Futebol: Caldas mostra abertura para constituir uma SAD

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Jorge Santos, sócio da KPMG Portugal, apresentou aos sócios do Caldas alguns cenários para entrada de capital no clube
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Clube apresentou prejuízos de 258 mil euros na última época e acumula mais de 600 mil nas últimas três. Representante da KPMG apresentou cenários

A Assembleia-geral do Caldas aprovou, no passado dia 5 de dezembro, as contas do clube com um resultado líquido negativo de 258 mil euros relativo ao exercício da temporada 2022/23. O clube acumula cerca de 630 mil euros nas últimas temporadas e reentrou numa situação contabilística de falência técnica o que levantou vários alertas na assembleia. A situação financeira do clube preocupa, até porque a previsão de resultados para a época corrente está novamente no vermelho, em 64 mil euros, mas num cenário em que o clube terá que reforçar as receitas em 100 mil em relação ao exercício anterior.
O resultado do exercício fiscal de 2022/23 no Caldas reflete um aumento de custos na ordem dos 360 mil euros, que não foi acompanhado pela receita. O clube teve gastos acima de 1 milhão de euros, com as principais rubricas que refletem a atividade do clube, os gastos com o pessoal e os fornecimentos externos totalizaram 1,1 milhões de euros, com os salários a representarem cerca de 370 mil euros e os fornecimentos externos a ascenderem a 720 mil euros. Nestes estão incluídos os gastos extra com os trabalhos necessários para a receção ao Benfica para a Taça de Portugal, substituição do relvado incluído, que tiveram “apoio muito significativo do município”, sublinhou Eurico Barreto, contabilista do clube.
O resultado fez com que o clube passasse a ter capitais próprios negativos (a diferença entre o valor dos ativos do clube e o passivo), na ordem dos 75 mil euros.
Jorge Reis, presidente do clube, lembrou que a direção já vinha nas últimas assembleias a alertar os sócios das dificuldades que o clube teria, a nível financeiro, para manter o patamar competitivo que atingiu. “Neste momento o Caldas paga mais ao Estado do que os valores que recebe do mesmo para promover um direito constitucional, que compete ao próprio Estado”, disse, acrescentando que despesas como a manutenção do relvado, o policiamento e segurança nos jogos e as deslocações das diversas equipas “ultrapassam mais do dobro o valor do contrato-programa saudado com o município, quando vemos adversários nossos receber quatro ou cinco vezes mais”. Jorge Reis acrescentou que “está na hora de, em conjunto, tentarmos encontrar soluções para o futuro”.
Presente na assembleia “como o sócio 303” do clube, o presidente da Câmara, Vítor Marques, registou que o município tem vindo a auxiliar o clube além das verbas do contrato-programa, com um valor de 680 mil euros só nas últimas duas temporadas, que sobe a 1,2 milhões nas últimas quatro. Vítor Marques adiantou que não vê “mais abertura [do município] do que esta, que é generosa, vejam o peso que tem no orçamento” e concordou que o clube deve fazer uma reflexão daquilo que deve ser o seu futuro, “se temos dinheiro para estar neste nível”, ou se é necessário encontrar “outros caminhos”.
Caminhos esses que podem passar pela constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), através de investimento de privados para a profissionalização do futebol do clube.
A direção do Caldas levou à AG Jorge Santos, sócio da KPMG em Portugal – empresa que atua no ramo da consultoria, auditoria e fiscalidade que atua também no apoio ao investimento em sociedades desportivas.
O clube foi identificado como interessante para projetos de investimento num estudo ao futebol português que a empresa conduziu a pedido de congéneres internacionais. Desde o verão a KPMG tem estado em contacto com a direção do clube e, desta, resultou esta primeira abordagem aos sócios, com apresentação dos vários tipos de projeto, o que o clube poderá manter e ceder à SAD no seu futebol e instalações, e respondeu às dúvidas dos sócios.
Após esta primeira abordagem, a empresa deverá procurar interessados em investir no clube. Os possíveis projetos que daí possam resultar terão, então, que ser apresentados e votados em AG pelos sócios em momentos diferentes.
Recorde-se que o Caldas terá ainda esta época eleições para os corpos gerentes, agendadas para o próximo mês de março. ■

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