A Área – Sociedade de Mediação Imobiliária foi fundada nas Caldas em 1983, há 40 anos, por Francisco Cera, que continua hoje, com 77 primaveras, à frente dos destinos da empresa caldense
Estamos em junho de 1983 quando Francisco Cera funda a Área – Sociedade de Mediação Imobiliária.
Depois de iniciar a sua vida profissional a trabalhar na repartição de Finanças, com 19 anos, de ter ido para a tropa e de ter trabalhado como vendedor de publicidade para as Páginas Amarelas, Francisco Cera veio para as Caldas, vender time sharing na Torralta. Um dia, nos finais da década de 70 do século passado, um amigo que tinha terrenos para vender pediu-lhe ajuda. “Na altura não havia mediadores”, refere. Quem fazia, já à época, mediação, era Isabel Lino, da agência de viagens Rocaltur, que “resolvia os problemas imobiliários dos muitos clientes que tinha. Ela era a sócia nº60 da Associação Portuguesa dos Mediadores Imobiliários e eu o nº86”, esclarece.
Depois desse primeiro contacto com o ramo da imobiliária, que lhe agradou, Francisco Cera fez formação na área e decidiu então fundar a sua empresa, mas como não havia a mediação imobiliária, teve que registar a Área para a promoção e venda de imóveis. “Gosto muito desta profissão”, conta, depois de mais de 40 anos a exercê-la. “O efeito da mediação é a resolução do problema do cliente, é o que traz valor”, explica o mediador.
Francisco Cera, que foi dirigente do Caldas S.C. e também deputado municipal durante 14 anos (eleito pelo PRD, tendo depois integrado as listas do PSD como independente), assistiu ao “boom” das imobiliárias antes da crise e ao encerramento da maioria por conta da mesma. Atualmente assiste ao regresso do “boom” imobiliário que se tem sentido nos últimos anos. “É um mercado selvagem”, admite.
Ao longo destas décadas, Francisco Cera negociou centenas de imóveis e nota “os problemas no mercado de habitação nas Caldas”, explicando que não há casas para arrendar e que esse é mesmo o mercado com maior procura.
A tipologia mais procurada são os T2 e T3 e as moradias isoladas para estrangeiros também continuam a ter mercado. “Depois da covid tivemos uma procura maior por moradias isoladas, mas não temos oferta”, lamenta, criticando a estratégia municipal ao longo das décadas.
Na sua opinião, durante uns anos, na cidade “imperou a má qualidade de construção” e nessa fase, até para se proteger, procurou vender apenas lotes de terreno, tendo negociado centenas de lotes, por exemplo, na Quinta da Boneca, no Avenal, no Moinho Saloio, na Lagoa Parceira, entre outros.
“O segredo para a manutenção da empresa num mercado como as Caldas é a confiança, que leva muito tempo a ganhar, mas que se perde muito rápido”, frisa, exemplificando casos de clientes de décadas, que voltam a requerer os seus serviços.
A Área começou por ter o seu espaço na Rua das Montras, no Beco José Francisco de Sousa e, há cerca de 20 anos, mudou-se para a Rua Heróis da Grande Guerra (no 1º esquerdo do número 137, perto dos Correios), onde permanece nos nossos dias. Situa-se num local onde antigamente funcionava o escritório do advogado Mário de Carvalho, “com quem fundei o jornal Notícias das Caldas e era aqui que fazíamos a dobragem dos jornais”, conta o mediador.
Nesta sua ligação aos jornais há uma outra particularidade: é que guarda, com carinho, um recorte de jornal de uma entrevista que lhe foi feita e publicada na Gazeta das Caldas e também uma oferta que produziu em parceria com a direção do jornal para oferecer aos leitores pelo Natal de 1978. “Eu tinha a mania de fazer fotografias, porque quando tinha 16 anos ganhei 150 escudos num sorteio do Caldas S.C. e comprei uma máquina fotográfica. Quando estava na tropa fiz uma fotografia de uns jovens a aquecerem-se numa fogueira de uma rua em calçada”, recorda. Foi aí que tudo começou, com a vontade de publicar essa fotografia. O boletim tinha um calendário e uma série de imagens.
Na Área trabalham atualmente duas pessoas, o próprio e o seu filho, João Cera. ■