Thomas Schittek criou uma academia de cerâmica em Óbidos

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ThomasSituada numa antiga adega, mesmo por baixo do aqueduto, à entrada da vila, a Óbidos Ceramic Academy (OCA) quer ser vista como um “ponto de encontro entre arte, tecnologia e artesanato, um espaço onde se crie, repense, partilhe conhecimento e técnicas cerâmicas”. O artista alemão Thomas Schittek, há vários anos radicado no concelho do Bombarral, é o mentor deste projecto que integra uma forte componente colaborativa e que pretende trabalhar com artistas e crianças das escolas do concelho.
Diariamente passam por aquele espaço muitos dos visitantes e turistas que se deslocam a Óbidos e que assim podem apreciar  o trabalho em azulejo e outros materiais de raízes portuguesas utilizando técnicas modernas e inovadoras.
A OCA foi inaugurada no passado dia 14 de Novembro embora o projecto já esteja a funcionar há três meses com o contributo de seis ceramistas amigos de Thomas Schittek que ali desenvolveram as suas criações e que testaram o seu sucesso.
O resultado deste trabalho está agora à vista com a exposição de coloridos painéis cerâmicos, obeliscos, pirâmides e outras formas.
Thomas Schittek fala da academia como de um projecto de “fascinação”, onde pretende que os artistas, ou pessoas com alguma ligação à arte e à cerâmica (muitos com formação no Cencal e/ou na ESAD) possam ter uma plataforma para desenvolver o seu trabalho e criarem peças novas.
A trabalhar desde o início neste projecto estiveram os escultores Pedro Rodrigues, Samuel e Rute Coelho, a designer cerâmica Sílvia Jácome, a designer gráfica Sol Angélica, a ceramista Teresa Alves e as profissionais das áreas da educação e tecnologias da informação, Ana Dominguez e Daniela Marques, respectivamente.
Parte destes criadores iniciaram-se nestas técnicas de pintura de azulejo em cursos realizados em 2013 no Cencal com Thomas Schittek, concretizando-as agora na Academia com projectos propostos ao público, que poderá adquiri-los naquele espaço. “Temos alguns artistas que podiam fazer um grande currículo na parte de cerâmica e do azulejo, mas que não têm um suporte que lhes permita viver da sua arte”, disse o coordenador da academia, explicando que estes têm que se dividir entre o emprego e o trabalho criativo que ali desenvolvem.
A OCA está aberta diariamente, entre as 10h30 e as 18h00, e cada um dos participantes pode fazer o horário que melhor lhe convier. A taxa de inscrição é de 20 euros e depois as primeiras 20 horas na academia têm um custo de três euros à hora. Este é o período durante o qual os formadores irão dar uma maior atenção e acompanhar a técnica de cada um dos inscritos. “É um trabalho de formação mais direccionada”, explica Thomas Schittek, acrescentando que depois deste tempo, o preço baixa para dois euros por hora.
A academia pretende ainda trabalhar com as crianças das escolas do concelho, seguindo um projecto que o seu coordenador já começou com o jardim-de-infância de A-dos-Negros e que se traduz num grande painel cerâmico desenvolvido em conjunto entre o artista e os alunos daquele estabelecimento de ensino. Agora, a proposta é a criação de uma coluna em azulejos tendo por temática a borboleta e a poesia.
Este trabalho, que Thomas Schittek apelida de “cerâmica ambulante”, inclui a visita dos artistas às escolas, mas também a das crianças à academia.
Outro dos objectivos passa por tentar criar um “grande laço” com o Museu da Cerâmica, nas Caldas, para que possam desenvolver parcerias entre os dois organismos. “Acho que não há muitos outros locais que trabalham o azulejo como nós, pelo que será uma mais-valia para ambas as partes”, acredita o ceramista.
É também na antiga adega, agora convertida em academia de cerâmica, que Thomas Schittek desenvolve o seu trabalho artístico. Actualmente está a desenvolver os primeiros esboços para um projecto para uma das galerias do Reservatório da Patriarcal, situado no subsolo do jardim do Príncipe Real e que integra o Museu da Água. Já em 2012 este artista realizou uma exposição na Mãe d’Água (junto ao Aqueduto das Águas Livres), denominada Colorida Luz.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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