A abertura da base área de Monte Real ao tráfego civil está pendente de uma alteração legislativa que permita a entrada de um grupo brasileiro na sua exploração a troco de uma concessão de 30 anos. Por isso, cerca de 300 autarcas, políticos e empresários da região Centro e do Oeste assinaram no passado dia 30 de Abril uma declaração na qual pedem a abertura parcial do sector aeroportuário a fim de que aquela infra-estrutura possa ter utilização servindo uma região com 1,5 milhões de pessoas. Um desejo manifestado por representantes de todos os partidos políticos.

Durante um jantar-debate que se realizou num hotel de Monte Real, Manuel Queiró, líder do Fórum Centro Portugal (entidade criada com o objectivo de abrir a base aérea daquela localidade ao tráfego civil) disse que “as decisões de planeamento regional (ou de falta dele) têm penalizado a região Centro pois o TGV que estava previsto migrou para o Alentejo, o aeroporto [da Ota] também migrou para o sul do Tejo e entre Vilar Formoso e Elvas continua a não haver nenhuma saída rápida para Espanha [e Europa], pelo que resta-nos a hipótese do aeroporto, que já existe, e não deve ser desaproveitado”.
O facto daquela infra-estrutura ser militar não é obstáculo porque só em Espanha há sete aeroportos que são mistos (militares e civis), para não falar do próprio caso das Lages (Açores) e de aeroportos como o de Frankfurt que também é militar.
Mostrando um mapa que compara a densa rede de aeroportos regionais em Espanha com o “deserto” português e um outro onde se vêem infra-estruturas deste tipo espalhadas por toda a Europa, Manuel Queiró disse que “os aeroportos de proximidade não são nenhuma doença, fazem parte da política europeia de mobilidade” e que quem diz que “todos querem o seu aeroportozinho ao pé de casa” não tem razão porque nós temos que ir de véspera apanhar o avião” a Lisboa ou ao Porto.
Sem questionar o aeroporto de Beja, recentemente aberto ao tráfego civil com, por enquanto, um único voo, disse que “não tenho nada contra o Alentejo ter o seu aeroporto, só não se compreende que não haja outro onde a procura é dez vez maior”.
Durante o jantar foi revelado o teor de uma conversa entre representantes do Fórum e José Sócrates, em Julho do ano passado, em que este comentou “mas eu já tenho o problema de Beja e vocês ainda me querem arranjar outro?”, tendo acabado por prometer que se houvesse iniciativa privada, daria o seu aval ao projecto de Monte Real.
“Nós levamos isso a sério e saímos da reunião entusiasmados”, contou. Mas agora que há um grupo brasileiro interessado em investir 200 milhões de euros para explorar aquele aeroporto, existe um decreto lei que prepara a privatização da ANA transformando o seu futuro proprietário num monopólio privado.
E foi para forçar uma alteração legislativa que contemple essa possibilidade após as eleições de 5 de Junho que foi assinada a Declaração de Monte Real (ver caixa) que contou, entre outros políticos, com o acordo de Basílio Horta, cabeça de lista do PS pelo distrito de Leiria.
Para a maioria dos presentes o impasse em torno de Alcochete, que dada a situação financeira do país, poderá ver o aeroporto adiado durante muitos anos ou até nem se construir, é uma janela de oportunidade para Monte Real, que está inserido numa zona onde 1,5 milhões de pessoas estão a pouco mais de meia hora daquele aeroporto.
Nos diversos discursos, que incluíram os presidentes de Câmara de Figueira da Foz, Coimbra, Caldas da Rainha e Leiria, foi sublinhado que a área de influência deste aeroporto abrange 1,5 milhões de pessoas que estão a pouco mais de meia hora desta infra-estrutura.
Declaração de Monte Real
Considerando que o transporte aéreo internacional tem hoje um papel crescente e insubstituível no desenvolvimento turístico e económico das áreas territoriais que a ele têm acesso.
Considerando que o exercício em exclusivo da actividade aeroportuária por uma só entidade pressupõe o seu entendimento como um serviço público orientado para a satisfação das necessidades de toda a população portuguesa.
Considerando que é lícito depreender das crescentes manifestações públicas sobre esta matéria que essa satisfação não se encontra correctamente preenchida no Centro do Continente português, cujos interesses económicos e sociais requerem a utilização aeroportuária das instalações da Base Aérea de Monte Real pelo tráfego civil.
Os autarcas, empresários, responsáveis pelo turismo e cidadãos reunidos no Hotel das Termas em Monte Real a 30 de Abril de 2011 decidem tornar pública a sua concordância nos seguintes pontos:
1 – O monopólio do sector aeroportuário exercido por uma empresa pública só encontra justificação enquanto for útil para a manutenção dos fins públicos da sua actividade.
2 – A eventual privatização da empresa pública que exerce a actividade aeroportuária deve permitir a abertura parcial deste sector, evitando colocar as decisões de arranque e exploração de novas soluções aeroportuárias, concorrenciais com as que são actualmente geridas por essa empresa, em mãos que não estão vocacionadas para a defesa do interesse público, uma vez que, pela sua natureza privada, se organizam legitimamente para prosseguirem o seu interesse próprio.
Depois de tantos anos a falar neste assunto,eu já não acredito em nada.
Isto são mais umas palestras para «boi» dormir.
Se eles (os políticos),tivessem interesse,já há muito que tinham resolvido,este problema.
Há mais de 25 anos que fizeram expropreação de terrenos,dizendo que eram para fins civis,aconteceu que foi para os militares.
Portanto eu não acredito mais nas cantigas deles.
Os militares tem interesses,e é esse o problema.
Acreditaram que o aeroporto na Ota era o Paraíso na Terra. Acreditaram nas “compensações” pelo “voo” do aeroporto para a Margem Sul, prometidas pelo mais mentiroso de todos os governos e pelo mais mentiroso de todos os primeiros-ministros. Agora, acreditam que a base aérea de Monte Real se pode transformar num aeroporto, talvez tipo Beja, que é deficitário e sorvedouro de dinheiros públicos. Agora. Nesta altura. E parece que sem se rirem. Não quererão também pão-de-ló, de Alfeizerão, ou água de rosas para lavarem os respectivos traseiros?
Neste pais os políticos falam, nos outros os políticos fazem !
O aeroporto em Monte-Real e mesmo necessário para o desenvolvimento desta região. Ha muita possibilidade, principalmente se o financiamento e privado. Vamos a isso gente !
Os interesses políticos e privados não se podem sobrepor ao bem estar das populações da zona de Monte Real. Ninguém fala se as populações daqui querem o aeroporto ou não. Já nos basta a base aerea!
Não concordo com este hipotético aeroporto. Se quiserem um aeroporto façam mais para o centro do país perto de Coimbra. Temos que pensar o país de uma forma mais sustentável e territorialmente mais ordenado.
Mas porque se tem de fazer um aeroporto em Coimbra se este está praticamente pronto e serve igualmente a zona centro?