O artista Vítor Reis, escultor e ceramista, lecciona a disciplina de Laboratório Cerâmico na ESAD. Por causa da pandemia, o docente continuou a lançar desafios aos alunos on-line e enviando por correio os elementos que eram necessários à execução dos trabalhos.
Vítor Reis é um dos artistas locais que lecciona na ESAD. É docente no curso de Design de Produto – Cerâmica e Vidro e coordena a disciplina de Laboratório de Cerâmica. Quando chegou a pandemia, as aulas passaram a ser dadas on-line, o que fez com que tivesse de recorrer à criatividade para poder dar continuidade à disciplina que coordena que possui um forte carácter experimental.
“Investiguei um pouco e propus um desafio aos alunos que permitisse recorrer a materiais que têm nas suas casas”, contou o artista plástico, que tem feito carreira na área da escultura e também se dedica à criação cerâmica. Aos estudantes que estavam nas Caldas fez chegar um envelope com decalques cerâmicos dos anos 1980 e 1990 que foi juntando ao longo do tempo. Aos que vivem longe, enviou-os pelos CTT, tendo pedido que se baseassem neles para fazer composições e narrativas sobre o tema do Retrato. Para dar resposta ao desafio, os alunos teriam que recorrer a um prato em cerâmica como suporte da composição. Depois poderiam recorrer a processos analógicos para completar o trabalho, fazendo recortes dos decalques e usando tesoura e x-acto para concluir a tarefa trabalho.
Este desafio à distância aliou recursos digitais (aulas on-line) e métodos e instrumentos de carácter artesanal. A resposta “foi surpreendente, dado que os alunos corresponderam ao exercício de forma muito positiva”, contou o docente, satisfeito com as respostas criativas, de pratos “humanizados” e que foram conseguidas pelos seus discentes no pico do confinamento e dando largas à sua imaginação. Participaram neste desafio alunos dos cursos de Design de Produto e também de Design Gráfico.
Variações de escala
Este autor, que possui o seu atelier de trabalho na área do Centro de Artes, dedica-se também à criação de peças em cerâmica em pequenas séries, trabalhando actualmente com a Galeria Underdogs, de Lisboa. Vai também participar numa Residência Artística em Leiria designada “Residência de Escultura Villa Portela”, organizada pelo Banco das Artes Galeria.
O caldense, assim como os restantes escultores convidados, vão realizar trabalhos em pedra que serão posteriormente colocados num novo jardim em Leiria. Esta residência artística terá o seu início a 6 de Julho. O autor explicou à Gazeta das Caldas que vai realizar um trabalho que, para além de uma escultura, será em simultâneo um banco de jardim, ou seja, poderá ser usado por quem passear pela nova área verde da capital de distrito.
Este artista caldense, que já participou em simpósios internacionais um pouco por todo o mundo, aprecia criar objectos artísticos tridimensionais e explica que a diferença “está sobretudo na escala”. Na cerâmica fazem-se projectos mais pequenos ao passo que pedra permite-lhe conceber grandes obras.