A direcção do Sporting Clube das Caldas disse à Gazeta das Caldas que a ida ao mercado brasileiro para formar plantel tem como principal objectivo reduzir a folha orçamental da equipa sénior para a próxima temporada. O plantel sénior vai ser composto por 14 jogadores (12 dos quais já anunciados na edição de 11 de Agosto da Gazeta), dos quais seis são brasileiros.
Joel Ribeiro
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Diogo Guia e Mário Pedro, directores que têm a seu cargo a equipa principal de voleibol do clube, explicam que os objectivos desportivos não serão diferentes das últimas épocas. Isto significa que o clube tem como objectivo primário a manutenção na I Divisão, de preferência integrando o lote dos oito primeiros classificados, que garantem essa permanência logo na primeira fase.
O que difere de outras temporadas é a política financeira. “O clube está numa situação delicada, que obriga a que haja contenção de despesas e é nesse sentido que surgem os jogadores brasileiros”, explica Diogo Guia.
Essa não era, porém, a ideia inicial dos dirigentes do clube que está prestes a tornar-se centenário.
“Assumimos a direcção em Abril e já era tarde para construir o plantel, porque muitos dos jogadores já tinham acordos assinados e os que estavam disponíveis eram caros”, realçam os dirigentes, acrescentando que, antes de avançar para o mercado brasileiro, foram contactados “mais de 70 jogadores”.
Essas dificuldades, aliadas ao conhecimento do mercado brasileiro do dirigente Mário Pedro, levaram a uma mudança na política de contratações. “O facto de irmos buscar jogadores ao Brasil não significa que temos muito dinheiro para gastar, pelo contrário. É um mercado com muitos jogadores, com muita qualidade, mas que são financeiramente mais acessíveis que os jogadores portugueses de referência”, explicam os dirigentes. E acrescentam. “Há um custo inicial mais elevado”, devido aos custos de inscrição de atletas estrangeiros. Mas a poupança que existe nos ordenados em relação aos jogadores portugueses “torna o jogador brasileiro mais barato no final da época”.
CUMPRIR O ORÇAMENTO
Mário Pedro concretiza mesmo a ideia: “Se ficássemos pelos jogadores nacionais, excedíamos em 25% o orçamento que tínhamos definido. Assim conseguimos ficar ligeiramente abaixo e dar opções ao treinador”.
Aos 12 jogadores que já estão garantidos irão juntar-se mais dois até ao início da época. Um deles já tem acordo firmado e será mais um atleta oriundo do Brasil, mas que só chegará mais perto do início da época uma vez que ainda tem ligação contratual com outro clube.
Esta abordagem ao mercado permitiu dar ao técnico Frederico Casimiro mais opções. “Na época passada havia uma boa base, mas faltava banco, este ano contamos ter duas válidas alternativas para cada posição, jogadores com características diferentes que permitam responder às necessidades de cada jogo”, realçam.
Mário Pedro e Diogo Guia referem que nenhum jogador que vem para o Sp. Caldas vem para ser profissional de voleibol, todos têm uma ocupação extra jogo, que pode ser dentro do clube, ou fora. O clube tem, inclusivamente, algumas parcerias com empresas que garantem emprego a jogadores do clube.
Os dirigentes não quiseram adiantar qual o orçamento da equipa sénior para a próxima temporada, mas garantem que será “claramente inferior ao da época passada”, até porque não existirão despesas extra como a participação em competições europeias.
Além de actuar na despesa, a direcção quer também fazê-lo na receita. “O clube não tem receita própria, vive de patrocínios e do contrato programa com a Câmara das Caldas, pelo que estamos a procurar novos parceiros”, refere Diogo Guia. “O clube está prestes a tornar-se centenário, não queremos comprometer os objectivos desportivos, mas também não podemos colocar o clube em risco financeiramente”, observam os dirigentes.
Os trabalhos da equipa começarão na última semana de Agosto. Antes o clube irá realizar o seu Torneio das Termas, como tem confirmadas as presenças do Esmoriz, do Sporting e do Urbia Palma (semi-finalista da Superliga espanhola). O clube fará também a apresentação do Sporting a 13 de Outubro, no Troféu Stromp.
(RE)APOSTAR NA FORMAÇÃO
A necessidade de contratar jogadores para a equipa principal é também consequência do desinvestimento do clube na formação. O regresso do Sp. Caldas à I Divisão foi assente em jogadores formados no clube, mas nos últimos anos os escalões jovens deixaram de alimentar a equipa de forma constante. De tal modo que, do actual grupo de 12 jogadores, apenas um foi formado no Sp. Caldas.
Mário Pedro e Diogo Guia afirmam que é vontade do actual executivo inverter esta tendência. No entanto, este é um trabalho que tem que ser feito de base e, como tal, demorará muitos tempo a reflectir-se na equipa principal.
Nesta fase estão já a ser criadas iniciativas com as escolas. Mário Pedro refere que há 500 crianças inscritas nos circuitos de gira-vólei a nível regional através das escolas, o que é um dado interessante. O clube tem agora que ter capacidade para os direcionar para os escalões jovens do clube.
“Queremos ter uma formação de qualidade e voltar a alimentar a equipa sénior, mas esse é um processo que vai demorar anos”, reforça Mário Pedro.
Aposta já para esta época será uma equipa sénior feminina, que o clube quer colocar em competição, estando aberto a possíveis atletas interessadas .