A Comissão Administrativa do Sp. Caldas viu serem chumbadas as contas apresentadas aos sócios. Sem a aprovação, a Câmara não pode apoiar o clube, o que coloca em causa a colectividade
“Com a não aprovação das contas, o clube fica inviável”, alertou António Ferreira, membro da Comissão Administrativa do Sporting das Caldas, na Assembleia Geral Extraordinária de 19 de Fevereiro, após os 21 presentes terem chumbado as contas de 2019, com 12 votos contra, 7 a favor e 2 brancos.
O chumbo não se deveu a erros na contabilidade, mas sim ao facto de os sócios considerarem que aprovar contas nesta altura vai contra os estatutos (além de os exercícios anteriores ainda não terem sido aprovados). Só que sem contas aprovadas em assembleia, a autarquia não pode continuar a apoiar. Foi nesse sentido que foi apresentado o relatório e contas relativo a dois períodos de 2019 (Abril a Setembro, com as contas da direcção demissionária, e Setembro a Dezembro, referentes à comissão administrativa). O primeiro apresentava um resultado positivo de aproximadamente 8 mil euros em Setembro (com um saldo bancário a rondar os 2 mil euros, aos quais acrescem os cerca de 9 mil euros que estão penhorados no processo dos equipamentos da Macron). O clube está a trabalhar com um advogado neste processo e o objectivo é levar a empresa (BLA Sports) à mesa de negociações. Relativamente ao período entre Setembro e Dezembro, este foi finalizado com um balanço de 20 mil euros e um resultado líquido de 1300 euros. “A situação financeira do clube não é grave, mas é preocupante”, assumiu Mário Pedro. O presidente da Comissão acreditava ser possível satisfazer os compromissos até ao final do campeonato se as contas fossem aprovadas. “No passivo há um deferimento de nove mil euros, que corresponde a uma antecipação de receitas de Julho e Agosto de 2019 que tivemos de emitir o respectivo recibo, mas que não tivemos a entrada deste fluxo financeiro neste período”, esclareceu. Antes da votação, Rui Reis disse que o que ali estava a ser feito feria os estatutos (que, segundo o antigo presidente, dizem que as contas devem ser fechadas em Junho) e defendeu a necessidade de eleições. Seguiu-se Francisco Matos, que quis saber se os quatro atletas brasileiros do clube estão com a situação legal regularizada em Portugal e se têm ou não contratos de trabalho. Já Jorge Sousa questionou sobre os salários em atraso. Mário Pedro respondeu que os salários estão em atraso desde Dezembro. “É normal no início do ano e julgo que todas as direcções que estiveram no clube, em Janeiro e Fevereiro passaram por esta situação, não é uma situação extraordinária e é fácil ultrapassar”, referiu. Depois, respondeu para apontar as culpas aos anteriores dirigentes, que não tinham as contas aprovadas e explicou que a necessidade de aprovar estas contas advém do facto de o clube não o ter feito em 2017 e 2018. Relativamente aos atletas, disse que o clube nunca fez tanto na legalização de estrangeiros como este ano e que “os processos continuam activos”, sendo que faltam alguns documentos. Sobre terem ou não contrato de trabalho, disse que “vão ter uma promessa de contrato”.
Entre os sócios presentes, Carlos Custódio salientou que a anterior direcção foi eleita com votos de não sócios e mostrou-se surpreso com o facto de não ter sido feita referência às contas de 2017 e 2018. “Parece que estamos aqui a brincar ao Carnaval!”, exclamou, acrescentando que não considera possível aprovar contas de 2019 sem conhecer as anteriores. Depois disse que tem questionado a comissão administrativa nos últimos meses sobre um apoio da Câmara ao clube e que não obteve resposta. Já após a votação, Mário Lino disse que “em pleno centenário, nós que somos amigos do SCC vamos ser os carrascos do clube”. O mesmo sócio pediu que se salve o clube e que se for necessário sejam investigadas as contas. A assembleia foi suspensa e prossegue a 4 de Março.