“Zé Povinho Contemporâneo” mostra novas interpretações de um personagem que é uma marca identitária local

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A Vanity Land apresenta a exposição “Zé Povinho Contemporâneo” que integra interpretações contemporâneas daquela famosa personagem criada há 135 anos por Rafael Bordalo Pinheiro. A mostra abriu a 12 de Junho, precisamente no dia em que se assinalou esta especial efeméride.
“Zé Povinho Contemporâneo”  – que integra trabalhos de João Cabaço, Gonçalo Delaunay, Nuno Bettencourt, Carlos Quitério, João Belga, Luís Favas, Graça Santos e Mariana a Miserável –
faz parte da programação de um projecto designado “Caldas, what a wonderful place” (Caldas, que local maravilhoso!)  e que segundo Zé Eloi, responsável pela Vanity Land, pretende “a união de esforços entre empresários e entidades locais com vista à criação de eventos regulares que criem notícia e que possam atrair visitantes às Caldas”.
Dentro desta ideia, este responsável sugeriu fazer esta exposição tendo convidado artistas contemporâneos ligados às Caldas e à ESAD a imaginar como seria o Zé Povinho dos dias de hoje. A resposta dos autores foi muito positiva, tendo-se este empenhado nas suas obras, o que torna esta exposição numa mostra interessante que merecia tornar-se itinerante depois do mês de Agosto. Até lá vai estar na Vanity Lab, “dando a conhecer aos de fora uma marca que é nossa”, rematou Zé Eloi.
O Zé Povinho só poderia ser do Benfica e tem o símbolo do SLB tatuado. Em vez de cruzar os braços para o Toma, o Zé de hoje levanta o dedo do meio em sinal do grande desconforto que a actual crise lhe provoca. Será este um novo homem, com o corpo tatuado com símbolos como a Amália, o Euro 2004 ou os rostos dos políticos Cavaco Silva e Sócrates? Esta é uma das interpretações do Zé Povinho contemporâneo de João Belga e que prende imediatamente o olhar do visitante que chega à galeria.
Ao lado, numa interpretação de Luís Favas, o Zé está caído. Há uma garrafa a seu lado e um cão que o puxa. Para João Cabaço, Zé está a comer uma fatia de melão. Nuno Bettencourt preferiu não retratar o rosto, deixando-o à imaginação de quem o “vê”. Entre outros trabalhos está o de Mariana a Miserável (nome artístico da autora) onde o Zé, um pouco infantilizado, revela ostensivamente o dedo do  meio, misturando o acto também com o Toma inicial.
“Acho que o tema do Zé Povinho deveria ser mais explorado e que serve muito bem as artes em geral”, disse Nuno Bettencourt, um dos artistas convidados a reinterpretar esta personagem. Este autor, formado na ESAD e a viver nas Caldas, considera que ainda hoje as pessoas se reconhecem nesta figura criada por Bordalo e que por isso “o tema deveria ser muito mais aproveitado cá nas Caldas”. Sugere até que se adeque e dê designação a produtos ou sirva de temas para eventos como, por exemplo, um festival de ilustração.
“Seria uma forma de homenagear Bordalo e de se poder continuar com o seu trabalho de critica e de sátira”, comentou o autor. Nuno Bettencourt felicitou Zé Elói por ter convidado autores contemporâneos para reinterpretar a personagem bordaliana e salientou que a mostra deveria ter um carácter itinerante,
“Zé Povinho Contemporâneo” pode ser vista até 28 de Agosto e é uma exposição-venda. Os preços das obras variam entre os 80 e os 500 euros.