Os Gambuzinos, um projecto na área do turismo, e um outro de criação de algoritmos para um projecto de defesa internacional, irão instalar-se no Caldas Empreende até ao final do ano, esgotando os 15 espaços disponíveis no edifício.
Promovido pela Câmara das Caldas e pela AIRO, o Caldas Empreende arrancou em Dezembro do ano passado como uma solução de criação de próprio emprego para caldenses desempregados. Os interessados tinham como ajuda o pagamento, por parte da autarquia, do aluguer das instalações e das despesas de água e electricidade, assim como a possibilidade de ali ficarem instalados durante dois anos.
As primeiras 12 empresas começaram a funcionar logo em Dezembro e, volvidos seis meses, a presidente da AIRO, Ana Maria Pacheco, faz um balanço “bastante positivo” da actividade desenvolvida, destacando que algumas das empresas já estão até a recrutar colaboradores através do Gabinete de Inserção Profissional desta associação.
A responsável acredita também que a recuperação da indústria tem a ver com o somatório destas e outras pequenas empresas que existem por todo o país.
Sérgio Félix, daquela associação industrial, conta que há projectos com tempo de maturação diferentes e outros que tiveram que se readaptar, face à realidade económica do país. Também a demora nos apoios que a que alguns se candidataram levaram a alguns atrasos.
O vereador Hugo Oliveira recordou que o objectivo inicial era retirar as pessoas da situação de desemprego em que se encontravam e afirmou que a prova do sucesso do Caldas Empreende está no facto de já terem o edifício todo ocupado e estarem já a estudar a possibilidade de criar outro espaço. “Há muita vontade das pessoas criarem a sua própria empresa”, afirma o autarca, insistindo no investimento ao nível do empreendedorismo.
Hugo Oliveira destaca que este foi um projecto inovador e considera que deve ser replicado noutros concelhos. Contou que quando a ideia foi concebida, pensava-se que o espaço seria aproveitado para outras profissões, como costureira, canalizador ou sapateiro, “que estão em desuso e que são precisas e até bem remuneradas”, mas que a procura acabou por ser de empresas de prestação de serviços, energias alternativas, informática, cerâmica e artesanato.
O primeiro open day do Caldas Empreende decorreu no dia 9 de Julho, sob o tema “1000 ideias 1 visão de negócio”, com a realização de reuniões e workshops promovidos pelas empreendedores instalados no edifício.
Testemunhos
Velas artesanais já comercializadas em Inglaterra
Josefina Abreu e as filhas Ema Serra e Paula Braga ficaram desempregadas e viram na criação de um negócio próprio a solução para contornar o problema. A experiência que detinham ao trabalhar em fábricas de velas levou-as a criar a empresa “Aroma da Serra”, que se dedica à produção de velas artesanais. Instaladas no Caldas Empreende desde a sua inauguração, contam que o negócio está a correr bem, produzindo essencialmente para um armazenista da zona Oeste.
Esta semana estão também já a trabalhar na quarta encomenda que têm para Inglaterra que dizer ser “um bom mercado”. Quando se aproxima o prazo de entrega das encomendas grandes, o horário normal não chega, levando-as a fazer serão. Nestas alturas contam também com a ajuda da família.
Consideram que o espaço é o “suficiente” para exercerem a sua actividade e para os clientes verem o que fazem. “É um sitio muito acessível”, diz Paula Braga, acrescentando que possuem contrato por dois anos e pretendem aproveitar essa oportunidade.
Peças únicas na Crosta Cerâmica
“Crosta Cerâmica” intitula o primeiro local de trabalho do ceramista Renato Vieira, que tirou o curso no Cencal. No seu atelier faz trabalhos de cerâmica de autor. “São peças únicas, principalmente de roda e com design específico”, concretiza o ceramista, que comercializa o seu trabalho sobretudo em feiras e em lojas.
Com o começo do verão, iniciam-se também as feiras, tendo já previstas participações em Celorico da Beira e no Crato. “Estou a experimentar várias para ver o meu público e, como tenho diferentes tipos de peças, vou adaptar aos vários certames”, disse Renato Vieira.
Instalado no edifício desde Dezembro, considera que o espaço é óptimo para actividade que desenvolve, até porque “a minha empresa ainda é bebé e precisa de um espaço pequeno”. Dentro de pouco tempo irá ter um forno maior, resultado de uma candidatura que fez ao Centro de Emprego e que lhe vai permitir uma maior produção.
Renato Vieira diz que os seus objectivos não são apenas monetários e que estes passam pelo gosto pela cerâmica e a tentativa de dinamizar a sua vertente artística. “Sei que é um caminho difícil, mas não importa – esse tempo há-de chegar”, afirma o ceramista que pretende ali permanecer durante dois anos.
WSB vai exportar equipamento para os PALOP
A empresa caldense dedicada a comercialização de equipamentos de energia alternativa, WSB Premium, arrancou juntamente com o Caldas Empreende. Bruno Pereira faz um balanço positivo deste primeiro semestre de funcionamento, destacando que a instalação no edifício da antiga fábrica das Calças deu uma “maior visibilidade” à empresa.
A WSB é representante nacional da empresa grega de sistemas solares térmicos Helional e, de acordo com o responsável, a ideia inicial era mudar de instalações durante o primeiro semestre do ano, mas a conjuntura de mercado – com a finalização da medida solar térmico 2009 – levou a protelar esta mudança.
Entretanto, a empresa conseguiu uma representação nova, inglesa, de sistemas de iluminação doméstica e industrial, assim como de baterias para acumulação.
“Com seis meses de actividade já temos projectos internacionais, que faz uma expansão da empresa e das Caldas da Rainha”, conta Bruno Pereira, adiantando que estão em processo de exportação para os PALOP, nomeadamente para Angola, Moçambique e Cabo Verde.
O empresário é da opinião que as pessoas têm consciência da importância das energias alternativas, mas deparam-se com um problema de falta de liquidez financeira para investir. Isto leva a que as empresas da área apostem “mais na internacionalização do que propriamente no mercado interno”, explica, adiantando que uma das apostas da empresa para o final do ano é o mercado moçambicano, com alguns projectos novos. Em inícios de 2011 vão começar a trabalhar com o mercado angolano e também querem chegar a Cabo Verde, “através da nossa empresa ou de parcerias directas”.
Tatuagens e piercings a partir de Setembro
Gil Martinho e Clara Bilhau são de Peniche, mas resolveram apostar nas Caldas da Rainha para abrir a sua loja direccionada para a arte da tatuagem e body piercing. As condições do espaço são, para Gil Martinho, uma “ajuda grande no arranque das actividades”, e que junta a dimensão da cidade que, à partida, lhe dará um maior mercado.
A “Ancestral Tattoo” irá abrir as portas em Setembro e nela será possível fazer tatuagens (temporárias e definitivas), piercings e dermo pigmentação (maquilhagem definitiva).
Consideram que os programas televisivos sobre o assunto têm dado bastante divulgação às tatuagens e isso reflecte-se depois na procura. “Há um maior gosto pela tatuagem, que também já é mais aceite pelas pessoas”, referem, destacando que esta forma de arte já é reconhecida por pessoas de várias idades e classes sociais.
Os sócios-gerentes desta loja afirmam-se como uma alternativa e pretendem abordar um conceito diferente, de que não é preciso ter muitas tatuagens. Eles próprios não gostam de ver o corpo coberto de tatuagens, por isso, as que têm “não estão visíveis”, contam. Na loja terão um catálogo com desenhos e farão aconselhamento aos clientes.