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Foram os Trevos de Ovos das Caldas da Rainha que motivaram Fernando Bento a abrir uma fábrica de bolos nos Cabreiros há 25 anos. Agora o pasteleiro quer voltar a dinamizar este produto que perdeu fulgor nos últimos tempos. É desta fábrica que também saem as famosas miniaturas de bolos – como pastéis de nata, rins e bolas de Berlim -, que se encontram em muitas mercearias da região, assim como em feiras e mercados.
Uma máquina que coloca a massa nas formas. A empresa combina tecnologia e mão-de-obra artesanal.

Fernando Belo é pasteleiro de profissão e está a assinalar 25 anos de actividade em nome individual numa pequena unidade fabril de cariz familiar que tem nos Cabreiros, na freguesia de Salir de Matos. Foram os Trevos de Ovos (um pastel à base de gema de ovo e açúcar) que levaram o pasteleiro a abrir a fábrica. Agora, o doce que esteve “adormecido” nos últimos tempos vai ganhar nova vida para tentar reafirmar-se no panorama da doçaria regional.
Fernando Bento começou a trabalhar com apenas 12 anos em padaria, na antiga UPACAL. Mas foi na pastelaria que acabou por fazer carreira. Durante alguns anos trabalhou por conta de outrem. Foi numa casa no Nadadouro, de José Santana, que desenvolveu a receita dos pastéis a que, mais tarde, chamou Trevos de Ovos. Durante sete anos trabalhou nessa pastelaria, mas saiu para trabalhar na Padaria Nicolau, nas Caldas da Rainha e os pastéis deixaram de ser produzidos.
“Tínhamos um cliente que vendia muitos desses bolos no minimercado Vicente, da Foz do Arelho, encontrou-me, perguntou-me pelos Vicentes, como os chamava, e insistiu para que os voltasse a fazer”, conta Fernando Bento, que aceitou o desafio.
Mantinha o emprego na padaria Nicolau, mas quando largava o serviço, às 13h30, ia para sua casa fazer recheio e de lá seguia para casa dos pais, nos Cabreiros, cozê-los no forno de lenha onde a mãe cozia o pão. “Nem almoçava e ficava até quase às 20h00 a fazer os bolos. Cheguei a fazer ali 600 por dia”, recorda.
É que à Mercearia Vicente juntaram-se outros clientes. De tal modo que, em 1994, passou a justificar-se largar o emprego na padaria Nicolau para abrir o seu próprio negócio.
Montou uma pequena fábrica na propriedade dos pais, onde hoje mantém a actividade, e fazia em exclusivo os Trevos de Ovos, que tratou de registar.
Mas o que são, afinal, os Trevos de Ovos das Caldas da Rainha? São um pastel, baseado numa fina camada de massa tenra ligeiramente folhada, cujo recheio é feito à base de gema de ovo e de um ponto de açúcar. É neste ponto de açúcar que reside um dos segredos do doce, mas não o único, diz Fernando Bento. É que até a cozedura tem ciência e dela depende a crosta que se forma na parte superior, que é uma característica importante desta criação de Fernando Bento.

AS MINIATURAS

Durante quatro anos os Trevos de Ovos das Caldas foram o único produto da fábrica de Fernando Belo. Contudo, no início da década de 2000 os Trevos perderam algum fulgor por diversos motivos. Por um lado, os alertas para os malefícios do consumo do açúcar reduziram a procura. Por outro, as dinâmicas do mercado tornaram o produto menos rentável.
“Trabalhava com uma empresa da Portela da Azóia que me encomendava grandes quantidades, mas essas grandes empresas gostam de trabalhar com plafonds. Por uma determinada quantidade que compram temos que oferecer produto e deixou de ser rentável, por isso deixei de trabalhar com essa empresa”, conta.
Em 1998 Fernando Bento diversificou a produção, iniciando a confecção das miniaturas sortidas de pastelaria fresca, nas quais apostou por não haver muita concorrência na região.
“Os Trevos ficaram um bocado de lado, porque as miniaturas dão muito trabalho”, refere Fernando Bento. São mini pastéis de natas, bolas de Berlim, rins, salames, entre outros bolos nos quais se incluem algumas criações do pasteleiro. Estas miniaturas podem ser encontradas em mercearias da região, mas também em feiras e mercados e ainda em várias praias do Oeste durante o Verão. Só os pastéis de nata chegam a ser feitos cerca de 10 mil por semana.
Os Trevos continuam a ser produzidos, mas em menor quantidade. Nas Caldas, podem ser encontrados na Praça da Fruta, no Café Rosa, na Padaria Litoral e no Arneirense, avulso ou em caixas de seis.
No entanto, o doce está prestes a ganhar uma nova vida.

APOSTAR NA PROMOÇÃO

Foi Nuno Ramalho quem convenceu Fernando Bento, seu sogro, a dar um segundo fôlego aos Trevos de Ovos. Natural de Sintra, onde a doçaria tem forte tradição, Nuno Ramalho acredita que o doce tem potencial para voltar ganhar dimensão na doçaria regional.
“É um bolo que tem muita aceitação”, observa Fernando Bento, acrescentando que na primeira edição das tasquinhas foram vendidas cerca de 6 mil unidades.
A estratégia para promover o doce vai começar pelas redes sociais, com a criação de páginas dedicadas no Facebook e Instagram. A aposta será também no contacto próximo com revendedores e público.
“É um doce que funciona bem onde há turismo, porque temos a caixinha que a pessoa pode levar para recordação, ou para oferecer a familiares ou amigos”, diz Nuno Ramalho.
Esta presença começará primeiramente num raio curto à volta das Caldas da Rainha, que se alargará de forma gradual.
Além disso, os Trevos de Ovos passarão a estar presentes de forma oficial nos principais certames das Caldas, como as Tasquinhas e a Frutos, juntamente com outra criação de Fernando Bento, as Pérolas da Rainha, um pastel à base de amêndoa.
Actualmente trabalham na fábrica de Fernando Bento três pessoas, mantendo o cariz de empresa familiar. Além do próprio pasteleiro, ali laboram a esposa, Lurdes Bento, e uma colaboradora.

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