É urgente controlo de bactéria que destrói pomares de pêra rocha e de maçã de Alcobaça
Arranca esta quinta-feira no Bombarral o 40.º Festival do Vinho Português e 30.ª Feira Nacional da Pera Rocha, que decorre na Mata Municipal até à próxima terça-feira.
O certame fica mais um ano marcado sobretudo com as preocupações dos produtores de pera rocha, a braços com o fogo bacteriano, que é causado por uma bactéria e para a qual não há cura. A pereira infetada acaba por secar e morrer e por propagar a doença ao restante pomar se não forem tomadas medidas imediatas de corte e destruição da árvore de fruto.
A esperança reside do trabalho de investigação que está a ser desenvolvido pela comunidade científica em várias frentes no combate a esta doença de campo. É o caso do RochaCenter – Centro de Pós-Colheita e Tecnologia, no Bombarral, um agrupamento complementar de 16 centrais fruteiras oestinas, que representa cerca de 80% da produção organizada de pera rocha.
Helena Fagundes é uma das investigadoras que integra a direção técnico-científica que, em laboratório, são desenvolvidas algumas áreas de investigação. Intervindo há poucas semanas na sessão de apresentação da Quinta da Ciência Viva da Pera Rocha, localizado também no concelho bombarralense, revelou que foi feita “a identificação e georreferenciação de árvores com potencial interesse e que possam eventualmente ser estudadas naquilo que é sua menor suscetibilidade à infeção por este micro-organismo patogénico”. É ainda promovida a micropropagação vegetativa de explantes retirados de ramos das pereiras para a obtenção de mais informação para estudo para identificar a doença.
“Por último e não menos importante ainda dentro desta temática é feita também a inoculação em ramos jovens para ver a resposta e o que acontece quando entram em contato com este micro-organismo patogénico e eventualmente identificar alguns que tenham menor suscetibilidade a esta doença”, precisou Helena Fagundes.
Mais curioso é o trabalho de investigação da jovem bombarralense Carina Félix ao longo dos últimos dois anos, no âmbito de um trabalho que está a ser desenvolvido no Polo de Peniche do MARÉ – Politécnico de Leiria, que recorre a recursos marinhos para obter uma solução eficaz que combata o fogo bacteriano, neste caso a algas vermelhas existentes na costa Oeste. Trata-se do projeto ‘Oceanfire’, que já mereceu à investigadora um prémio com uma bolsa de 25 mil euros da Fundação Amélia de Mello.
Este trabalho tem como objetivo de exterminar a doença causada pela bactéria ‘Erwinia amylovora’, que tem precisamente causado grandes perdas de produção nos pomares de pera rocha, mas também a maçã de Alcobaça e o marmelo. “Em boa verdade, as soluções que existem não podem ser utilizadas pelo facto de serem prejudiciais para o ambiente e mesmo para a saúde humana.
Portanto, ficamos assim com um problema enorme em mãos que é o que fazer para salvar a pera rocha. Que caso não surja alguma solução interessante pode ter o seu fim à vista”, reconhece Carina Félix. Os resultados têm sido promissores, porque registou-se “uma grande inibição do seu desenvolvimento da bactéria quando nós colocamos os compostos das algas”. Está agora em fase de validação dos resultados testados este ano em campo foram promissores, sendo a meta, nos próximos anos, “conseguirmos então ter uma solução que seja por um lado sustentável e que possa ser usada na nossa região”.
Esta doença existe nos Estados Unidos da América há mais de 200 anos, mas foi identificada pela primeira vez em Portugal em 2009 e que, a cada ano, destrói 350 ha de pereiras.

































