CEERDL presta apoio a mais de mil pessoas na região

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O CEERDL possui vários estruturas de apoio em várias zonas da cidade | DR

O Centro de Educação Especial apoia perto de 500 pessoas com incapacidades nos serviços sociais e mais do dobro no exterior. A entidade, que quer alargar instalações para receber mais pessoas, alerta para a necessidade de surgirem estruturas similares na região para apoiarem esta população

O Centro de Educação Especial Rainha Dona Leonor (CEERDL) é uma Cooperativa de Solidariedade Social, fundada em 1976, e que presta serviços a utentes dos concelhos de Óbidos, Bombarral, Cadaval e Caldas da Rainha, sendo a maior cooperativa da região neste setor.
A organização apoia 462 pessoas em serviços sociais e tem 1184 clientes externos através dos serviços de restauração, lavandaria, piscina, jardinagem e floricultura.
Atualmente, emprega 125 colaboradores e estabelece acordo para prestação de serviços com 30 profissionais. “Conseguimos manter os postos de trabalho através de uma grande união de todos os colaboradores para fazer a sua função, de uma forma diferente”, contou Ana Domingos, presidente da Direção, explicando à Gazeta das Caldas de que forma é que este entidade se adaptou à nova realidade.
Nos últimos meses, os técnicos da instituição deslocaram-se à casa dos utentes, ajudando não só com os serviços terapêuticos habituais, mas também com tudo o que fosse necessário. Ajudaram com a gestão doméstica, a renovação de documentos, entre outras tarefas dificultadas pela falta de transportes ou pelo funcionamento condicionado dos serviços públicos.
A instituição também emprestou computadores para que os utentes pudessem falar “entre eles e connosco”, contou a responsável. Após o confinamento, quando foi possível o regresso à instituição “foi preciso encontrar novos espaços para trabalhar, assegurando as medidas de distanciamento”. A própria prestação de serviços à comunidade foi reajustada tendo em conta as novas medidas de prevenção.
Em relação à higienização dos espaços “os procedimentos e os produtos são os mesmos, a frequência das limpezas é que aumentou”.
Na zona da residência, foram separados os utentes que têm mais autonomia dos que têm incapacidade mais profunda e de um total de 46 há 26 que se encontram em confinamento desde março. Como tal, para estes utentes, foram montadas “zonas de terapia e espaços lúdicos de interior e exterior”, contou a responsável, acrescentando que foram feitos com os utentes com mais mobilidade passeios de carro na cidade ou até aos pinhais da zona, mas sem contato com exteriores para prevenir contágio. Importante foi o estabelecimento de rotinas que agora estão automatizados e que auxiliam a prevenção. Os espaços da entidade, sobretudo os maiores, têm agora novas funções como a sala de reuniões que passou a ser de formação e de outros gabinetes que passaram a ser para atendimentos. Nas áreas dedicadas à produção de flores e à jardinagem, apesar de serem feitas ao ar livre, exigem cuidados redobrados. Mesmo nas estufas trabalha-se todo o dia de máscara, o que é não é fácil….”, comentou a responsável.
As viaturas do CEERDL têm que ser desinfetados a cada volta efetuada, o que obriga a efetuar o percurso no dobro do tempo. “Mais uma vez é uma questão de rotina”, disse Ana Domingos.
A piscina da instituição fechou em março e ainda não a reabriu.
“A nossa piscina tem água mais quente, onde é feita muita reabilitação”, explicou a responsável, que recebe utentes externos com idade e por isso a decisão do Centro foi a de não reabrir por agora.
Na área da Jardinagem, o CEERDL labora com várias juntas de freguesia enquanto que, na lavandaria, “trabalhamos com privados e muitos alojamentos locais e alguns hotéis”. No entanto, apesar da lavandaria ter encerrado de março a julho, quando reabriu ao público ultrapassaram “o volume de trabalho do ano anterior”, disse Ana Domingos explicando que os clientes da instituição trabalharam muito bem naqueles meses de verão. Na jardinagem, não houve grande alteração, mas foi possível retomar o trabalho.
O CEERDL dedica-se à produção e comercialização de flor de corte desde 2001. A exploração florícola tem 3 hectares onde se produz anualmente cerca de 900 mil pés de coroa imperial (Lilium). Alguma da produção é absorvida localmente, no entanto os parceiros comerciais de referência são revendedores e distribuidores regionais e nacionais e grandes superfícies comerciais. “Esta foi a área mais atingida pela pandemia sobretudo porque nos apanhou a Páscoa”, referiu a presidente. No entanto decidiram manter a plantação e a produção, assegurando assim os postos de trabalho. E se numa fase inicial deixaram de vender muitas flores, posteriormente com a falta de flores no mercado acabaram “por ter mais procura”.
Em 2020 foi concluída a construção de uma nova estrutura, “o que tornou possível o redimensionamento, ampliação e reorganização de espaços de atendimento e produção, a aquisição de viatura e novos equipamentos de lavagem e tratamento de roupa. Segundo a presidente da instituição, foi feito um investimento que rondou os 120 mil euros, que teve a comparticipação de 40 mil euros da Fundação EDP e 44 mil euros da Fundação Montepio.
As novas obras proporcionaram o aumento da lavandaria, a criação de uma grande sala de reuniões e o aumento das instalações do Garfo que vão passar a ter mais 50 lugares, para além da centena atual.
Em breve, o centro pretende ampliar as instalações do CAO, de modo a criar novas salas para atender mais 30 pessoas. “E não chega para esta comunidade”, disse Ana Domingos acrescentando que o ideal não é crescer mais. “O que era necessário é que houvesse mais instituições a fazer o nosso trabalho. Justificava-se, por exemplo, no concelho do Bombarral”, disse a dirigente, acrescentando que é preciso mais instituições “a trabalhar com pessoas com deficiência”.
Além das obras no CAO, o CEERDL necessita de requalificar um dos seus lares residenciais de modo a poder receber mais 12 pessoas. Entre os muitos serviços do Centro de Educação Especial há também um serviço de apoio à saúde mental prestado a 20 pessoas, nas instalações que possuem no Largo João de Deus.

Alguns dos utentes que frequentam os serviços do centro | DR
Além da jardinagem, o CEERDL presta serviço no Parque D. Carlos I | DR

 

 

 

 

 

 

Ana Domingos é a presidente da direção e alerta que é preciso mais entidades nesta área | DR