Cristóvão Ferreira foi o vencedor da 8ª edição do Concurso Nacional de Jovens Agricultores
Cristóvão Ferreira, um agricultor de 36 anos, possui 24 hectares de pomares de maçã Gala IGP Alcobaça nos Vidais e venceu o Concurso Nacional de Jovens Agricultores.
O prémio, atribuído pela CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, apanhou de surpresa o caldense, que não esconde a satisfação em receber esta distinção, que se traduz num reconhecimento do “esforço enorme no planeamento de toda a exploração e na gestão financeira” do seu projeto inicial.
Toda a produção é comercializada através da Frutoeste, uma organização de produtores da qual faz parte, o que garante um produto mais competitivo e valorizado. Aos jovens que tentam enveredar pela área, Cristóvão Ferreira aconselha a adquirem conhecimento, através de cursos e do contato com boas práticas, e que garantam o escoamento do seu produto.
A inovação é fundamental para produzir mais, melhor e de forma sustentada
“É muito importante estarmos cientes do que está a acontecer no setor e as formações dão-nos ferramentas para nos adaptarmos e andarmos sempre dentro da inovação”, disse à Gazeta das Caldas.
Começou a plantar em 2018 e o seu projeto agrícola ascende a um milhão de euros, dos quais 600 mil euros representam um investimento próprio, que fez com a ajuda da banca. Cristóvão Ferreira destaca o apoio que tem tido por parte de diversas entidades ligadas ao setor e reconhece que para quem, como ele, “começa do zero” é dificil, pois exige uma grande “ginástica financeira”. Defende a existência de leis e apoios financeiros que facilitem a alavancagem dos jovens e pretende transmitir essas mesmas dificuldades, bem como mostrar o seu trabalho, junto dos responsáveis do setor na União Europeia, com quem terá reuniões. No final do próximo ano irá representar Portugal no Congresso Europeu de Jovens Agricultores, organizado no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
O agricultor dedica-se em exclusivo à maçã gala de Alcobaça, mas tem em perspetiva produzir uma outra variedade de maçã. “O futuro passa por apostar em culturas que tenham sucesso”, concretiza.
Promover um espaço de apresentação, divulgação científica e tecnológica e debate
O exemplo do jovem agricultor foi destacado pelo secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Nuno Russo, durante a cerimónia de encerramento do congresso da Frutos, que teve por temática a inovação e estratégia para a fruticultura nacional. “É este tipo de jovens agricultores, de organização, de inovação e tecnologia que queremos no setor agricola e, em particular, na fruticultura nacional”, salientou. O governante realçou ainda o trabalho “de sucesso” que está a ser feito pelo setor da fruticultura, referindo-se à organização e cooperação institucional central e local, pública e privada.
Nuno Russo deu nota das medidas excecionais que o ministério tem tomado, com o apoio de Bruxelas, para ajudar os agricultores e destacou que, entre as medidas da agenda da inovação, estão o reforço da organização da produção e a promoção dos produtos agro-alimentares portugueses nos mercados internacionais.
Inovação e tecnologia
Já antes, o diretor regional de Agricultura, Lacerda da Fonseca, tinha referido que a inovação “é fundamental” para se produzir mais e melhor e de forma sustentada.
Maria do Carmo Martins, do Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional-Centro de Competências (COTHN-CC) divulgou o estudo estratégico, que permite identificar os grandes desafios que se colocam à fileira e avançar com medidas que permitam aumentar a sua competitividade. Entre eles estão as alterações climáticas,as questões da água e dos fenómenos extremos, que condicionam a produção. Mas, por outro lado, permitem novas culturas.
“A estratégia visa três grandes objetivos: o equilíbrio da balança comercial, criação de valor na fileira horto-frutícola e o aumento da sustentabilidade da produção nacional”, resumiu Maria do Carmo Martins, que considera que esta assenta essencialmente no aumento da dimensão da fileira e sua organização, para incorporar tecnologia, minimizar as alterações climáticas e orientar mais para o mercado.
O congresso científico, que contou com cerca de 450 pessoas inscritas e mais de 30 intervenientes alguns deles estrangeiros, decorreu online devido à pandemia. A feira, que começou em finais da década de 70 e foi relançada no Parque D. Carlos I em 2016, este ano não se realizou tendo sido substituída por este evento. A Câmara, que é a entidade promotora, já está a preparar a edição de 2021.