Caldense é a primeira mulher no comando da arbitragem

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Ana Paula Canas já liderava o Conselho de Arbitragem de natação, mas por nomeação. Agora foi eleita para o cargo | Joel Ribeiro
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Ana Paula Canas foi eleita presidente do Conselho Nacional de Arbitragem da Federação de Natação. Dar melhores condições de trabalho aos árbitros da modalidade é a prioridade para o mandato

A caldense Ana Paula Canas tomou posse, a 24 de outubro, para um mandato de quatro anos na presidência do Conselho Nacional de Arbitragem (CNA) da Federação Portuguesa de Natação. Em entrevista, revela as prioridades.

O que significa assumir este cargo?
É, sem dúvida, um grande orgulho para mim, que pertenço à arbitragem desde 1990. É também uma honra trabalhar com o António Silva, o presidente da federação, que é a pessoa mais inteligente que conheço. Muito inovador, é uma pessoa que pensa muito à frente. O Conselho Nacional de Arbitragem é eleito por 28 delegados e tivemos 26 votos, o que foi muito positivo.

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Que funções tem a presidente do CNA?
Há um conjunto grande de responsabilidades. É preciso gerir toda a parte relacionada com a arbitragem das provas, desde as nomeações a cuidar de toda a logística, que é enorme. Numa prova podem estar entre 20 a 30 árbitros e é preciso tratar de transportes, estadias. Aos fins de semana de prova, que são imensos, sinto-me um pouco mãe de 30. Tenho de saber se estão todos bem na prova, controlar os horários, o fardamento. Temos que fazer tudo isso dentro de um orçamento limitado, de 120 mil euros por ano. Também me cabe saber quem cumpre os parâmetros para ser nomeado para internacional, um processo que é difícil de gerir porque todas as associações querem ter árbitros internacionais. Além disso são muitas disciplinas dentro da natação, cada uma com as suas dificuldades. É preciso gerir conflitos, mas uma das minhas características é ser uma pessoa conciliadora.

Quais os planos para este mandato?
Temos muitos. Queremos continuar a uniformizar os processos de formação dos árbitros. Estamos a trabalhar para uniformizar também o equipamento. Já tratámos de viaturas de aluguer para as deslocações dos árbitros, porque deslocavam-se para as provas em viaturas próprias e assim também reduzimos a despesa nas deslocações dos árbitros. Vamos tentar descentralizar as provas, porque as principais são centralizadas em Lisboa, Porto e Coimbra e já temos provas marcadas um pouco por todo o país. Isso dá oportunidades aos árbitros de todas as associações. Por exemplo, nas Caldas da Rainha vamos ter dois nacionais de artística durante os próximos quatro anos, e temos os masters agendado para janeiro. Este ano vamos aumentar a contribuição que damos aos árbitros, de 20 para 25 euros. É um valor muito baixo e não é isso que faz com que queiram passar oito a dez horas numa piscina é o estar lá, pela camaradagem que existe entre a família da arbitragem. É um orgulho enorme ser presidente deles.

O quadro de árbitros da federação é suficiente?
Há um quadro nacional composto por cerca de 120 árbitros e que é suficiente. Começa-se na arbitragem no distrital, para chegar ao quadro nacional é preciso fazer um conjunto de formações. Um dos aspetos que já mudámos foi criar uma uniformização dos conteúdos das formações a nível nacional, que não existia. É muito importante que nos rejamos todos pela mesma bitola de conhecimento, porque não pode haver lugar para a ambiguidade na arbitragem, e, infelizmente, antes isso existia. Os árbitros são quase todos ex-atletas, que vêem na arbitragem uma forma de continuarem ligados a este meio. A nível distrital é preciso fazer algum recrutamento, que vamos fazer. A disciplina em que há mais falta de árbitros é o pólo aquático. Os que temos são suficientes, mas não há renovação.

E ao nível dos internacionais, os árbitros portugueses têm boa reputação?
Acabámos de ter mais dois árbitros internacionais, na natação artística. Temos árbitros internacionais na natação pura, nas águas abertas, na natação artística, na natação adaptada e muitos no pólo aquático. No ano passado foram os mundiais de pólo aquático na Madeira e 80% dos árbitros foram portugueses. Todos os anos organizamos “clinics”, em que trazemos árbitros de topo fazer formações aos nossos e dizem que gostam de cá vir, porque os nossos árbitros aderem em grande número.


Perfil

A ligação de Ana Paula Canas à natação começou pela prática desportiva, foi nadadora de competição nos Pimpões. Na coletividade caldense iniciou-se também como professora de natação, em 1990, e, na mesma altura, a falta de árbitros na associação distrital levou-a a nova experiência.
Na arbitragem teve uma carreira ascensional. Do quadro distrital passou ao nacional, tornou-se juiz-árbitro e, depois, chegou a árbitro internacional de águas abertas.
Esteve oito anos ligada ao conselho distrital de arbitragem e o bom desempenho conduziu ao convite para integrar a Mesa da Assembleia-geral da Federação Portuguesa de Natação, em representação da arbitragem.
O vazio no Conselho Nacional de Arbitragem, em 2017, levou a direção a convidá-la para assumir a presidência daquele órgão, para a qual foi agora eleita.

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