
O Teatro da Rainha e a Câmara Municipal vão avançar para a construção da sede do grupo que irá “fechar” a praça da universidade, onde actualmente se encontram a Escola de Hotelaria e a Universidade Sénior Rainha D. Leonor.
O grupo de teatro tinha um projecto inovador para a sua sede – pensada para aquele mesmo local e da autoria do arquitecto Nuno Lopes – “mas o actual bloqueio que existe no uso do financiamento do QREN fez-nos pensar numa alternativa”, disse José Carlos Faria, um dos responsáveis do grupo caldense.
Com o acordo do presidente da Câmara das Caldas, os actores vão avançar com a construção de um projecto de menores dimensões contando apenas com a comparticipação da Câmara e do próprio grupo.
À autarquia compromete-se em pagar 550 mil euros (50% do anterior projecto) enquanto que o colectivo terá que arranjar maneira de obter 200 mil euros para viabilizar o projecto. Ou seja, um projecto para 750 mil euros, em vez de um “sonho” que custava mais de um milhão de euros.
Esta será “uma sala interessante, mas sem as especificidades de trabalho do projecto anterior”, comentou o actor e encenador do grupo. Comparativamente, o anterior projecto seria uma espécie de “bife com batatas fritas” enquanto este “é pelo menos o pão que precisamos para viver”.
Será um espaço mais despojado, com 14 por 18 metros, enquanto que o projecto inicial tinha 28 por 18 metros. “Aquilo era uma verdadeira máquina teatral”, mas neste caso, o bom foi inimigo do óptimo e a construção da sede acabará por dar ao Teatro da Rainha o indispensável para poder trabalhar.
Segundo José Carlos Faria, o projecto inclui o aproveitamento da inclinação natural da barreira que fecha aquela praça para a construção de um auditório de ar livre.
“Esperamos que a obra possa arrancar ainda este ano”, disse este responsável, acrescentando que espaço irá contar com um grande foyer, serviço de bilheteira, bar e um último andar que se destina à parte administrativa. Numa segunda fase espera-se poder construir a sala de ensaios, só que por agora “cingimo-nos ao que é estritamente imprescindível”.
Até ao mês de Setembro o grupo tem que sair da antiga lavandaria do Centro Hospitalar, já que o Conselho de Administração daquela instituição irá necessitar do espaço para expansão. Assim sendo, e tendo sido levantada a hipótese do Teatro da Rainha transitar para o CCC, o grupo está a negociar com a Câmara as condições de um protocolo de utilização daquele espaço até estar pronto o edifício-sede do grupo.
As condições oferecidas são, segundo José Carlos Faria, “desinteressantes”. A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira afirmou que o protocolo entre a autarquia e este grupo de teatro “está em fase de negociação”.
Crise dita diminuição do elenco
Dois actores que antes pertenciam ao grupo tiveram que sair. O primeiro por não ter sido obtido acordo quanto ao salário e um segundo elemento viu extinguido o seu posto de trabalho. “É uma situação complicada para nós… mas com os cortes que sofremos não conseguimos manter toda a gente”, disse José Carlos Faria.
Os cortes do Ministério da Cultura fora de 23,3% – de 150 mil euros passam a receber 115 mil – e por parte da autarquia caldense a redução foi de 10%, passando de 50 mil para 45 mil euros por ano. “Era para nós incomportável manter o mesmo número de actores”, disse.
José Carlos Faria lamenta a situação tendo em conta que um dos jovens, formado pela ESAD “já trabalhava connosco há cinco anos”. O actor e encenador concluiu que é uma “situação desagradável e constrangedora”. Este ano, a 27 de Março, Dia do Teatro, o Teatro da Rainha vai fazer uma mostra retrospectiva dos 25 + 1 ano do grupo caldense e há uma fotografia de 1987 onde estão retratadas 20 pessoas, das quais 11 são actores ao passo que hoje são apenas 10.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt