Tinta militar em tempo de campanha

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A corrida para branquear as Caldas da Rainha está ao rubro. Primeiro foi o secretário-geral do PS, António José Seguro, que veio simbolicamente passar tinta branca em cima de uns tags no centro da cidade. Agora é o exército que entra pela campanha dentro e pinta de branco uma intervenção artística de writters caldenses. Para os branqueadores políticos, as questões estéticas não parecem relevantes. Não será importante distinguir arte urbana de sujidade. O efeito fácil nas eleições conta mais.

Em tempo eleitoral, o envolvimento dos militares nesta operação levanta perguntas a que urge responder: quem pediu esta intervenção (a Câmara, a Junta)? Porque foi feita somente nesta altura em vésperas de umas eleições autárquicas em que a questão dos graffitis tem sido central? É uma intervenção localizada ou doravante a limpeza da cidade vai ser assegurada pelo exército?

Já outros soltam a sua veia persecutória à espera de lhes caírem no regaço os votos de quem se sente mal com tantos tags agressivos no centro da cidade: Manuel Isaac,

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candidato do CDS, promete na sua página de campanha no facebook a “exclusão total” dos “vândalos”.

É preciso resistir aos discursos eleitoralistas da agressividade ordeira e à tentação cosmética. Não basta branquear os problemas sociais ou maquilhar o abandono do espaço público. São necessárias intervenções de fundo na malha urbana e no tecido social. A escolha destas eleições é também entre a coragem desta intervenção e a política branqueadora.

Carlos Carujo

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1 COMENTÁRIO

  1. Tenho de concordar com o sr Manuel Issac. Eu até gosto de arte urbana, mas não pode ser feita onde apetece a quem a faz. A arte urbana tem de ser feita com ordem!