Uma vida dedicada à cerâmica

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O ceramista possui muitos moldes e as grandes peças são só feitas por encomenda prévia
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Vítor Lopes Henriques dedica a sua vida profissional à cerâmica. Esteve na Expoeste e agora encontra-se no edifício do Caldas Empreende

Começou muito novo a trabalhar na Secla, unidade fabril onde já laborava parte da sua família. “Tinha 14 anos quando entrei e tinha dez familiares a trabalhar na Secla Velha”, conta o ceramista de 78 anos, acrescentando que aos 12 anos já ajudava nos trabalhos de cerâmica em casa, nas Gaeiras. “Somos sete irmãos e só dois é que não eram cerâmicos”, contou este autor, que tem um longo currículo que se confunde com a história da cerâmica das Caldas. Vítor Lopes Henriques continua a produzir peças não só da cerâmica local como também faz grandes bustos como, por exemplo, de Rafael Bordalo Pinheiro. Está atualmente a trabalhar num exemplar que retrata aquele mestre e que foi modelado por Carlos Constantino.
Atualmente está no rés-do-chão do edifício do Caldas Empreende (junto à Infancoop), após ter estado mais de 20 anos a trabalhar num espaço cedido pela autarquia, na Expoeste.
Na Secla começou por ser aprendiz e teve a oportunidade de trabalhar com Herculano Elias, Ferreira da Silva e até com Hansi Stael. Laborou naquela unidade entre 1961 a 1972 e chegou a encarregado de secção, após ter sido formista e moldista. Nesse ano mudou-se para Fábrica Bordalo Pinheiro, após ter ido ao Ultramar. “Ainda fui trabalhar para a Bordalo com fornos a lenha!”, referiu o autor que já tinha experimentado inovação tecnológica na Secla. Após o horário de expediente, Vítor Lopes Henriques também trabalhava para várias oficinas cerâmicas como a do Álvaro Zé, a do Germano ou do Bacalhau. “Nunca tive problemas com os antigos”, contou o cerâmico que recorda que ganhava 100 contos (494 euros) na Secla e foi para a Bordalo ganhar 150 contos (741 euros).
Já nos anos 80 do século passado o formista trabalhou para fábricas como a A. Santos e, posteriormente, foi formador no Cencal, ensinando no curso de Formação para Técnico Industrial de Cerâmica – Madres e Moldes. Por onde passou, seja unidades fabris seja centros de formação, diz que eram locais “que eram como se fosse“família””.
Saiu do Cencal em 1998 e trabalhou no projeto “Olharapos”, um projeto de construção de “bichos” para a Expo’98.
Com quase 40 anos de carreira, aos 55 anos, Vítor Lopes Henriques pediu a pré-reforma sem, contudo, ter intenção de parar de trabalhar, pois continuou a fornecer moldes às fabriquetas caldenses. “Também gosto muito de ensinar”, disse o autor que quer ensinar o que sabe sobre a cerâmica das Caldas. A formação marcou o seu percurso, tendo trabalhado em fábricas de outras zonas do país e ainda no Centro de Formação de Santarém.
Vítor Lopes Henriques também se dedica à cerâmica erótica, faz grandes falos e, aliás, é um dos fundadores da Confraria do Príapo. O ceramista tem milhares de modelos e continua a realizar pássaros, rãs, Zé Povinhos, andorinhas, galos, cavalos, bois, sardões, sardinhas, num sem fim de propostas que podem ser adquiridas, no seu espaço no Caldas Empreende. Apesar de não se ver como autor pois na verdade caracteriza-se como encarregado de secção de moldes e de madres, Vítor Lopes Henriques aprendeu a encher e a “pregar” peças, vendo o que faziam os colegas das diferentes secções. Hoje, na sua oficina, também pinta as suas peças que extrai dos seus moldes. É um dos convidados regulares da Feira Internacional de Artesanato e é comum ir à televisão apresentar o que é a cerâmica caldense, sobretudo, a malandra. ■

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