O Caldas fez um exercício de ataque contínuo, mas precisou de muito trabalho e paciência para derrotar uma equipa que se soube defender com grande galhardia. A vitória garantiu a manutenção.
Na viagem a Mação o objectivo era fechar as contas da manutenção para poder desfrutar o derby do Oeste com o Torreense sem pressão competitiva.
A equipa inicial passava uma mensagem clara para dentro do campo: atacar, atacar e atacar. Se o esquema escolhido foi o mais habitual, os jogadores escolhidos davam esse claro sinal, com Farinha a actuar na esquerda como falso lateral, Ednilson e Bernardo bem abertos nas extremas, mas com muita mobilidade em movimentos interiores para aumentar a presença na área, onde já estavam Hugo Neto e Rafael Silveira. Um quarteto que ofensivo que projectava um futebol com grande verticalidade.
A equipa do distrito de Santarém, apesar de já despromovida, é que não ia facilitar. Registe-se, de resto, a forma como os jogadores batalharam em busca de um resultado positivo. A equipa de amarelo e grená, ao contrário do Caldas, era montada claramente para travar o ímpeto ofensivo dos alvinegros, com duas linhas de quatro muito juntas e recuadas a tentar tapar todos os espaços ao ataque do Caldas.
Mesmo assim, os alvinegros foram conseguindo furar, sobretudo pelo flanco esquerdo. Bernardo e Hugo Neto deram muito cedo o mote e a equipa até acabou por abusar um pouco do jogo por esse corredor que se mostrava mais permeável, mas depois quando a bola chegava à zona de finalização, surgia uma perna de amarelo a fazer o corte, o a finalização não acertava na baliza.
Do outro lado do campo, Luís Paulo era pouco mais do que um espectador. Com o Mação tão recuado, as tímidas tentativas de contra-ataque eram anuladas antes de poderem criar perigo. Só num canto o Mação conseguiu fazer um remate, o lateral Bruno Araújo levantou demasiado a bola.
A segunda parte não trazia grandes mudanças no jogo. O futebol do Caldas era um exercício contínuo de ataque. O Caldas dominava amplamente o jogo, com o meio campo e a defesa subidos a recuperarem rapidamente a posse de bola para lançar ataques pelos corredores laterais e pelo meio. As oportunidades surgiam, mas a bola parecia ter vontade própria e não queria entrar. Hugo Neto surgiu duas vezes na cara do golo. Na primeira o remate não saiu e o experiente Faia não deixou Rafael Silveira marcar. Depois foi Francisco Sousa, que já tinha impedido golo a Ednilson que entrava rápido na área pela esquerda, fez uma incrível defesa de recurso com a ponta do pé.
À hora de jogo José Vala trocou Rafael Silveira por Leandro, alteração que deu maior liberdade a Hugo Neto na área e maior apoio na última fase de construção ao jogo do Caldas. Depois entrou Nuno Januário para o lugar de Ednilson, com o camisola 10 a ir também mais para o corredor central, promovendo a subida de Farinha no campo. Era a aposta total do Caldas e quatro minutos depois a bola entrava. Uma variação de flanco incrível de Simões lançou Juvenal na direita e o lateral assistiu Hugo Neto, que com tempo e espaço fez o golo da vitória.
MELHOR DO CALDAS
HUGO NETO 3
Contra uma defensiva extremamente fechada, foi o que melhor conseguiu criar e encontrar espaços de finalização. Viu Francisco Sousa negar-lhe os festejos várias vezes, mas não perdeu o foco e quando Juvenal o colocou numa situação de finalização ideal, atirou a contar e descansou os alvinegros para a última jornada.
HUGO NETO, JOGADOR DO CALDAS
Grande clube
Satisfeito pelo golo mas muito mais porque conseguimos a nosso objetivo que era a manutenção. Não foi um jogo fácil, na primeira parte controlámos, mas faltou-nos eficácia. Na segunda parte continuámos a controlar e, felizmente, conseguimos fazer o golo. Vim para ajudar o Caldas e ainda bem que consegui, é sem dúvida um grande clube, as pessoas não fazem ideia disso. É com muito orgulho que digo que joguei no Caldas e só o futuro dirá se continuo ou não. Foi azar ter feito aquele hat-trick e depois lesionar-me, mas são coisas que acontecem e temos que dar a volta por cima. Felizmente regressei, voltei a marcar e a ajudar a equipa.
GONÇALO PENAS, TR-ADJUNTO DO CALDAS
Tensão liberta
Queríamos a vitória para arrumar a questão da manutenção e espreitar lugares mais acima, porque o grupo merece, o lugar onde estávamos não é condizente com o valor da nossa equipa. O Mação jogou muito fechado, procurámos os espaços entre linhas, os corredores, mas não estava fácil criar muitas oportunidades. Mesmo assim criámos muito mais do que o adversário e o resultado não estava em questão. Foi um acumular de tensão enorme nas últimas jornadas que hoje terminou, a equipa vai poder desfrutar e jogar mais leve o derby do Oeste.
RUI GAIVOTO, TREINADOR DO MAÇÃO
Mais Caldas
Foi o jogo interessante de seguir apesar de já ter descido o Mação não abdica do seu propósito e gosta de disputar o jogo. O Caldas acabou por ganhar bem, construiu mais oportunidades, esteve mais por cima durante todo o jogo e está de parabéns.
Estádio Agostinho Pereira Carreira, Mação
Árbitro: João Bernardo, AF Setúbal
Assistentes: David Carreira e Luís Pinhal
MAÇÃO 0
Francisco Sousa; Simão Moreno (Miguel Quiame 67’), Bernardo Bento, Gonçalo Lelé e Bruno Araújo; Rodrigo Ribeiro (Jean Pereira 45’), Filipe Faia, Luís Esteves e Bruno Lemos; João Marchão e Tiago Vieira
Não utilizados: Alexandre Marques, Carlos Gaspar, Glady Mpia
Treinador: Rui Gaivoto
CALDAS 1
Luís Paulo [2]; Juvenal [3], Militão [3], Rui Almeida [3] (C) e Farinha [3]; Paulo Inácio [3] e Simões [3]; Ednilson [3] (Januário [2] 69’), Hugo Neto [3] e Bernardo Rodrigues [3] (Marcelo [1] 83’), Rafael Silveira [3] (Leandro [2] 61’)
Não utilizados: Guilherme Querido, Gaio, Passos, Cascão
Treinador: José Vala
Ao intervalo. 0-0
Marcador: Hugo Neto (73’)