A Mercearia Pena está a celebrar os seus 110 anos. Para assinalar a data há uma nova estratégia que o responsável Rui da Bernarda vai implementar ao longo de todo o ano. Alguns dos produtos mais vendidos da mercearia passarão agora a ser distribuídos por todo o país e também vendidos para o estrangeiro. Também passará a vender online com entregas em casa. Ao todo, o empresário investiu 50 mil euros nestas novas medidas voltadas para a exportação e expansão do negócio e prevê aumentar em 10% os postos de trabalho.
“Neste momento urge repensar tudo”, disse Rui da Bernarda, empresário responsável pela empresa desde 1997 (ver caixa). O facto do espaço já ter notoriedade e estar no coração das Caldas, faz com que tenha várias gerações de clientes. “Alguns vêm à mercearia há mais de 70 anos!”, comentou o proprietário.
Um dos seus produtos mais conhecidos é o Café d’ Avó. Atento ao mercado e às mudanças no consumo, Rui da Bernarda apostou numa nova imagem e embalagem para o produto. O novo pacote está escrito em três línguas – português, inglês e francês – algo essencial para a próxima aposta na exportação. “Já temos contactos para vender nos Açores e Madeira, nos EUA e em França”, referiu o responsável, formado em Gestão de Marketing e do Retalho. Rui da Bernarda explicou que o Café d’ Avó já viaja por todo o mundo, através do mercado da saudade. Agora o empresário quer fazer com que o café possa estar ao pé destes clientes com uma nova embalagem: hermética, com fecho zip e código de barras.
“Pretendemos também melhorar a nossa cobertura regional e nacional”, disse o proprietário que quer marcar presença nas melhores lojas a nível nacional. O Café d’Avó quer chegar aos turistas “até porque se trata de um sabor caracteristicamente português”.
Desde 9 de Fevereiro, dia em que foi lançada a nova imagem do produto, que começaram a exportar para os EUA e para França. Pensando no café expresso, a mercearia criou três lotes: Pena, Centenário e Bordalo, que se destinam para uso exclusivo de máquinas expressos e que estão voltados para as áreas da hotelaria e da restauração. Rui da Bernarda ainda pensou em avançar para as cápsulas, mas crê que a prazo este tipo de negócio será descontinuado. “Todos os fabricantes estão a variar para as pastilhas, o que creio que será a próxima tendência”, afirmou.
No futuro, o empresário gostaria de vender café aos seus clientes e que sejam estes a trazer as suas próprias embalagens numa acção de sustentabilidade ambiental. “Creio que é esse o futuro pois há muitas lojas dos vários países nórdicos que já trabalham assim”, disse.
Rui da Bernarda lançou ainda o desafio à própria cidade que deveria pensar em conjunto numa forma de eliminar o plástico e os resíduos o mais possível. “Deveríamos fazer isso em todos o sectores”, disse o empresário, deixando a sugestão ao poder local. “Podia estar aqui uma ideia para as Caldas estar na vanguarda de uma nova moda”, acrescentou o empresário que quer celebrar os 110 anos durante todo o ano. Ao todo, investiu 50 mil euros nesta fase de implementação de medidas que envolvem a expansão e exportação de vários produtos da empresa.
Para além dos lotes, a Mercearia também trabalha com origens do café. Awake, assim se designa o negócio de venda de café no site da Mercearia e que é posteriormente enviado ao cliente. “É um negócio que funciona por subscrição”, disse Rui da Bernarda, comentando que este precisa de muito investimento. De qualquer modo, já fizeram clientes de revenda para a Alemanha. De uma publicidade que fizeram para os Países Baixos ganharam um cliente holandês… mas que vive em Aveiro e que passou a receber café enviado pela Mercearia Pena.
Celebrações ao longo do ano
O investimento feito em relação ao café foi o pontapé de saída dos 110 anos que, segundo Rui da Bernarda, serão celebrados ao longo de todo o ano com iniciativas mensais e semanais, como demonstrações e degustações dos produtos.
“Vamos também apostar numa força de vendas que faça a distribuição dos produtos por todo o país”, disse, acrescentando que além dos comerciais, apostam agora também numa página na internet com vendas on-line e entregas ao consumidor.
Além do café, há compotas (de pera rocha, de abobora e de abobora com noz) e bolos secos como as cavacas, suspiros, broas de mel e beijinhos e sal que já têm a marca própria Pena. Outro best-seller são os lagartos, com os quais Rui da Bernarda quer reforçar a cobertura nacional e a exportação.
A Mercearia Pena vende vários produtos da região, mas em breve vai querer avançar também para a área dos licores e conserva. “Queremos associar o nome Pena à Estremadura e mostrar o melhor que se faz nesta região”, disse o empresário, que emprega 10 pessoas.
“Estou a preparar tudo para receber os turistas”, comentou o empresário que também vende queijos, vinhos e enchidos de todo o país. Por isso afirma que também pretende trabalhar para os estrangeiros que nos visitam dado “que aqui tenho produtos autênticos que eles procuram”.
Uma mercearia do tempos dos reis
A Mercearia Pena foi fundada antes de ter sido implantada a República. “O seu início é do tempo dos reis”, disse Rui da Bernarda, empresário responsável pela empresa desde 1997, numa altura em que a larga maioria das mercearias estava a fechar. Em 1998 abriu o Pingo Doce das Caldas e “assistiu-se ao desaparecimento também dos pequenos supermercados”, comentou o responsável pela mercearia que assistiu também à entrada das grandes superfícies em áreas como a dos eletrodomésticos, papelaria ou roupa. Rui da Bernarda entende que o que aconteceu às mercearias “está agora a acontecer a outras áreas do comércio”. Na sua opinião, as grandes superfícies criaram uma muralha à volta das cidade e como tal, as novas gerações optam por aqueles espaços.
“Pensámos em 1997 que ou mudávamos a forma de negócio ou iriamos fracassar”, disse o empresário que passou a comunicar directamente às novas gerações de clientes pois os antigos continuam a vir. Há, por exemplo, muitas matanças de porcos por todo o concelho e a mercearia “continua a ser o local onde se compra a matéria-prima que é necessária”.
Para além deste negócio, o empresário possui os Capristanos, o café da Rodoviária onde são vendidos vários produtos da mercearia. No restaurante Afinidades, de que é sócio, também são consumidos vários produtos Pena tais como o café. Nos vários negócios, Rui da Bernarda já emprega 30 pessoas. Além da restauração e da mercearia soma ainda a casa de jogos A Pérola.
Com as medidas que quer implementar nos 110 anos da Mercearia Pena, Ruida Bernarda quer aumentar o número de funcionários em 10%.