Caldense da UAE Team Emirates fez história no ciclismo português e não quer ficar por aqui
João Almeida continua a desbravar caminho no ciclismo português e já tem o nome gravado nos anais da história. No passado domingo terminou a Volta a França no quarto lugar, o segundo melhor resultado de sempre de um ciclista português na mítica prova francesa, classificação que o torna o primeiro ciclista luso a conseguir resultados de top5 nas três grandes voltas (França, Espanha e Itália).
“Foi muito positivo, o meu foco era chegar na melhor forma possível ao Tour. Foram muitos meses de sacrifício, mas é ainda mais especial pela vitória do Tadej [Pogaçar]. É um sentimento muito bom, sinto-me orgulhoso, é uma honra estar ao lado dele”, disse João Almeida na chegada a Portugal, na segunda-feira.
O próprio resultado de João Almeida tem um sabor especial. O quarto lugar no Tour significa que apenas Joaquim Agostinho fez melhor – dois terceiros lugares nos longínquos anos de 1978 e 1979 -, além de fazer dele o voltista nacional com melhor currículo nas grandes voltas. É que, além de ser o único a terminar nos cinco primeiros em Itália, Espanha e, agora, França, o caldense soma um conjunto de resultados de grande relevo e, sobretudo, apresenta uma regularidade difícil de igualar.
Este quarto lugar no Tour 2024 vem juntar-se a terceiro lugar no Giro de 2023, e aos quartos lugares no Giro de 2020 (no qual andou 15 dias em primeiro lugar) e na Vuelta de 2022. Nas sete participações nestas grandes voltas de três semanas, só não foi top10 no Giro de 2022, do qual teve que desistir com um teste positivo à covid-19 numa altura em que era quarto classificado e a subir de forma. Desde que chegou ao pelotão do WorldTour, em 2020, João Almeida terminou 25 corridas por etapas nos 10 primeiros lugares, 12 delas no pódio. Soma ainda 10 vitórias entre etapas e gerais.
“Confirma que sou um voltista, é esse o meu foco. Sinceramente é uma coisa que nem tinha pensado, mas acho que é um bom indicador e, claramente, vou lutar para melhorar ainda mais os resultados”, afirmou. Para ganhar, “qualquer uma das três” estaria bem. “A Volta à França é a principal, mas tenho um sentimento especial pelo Giro, ganhá-lo seria um sonho tornado realidade”, acrescentou.
A prestação do dorsal 21 da UAE Emirates na Volta à França não foi coroada com vitórias em etapas, mas João Almeida sobressaiu como um dos principais suportes de Tadej Pogaçar, o líder da equipa que acabou por vencer a corrida. Mesmo assim, o ciclista de A-dos-Francos colecionou um impressionante conjunto de resultados em etapas, dois quintos lugares, dois sextos, um sétimo e dois oitavos, sempre em etapas de dificuldades.
“Sabia que estava numa forma física bastante boa e seria um dos últimos a ajudar o Tadej [nas etapas de montanha]. O foco sempre foi a vitória dele e conseguimos. Fizemos todos um trabalho excelente e estou muito orgulhoso deste grupo”, comentou.
João Almeida ficou fora dos Jogos Olímpicos, mas disse não guardar rancor pela decisão do selecionador nacional, e até pode ser positivo para encarar o próximo desafio, a Vuelta. “Acho que até é melhor para mim. Quando estamos a correr para a geral estamos no limite físico e mental todos os dias. Vou ficar em casa a preparar a Volta a Espanha e Portugal está muito bem representado, vou estar a ver na televisão a desejar o melhor para eles”, disse.
A prova espanhola tem como aliciante começar em Portugal e passar justamente no Oeste, Caldas da Rainha incluída. João Almeida disse que, não fosse essa passagem, não estaria na prova, mas, estando, o objetivo é alto. “Chegar com frescura física é o mais importante, é uma prova longa, tudo é possível”, começou por dizer. Esperar o pódio? “É uma tarefa bastante difícil, mas muita coisa pode acontecer, vou dar o meu melhor e estou confiante”, rematou. ■