O sector da cutelaria tem-se mostrado dinâmico e inovador, aliando a tecnologia dos dias de hoje ao conhecimento secular que possui.
Ainda assim, a falta de mão-de-obra e a falta de transportes adequados dos centros urbanos são dois dos maiores obstáculos ao crescimento
O sector da cutelaria tem vindo a crescer e a demonstrar que é dinâmico e inovador. Aos saberes seculares que foram transmitidos ao longo de várias gerações a indústria tem aliado tecnologia de ponta, fazendo investimentos avultados.Mas há dois gandes obstáculos ao crescimento do sector. A falta de mão-de-obra é um deles, tanto em quantidade, como em nível de especialização. Tal facto até já levou à sugestão da criação de uma “escola” de cutelaria, onde se formassem pessoas para começar a trabalhar de imediato nas fábricas. Isso permitiria que as próprias empresas não tivessem que formar já depois de contratar.
Depois, há ainda a questão da falta de horários dos transportes dos centros urbanos mais próximos (Caldas da Rainha e Alcobaça) para as localidades onde estão instaladas as fábricas (Santa Catarina e Benedita).
A própria EN360, que faz a ligação da Benedita às Caldas é um “contra”, dado o seu traçado cheio de curvas, aumenta os tempos de viagem.
Sobeja, ainda, a questão do reconhecimento. É que, apesar do bom trabalho ali desenvolvido e do produto que dali sai ser de qualidade superior, existe muita gente que o desconhece.
Gazeta das Caldas quis saber quais os principais desafios que cada empresa tem para este ano e contactou as empresas nesse sentido.
A maioria das empresas identifica o reforço das quotas de mercado como um dos mais importantes objectivos a concretizar.
Samuel Serrazina, administrador da Jero – Jorge e Ramalho, Lda, disse que quer “continuar o processo de automatização da unidade de produção”, mas também “melhorar o indicador de vendas com marca própria”.
Já Joaquim Lúcio, CEO da Sico, explicou que quer “manter a trajectória de desenvolvimento e a conquista de novos mercados”.
Na mesma linha, os responsáveis da Nicul pretendem “consolidar e concluir os investimentos realizados nos últimos anos” e reforçar a quota de mercado.
Por sua vez, Carlos Norte e Filipa Norte, do Lombo do Ferreiro e da Loja das Facas, respectivamente, apontam como grande desafio o aumento da “representatividade artesanal online, mas também aumentar o leque de materiais para cutelaria disponíveis para venda”.
Também neste caso, o “reforço da presença no mercado nacional como referência nesta área” é importante neste 2020 para aquela marca.
SUSTENTABILIDADE É PREOCUPAÇÃO
A sustentabilidade é também uma imagem de marca do sector da cutelaria. Basta ver, por exemplo, a reciclagem de produtos que é feita nas unidades fabris, como a Icel, ou os reservatórios que captam a água da chuva para depois a utilizar no processo produtivo, como acontece, por exemplo, na Nicul. Há até quem tenha investido em painéis solares fotovoltaicos para gerar energia.
Foi em 2017 que a Ivo Cutelarias investiu mais de 500 mil euros em 2000 painéis que cobriam 30% das necessidades energéticas e que geravam uma poupança a rondar os 60 mil euros anuais.
Actualmente está em curso um novo investimento para duplicar aquela capacidade.