A semana do Zé Povinho

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Não vai sendo raro, nos tempos que correm, a vinda de um ministro da República às Caldas da Rainha, coisa que Zé Povinho gosta de assinalar. Neste caso foi a visita à Escola de Sargentos do Exército, do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.
O governante esteve nas Caldas no dia 5 de Junho para presidir às cerimónias do juramento de bandeira de 27 militares, coincidindo com o 38º aniversário da Escola de Sargentos do Exército. Esta foi a primeira visita oficial que o ministro da Defesa fez às Caldas da Rainha e à ESE, mas não foi a primeira vez que esteve na cidade e naquele quartel. Há 30 anos, o então jovem João Gomes Cravinho, com 25 anos, ali cumpriu nove meses de tropa, com o posto de Aspirante a Oficial Miliciano, tendo durante aquele período dado aulas de inglês aos militares do curso de Sargentos.
Foi precisamente isso que o governante recordou na sua vinda às Caldas na semana passada. “Tenho enorme apreço pela ESE e pela cidade das Caldas da Rainha, das quais guardo memórias de muito carinho”, disse João Gomes Cravinho no seu discurso às f

orças em parada.
À Gazeta das Caldas haveria de recordar a sua vivência na cidade e as visitas a Óbidos e à Foz do Arelho com outros camaradas milicianos, tendo notado que a cidade evoluiu muito. E, apesar de ser membro do Governo, teve a hombridade de frisar que a linha do Oeste essa, coitada, está praticamente igual à dos seus tempos de juventude pois não sofreu qualquer investimento para a sua modernização.
Zé Povinho, que tem acompanhado o percurso deste diplomata e político (já foi secretário de Estado por duas vezes), cumprimenta respeitosamente o senhor ministro da Defesa e dá-lhe as boas vindas a mais visitas às Caldas da Rainha.

 

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Depois de Zeinal Braval, Henrique Granadeiro, Ricardo Salgado e outros, foi agora a vez de Vítor Constâncio vir ao Parlamento dizer a uma comissão parlamentar que também não sabia e não se lembrava de nada acerca de operações bancárias que ocorreram no regabofe financeiro da primeira década deste século quando era governador do Banco de Portugal.
Nessa altura, e supostamente sobre a sua supervisão o regulador bancário português, autorizou que a Caixa Geral de Depósitos emprestasse 350 milhões de euros a Joe Berardo para este tomar posição (comprar acções) no BCP, na altura a braços com uma guerra de poderes entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto.
O empréstimo seria concedido sem quaisquer garantias reais.
O resto da história é conhecida e ainda hoje os contribuintes portugueses andam a pagar a factura desse e de outros desmandos dos banqueiros.
Na procura de responsáveis ou de culpados, diversas pessoas têm sido ouvidas no Parlamento, mas em comum têm essa amnésia que os fez esquecer os seus actos durante aqueles anos de irresponsabilidade. Vítor Constâncio foi um deles, mas documentação revelada recentemente mostra que o então governador teria de ter conhecimento daquela operação. Este nega, mas os deputados querem ouvi-lo de novo na Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização e Gestão da CGD para esclarecer todas as dúvidas.
Vítor Constâncio está, assim, no meio do furacão. Na sua área política – o PS – há quem o defenda (Francisco Assis diz que ele é um “homem impoluto e superior”) e o acuse (Ana Gomes diz que Vítor Constâncio “perdeu toda a credibilidade”), mas em

todos os outros partidos levantou-se um coro de críticas sobre a sua alegada falta de memória (ou de vergonha).
Zé Povinho, que tem boa memória, recorda-se dos erros de supervisão do Banco de Portugal que, no seu mandato, permitiram os casos escabrosos do BPN, BCP e BPP, que custaram milhões de euros aos contribuintes. Por isso lamenta que o Dr. Vítor Constâncio não tenha ideias mais claras sobre o seu passado e a sua actuação.

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