Sandra Roda é artista plástica e “ativista por natureza”. A autora da ilustração da primeira página desta edição especial há muito que luta pela sensibilização ambiental
Sandra Roda licenciou-se há vários anos em Artes Plásticas na ESAD.CR e começou a preocupar-se com as questões ambientais, ainda jovem. Em sua casa, desde cedo que se falava sobre economia de recursos, escassez de água e impactos na produção de alimentos, qualidade de vida e bem-estar animal.
Em 2020 a artista, que é a autora da ilustração da primeira página desta edição, desenvolveu “Ativista por Natureza”, um projeto gráfico de sensibilização ambiental inspirado nos suportes de comunicação, intervenção e contaminação ativista. A autora aposta na reutilização de materiais descartados pela sociedade de consumo, sublinhando desta forma o papel da cidadania ambiental e da participação. “Além do conhecimento, é preciso partir para ação, abraçar causas e lutar por elas, ser-se interventivo, contaminar sem medos das críticas”, referiu a autora que vive nas Caldas e que aposta na execução de cartazes, murais e grafities. Estes são usados como uma forma de ativismo pois as imagens “tem a capacidade de comunicar mensagens complexas de forma simples e direta”, referiu Sandra Roda, destacando que este tipo de mensagens é entendida por diferentes origens e culturas sem necessidade de tradução.Também há vários anos que coordena oficinas onde utiliza a expressão plástica como veículo para refletir sobre o que nos rodeia e o impacto das ações e atividades, como o 24 horas de realidade – Alterações climáticas. Este é apenas um dos projetos que desenvolve com escolas, empresas, associações e entidades locais.
Tem ainda coordenado workshops de ecogravura e conversas sobre Clima – The climate Reality project Portugal.
Além da reutilização de materiais descartados, a autora também “faz” papel à mão, reutiliza lonas publicitárias, reaproveita velhos tecidos ou sobras da indústria.
Até 2015, o seu ativismo foi na luta por adquirir hábitos mais sustentáveis e o apoio à luta “anti tourada”. “É de um antropocentrismo atroz e desadequado à nossa época”, referiu.
Já na década de 1980, a campanha Anti peles da Greenpeace “teve um impacto enorme em mim”, além de ter sido central na sensibilização para os direitos dos animais. Desde 2017 que participa em conferências internacionais que aliam as questões ambientais às artes. “Percebi que podia aliar a ilustração e o design à questão ambiental”, disse a autora em relação ao simpósio Agents in the Anthropocene: Trans/Disciplinary Pratices in Art and Design Education Today, que assistiu nesse ano em Roterdão (Holanda).
E também se deslocou a Berlim por causa do The Climate Reality Project, organização fundada pelo antigo vice presidente norte-americano, Al Gore. E até frequentou a formação sobre Alterações Climáticas que o Prémio Nobel coordenou na capital alemã. “Conheci a equipa em Portugal, formámos grupo e trabalhámos voluntariamente para levar a questão ambiental e o conhecimento científico a mais gente”.
Em 2020, a convite do coordenador nacional, Carlos Fulgêncio, Sandra Roda foi convidada para o cargo de art diretor do grupo, dando continuidade ao seu trabalho artístico-ambiental. Depois concluiu a pós-graduação em Cidadania Ambiental e acontinua a atualizar-se fazendo formações de organizações como a UNESCO. Falar de Ambiente é para esta artista o ponto de partida para chegar a mais temas relacionados com as desigualdades. ■