Continuam as supressões de comboios na linha do Oeste

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Com automotoras no fim do seu período de vida útil e uma empresa de manutenção que não consegue dar resposta na reparação de avarias, a CP continua sem soluções para evitar o descalabro da linha do Oeste.
As supressões de comboios e a sua substituição (ou não) por autocarros são quase diárias e os passageiros começam a desertar de um serviço ferroviário que não é de confiar.
A título de exemplo, e abarcando apenas o mês de Maio, Gazeta das Caldas conta o que aconteceu em alguns dos piores dias em que a operação na linha do Oeste ficou desregulada.
No dia 3 de Maio um comboio das Caldas para Meleças chegou ao destino com 1 hora e 37 minutos de atraso.

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Depois de ter sobrevivido ao encerramento em 2012 e de ter visto aumentar a procura, a linha do Oeste corre agora o risco de soçobrar por a CP não ter comboios |CC

No dia 6 de Maio um comboio foi suprimido entre Outeiro da Cabeça e Caldas da Rainha por ter avariado. No mesmo dia um comboio vindo do sul chegou às Caldas da Rainha com 1 hora e 23 minutos de atraso. Em sentido contrário, um comboio chegou nesse dia a Meleças com 1 hora e 21 minutos de atraso e outro chegou a Lisboa com – pasme-se! – 3 horas e 27 minutos de atraso. Ainda nesse dia Leiria viu chegar um comboio com 2 horas e 27 minutos de atraso e às Caldas chegou outro com 1 hora e 8 minutos.
Nos dias 3, 4, 5, 7 e 8 de Maio a CP suprimiu dois comboios entre Caldas da Rainha e Torres Vedras, tendo-os substituído por um autocarro.
No fim de semana de 13, 14 e 15 de Maio, a empresa suprimiu um comboio entre Torres e Caldas sem se preocupar em substituí-lo por serviço rodoviário.
Nesses dias foram suprimidos cinco comboios entre Caldas da Rainha e Torres Vedras e um inter-regional chegou a Coimbra com 1 hora e 27 minutos de atraso.
No dia 22 de Maio foram suprimidos mais dois comboios entre Caldas e Torres.
E na passada quarta-feira, já após o fecho desta edição, estava prevista a supressão de dois comboios entre Leiria e Torres Vedras, substituídos por autocarros.
Estes são apenas alguns exemplos, sendo certo que as supressões são quase diárias, perante a incapacidade da CP em resolver o problema.
Por sua vez, a Infraestruturas de Portugal (antiga Refer) também não ajuda pois, para poupar nos custos com o pessoal, esta empresa mantém fechadas grande parte das estações ao longo da linha, o que impede que se façam cruzamentos. Desta forma, os comboios que atrasam não conseguem recuperar o tempo perdido pois chega a haver distâncias de 40 quilómetros sem poderem cruzar, o que obriga a tempos de espera nas poucas estações que estão guarnecidas com pessoal.

CUSTOS ELEVADOS

Para a CP, a supressão dos comboios tem um duplo custo: tem de alugar um autocarro e tem de pagar à Infraestruturas de Portugal a taxa de uso (portagem ferroviária) pela utilização da via férrea. É que, mesmo que o comboio não circule, a “portagem” tem de ser paga porque o canal horário foi reservado.
Desde Janeiro, a empresa já pagou mais de 3500 euros em aluguer de autocarros e mais de 5500 euros pela (não) utilização da infraestrutura.
Mais difícil de medir é a perda de receita que estas perturbações têm provocado.
Sem possibilidades de comprar comboios novos no curto prazo e com a prevista modernização de metade da linha (só entre Meleças e Caldas) a derrapar nos prazos, não se espera que a situação melhore.

Sessão pública hoje à noite e vigília quarta-feira

Hoje, 26 de Maio, pelas 21h30, o deputado do  PCP na Assembleia da República, Bruno Dias, estará nas Caldas para participar numa sessão pública sobre “A Linha do Oeste e o Desenvolvimento da Região”. A iniciativa terá lugar no salão nobre da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório.
Para a próxima quarta-feira, 31 de Maio, pelas 18h30, está agendada uma vigília em defesa da Linha do Oeste junto à estação das Caldas da Rainha.
Esta acção da Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste é uma forma de protesto contra a actual situação na Linha do Oeste.
“Os utentes da Linha do Oeste, estão a ser sujeitos a um serviço público que reflecte a política de degradação da qualidade do transporte ferroviário de passageiros, com uma declarada falta de investimento em material circulante, nomeadamente a diesel, indispensável nesta linha ferroviária”, refere a Comissão em nota de imprensa. Acrescenta que, a manter-se esta situação, tal porá em causa o processo de recuperação de passageiros que se vinha registando nos anos mais recentes e que demonstrava a importância e viabilidade da Linha do Oeste no contexto do transporte de passageiros intra e interregiões.