Os Silos receberam, a 10 de Janeiro, a palestra e workshop “Culture Funding Watch – Observatório de Financiamento Cultural”, foi coordenada pela tunisina Ouafa Belgacem. A iniciativa foi do curso de Programação Cultural da ESAD e contou com a participação de 30 pessoas
Ouafa Belgacem, a co-fundadora e directora do “Culture Funding Watch – Observatório de Financiamento Cultural” veio às Caldas da Rainha para partilhar a sua experiência nos Silos. A arqueóloga trabalhava no Egipto em 2000, quando percebeu como era difícil obter financiamento para os projectos culturais. Para melhor compreender a área trabalhou com patrocinadores para perceber como funcionavam os apoios e os investimentos nesta área. “Na época não existia nas universidades formação nesta área”, disse a responsável que, após ter trabalhado para entidades internacionais, se sentiu segura para criar um Observatório de Financiamento Cultural.
“Disponibilizamos uma plataforma internacional, onde os criadores culturais podem encontrar oportunidades de financiamento onde quer que o projecto esteja sediado”, referiu Ouafa Belgacem. A coordenadora explicou que a Culture Funding Watch também presta auxílio no desenvolvimento dos projectos culturais – desde a ideia à execução da proposta, acompanhando inclusivamente a obtenção de financiamento junto dos investidores. Além do mais propõem-se a formar pessoas na área da angariação de fundos. “Também promovemos com regularidade encontros para angariar mais doadores e investidores no sector cultural, que é um dos sectores mais empregadores da actualidade”, referiu a oradora, garantindo que a Culture Funding Watch é autofinanciada e quer “provar que é possível e sustentável”. Segundo a coordenadora é importante dar acesso, aos agentes culturais de todo o mundo, a informação relevante que pode levar ao financiamento de projectos.
“Organizamos em vários países encontros onde os diferentes actores/criadores culturais, patrocinadores e investidores se encontrar e partilham informação relevante”, disse Ouafa Belgacem, explicando que estes encontros funcionam como um speed dating (encontro rápido) e que permite conhecer as intenções de quem cria e de quem financia.
A responsável deu a conhecer que trabalha com empresas incubadas e com “sponsors” institucionais e do sector privado. Há quem patrocine projectos de artistas, músicos, designers, actores, arquitectos, dançarinos, ceramistas e criadores ligados às artes e à imagem. “Por norma os investidores têm mente aberta e não investem apenas numa vertente”, rematou a coordenadora que depois das Caldas viajou até a Alemanha para se reunir num think tank sobre financiar projectos culturais.
Ciclo aberto ao público
A vinda da especialista tunisina fez parte de um ciclo de palestras da disciplina de Direito da Cultura e Financiamento de Projectos da licenciatura de Programação Cultural.
Sílvia Moreira, uma das responsáveis, comentou que Portugal ainda está a iniciar-se nas questões do financiamento aos projectos culturais e, como tal, “é fundamental aprender com estes responsáveis internacionais e assim formar uma comunidade de aprendizagem alargada”, disse a docente, que trabalha com alunos finalistas de Programação Cultural.
A iniciativa já contou com outros convidados como Carlos Martins (programador da Guimarães Capital Europeia da Cultura) e Ana Umbelino, vereadora da Cultura da Câmara de Torres Vedras. Nuno Cadima veio à ESAD falar sobre propriedade intelectual e direitos de autor e Sara Miranda Machado veio dar a conhecer o programa “Europa Criativa 2021-2027”, pois coordena o centro de informação em Portugal.
Segundo Sílvia Moreira estas palestras são abertas ao público e têm lugar às sextas-feiras de manhã na Biblioteca da ESAD. O próximo projecto que será dado a conhecer será o centro de criação artística, o polo cultural Gaivotas Boavista, que está sediado em Lisboa e tem o apoio da autarquia.
Sofia Duarte, da Benedita, é aluna finalista deste curso e participou na organização do ciclo. Na sua opinião, esta iniciativa “foi das maiores surpresas deste semestre”, pois todas as palestras têm sido muito enriquecedoras no que diz respeito ao financiamento para a cultura.