contou.
Entre a estada no México e a vinda para Portugal, Rahul ainda passou uma temporada em Florença, vivendo da sua arte.
É também membro do Fabriano InAcquarelo, sendo administrador da Ásia Central. O autor, que mantém fortes relações como comunidades de artistas de países da Europa e da América Latina, foi vencedor de prémios em vários países. As suas obras integram coleções privadas de muitos países como Portugal, Brasil, EUA, Malásia ou Bulgária.
O pintor acabou por escolher visitar as Caldas por esta ser uma Cidade Criativa da UNESCO e de ter feito amigos artistas que o levaram a contactar com espaços como os Silos ou a Provocarte. Foi ainda no espaço AbraçArte, na Mata de Porto Mouro (Santa Catarina) que realizou no ano passado uma mostra individual, antecedida por “Enchanted Gazing”, apresentada na Société Suisse de Lisboa.
Neste momento, nos Silos, Rahul Onkon tem sete estudantes e todos estão a desenvolver o seu estilo de pintura e vêm às suas aulas dois dias por semana.
“Vou começar a dar workshops de aguarela em Lisboa, no espaço da Provocarte”, informou o autor que sente a responsabilidade de viajar. Em breve quer expor e ensinar pintura no Porto. Por agora sente-se bem a viver nas Caldas, localidade à qual se adaptou sem dificuldade.
“Portugal deu-me o céu”, sintetizou o autor que encontrou vários amigos na cidade termal, muitos também artistas. Todos os dias tenta ir ao seu estúdio de pintura nos Silos (fica no quarto andar) e deixa-se encantar em contemplar a natureza do parque D. Carlos I. É um dos seus locais de eleição nas Caldas e que também lhe serve de inspiração para as suas aguarelas. ■