Fundo investe 5 milhões em habitação nas Caldas

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Apresentação decorreu nas antigas lavandarias do Hospital

Pio 7, na rua do Montepio, é o primeiro a ser recuperado. Vai ter 10 casas, com T1 e T2 a partir de 190 mil euros

Um fundo norte-americano está a investir na habitação nas Caldas, adquirindo imóveis para recuperar e colocar no mercado. Pio 7 é o nome do primeiro, que já foi apresentado e que, depois da recuperação integral, terá um total de 10 habitações, todas T1 e T2, com preços a começar nos 190 mil euros.
Nelson Sousa é representante da empresa norte-americana, cujo nome não foi revelado, que tem negócios naquele país e na América Latina e que agora está a apostar em Portugal. “Estamos a constituir um fundo”, revelou, notando que esta é uma parte integrante de um pacote de ativos nas Caldas, todos para habitação e todos para recuperar. O investimento total ronda os 5 milhões de euros e inclui mais um “empreendimento bastante central”. Esse empreendimento também se destina à recuperação para habitação e contará com mais dez casas, nas tipologias T0, T1 e T2. No total são 20 habitações e uma área comercial. “Há outros na calha”, revelou.
Nuno Pina, da empresa “O Seu Bairro”, que celebrou recentemente o 4º aniversário e que está a fazer a mediação da venda, explicou que este “é um dos primeiros edifícios com reabilitação integral na cidade”, o que significa que “não vai ser demolido o interior”, recuperando o máximo possível. “Na maior parte dos casos, fica a fachada e são construídas as estruturas em betão, mas neste caso vamos aproveitar o máximo possível da parte estrutural”, esclareceu, acrescentando que há zonas, em ferro, que, estruturalmente, serão reforçadas. Sobre o público-alvo, considera que este “é um edifício diferenciado a nível das áreas”, pelo que se constitui como uma boa opção “para os mais jovens, na casa dos 30”, mas também “para quem vem de fora, os nómadas digitais”. Por outro lado, a proximidade com o terminal rodoviário, torna-o viável para pessoas que trabalham em Lisboa mas querem residir nas Caldas, “numa altura em que se fala tanto da questão da cidade dos 15 minutos”. Como investimento, nota Nuno Pina, este imóvel “também é interessante”, porque tem vantagens fiscais. Entre elas, a isenção de IMT ou, nos casos em que seja para arrendamento, com uma taxa de 5% do IRS, porque é uma reabilitação integral de um imóvel localizado numa Área de Reabilitação Urbana (ARU). O edifício que agora será reabilitado já servia para fins habitacionais, mas estava degradado. Terá elevador, 10 painéis solares na cobertura e ainda ar-condicionado.
Decidiram fazer uma apresentação “porque é um edifício diferente, as pessoas estão habituadas a adquirir construção nova”. No entanto, frisa, “em Lisboa acontece com regularidade”. A apresentação destinava-se, não aos clientes, mas sim a mediadores imobiliários de várias empresas e teve lugar nas antigas Lavandarias do Hospital.
Presente esteve também o arquiteto responsável pelo projeto, João Patriarca, que notou que “esta é uma reabilitação e uma ampliação, porque além de ter mais um piso, o edifício cresce de uma forma diferente, porque existiam uma série de anexos no logradouro, que são todos limpos, e há uma parte que tinha sido ampliada numa fase em que se fizeram as casas de banho, e será removida, criando uma nova área que vai reordenar o projeto”. Considera que a fachada é “bastante interessante, mas com as construções ao lado, foi-se tornando mais insignificante”. O subir de um piso “dá-lhe outra dignidade, mantendo as caraterísticas, o objetivo é que não seja muito visível e mantenha a mesma linguagem”. João Patriarca explica ainda que “numa reabilitação é muito importante aproveitar as caraterísticas interessantes do edifício”, pelo que os soalhos, as escadas, as portadas, as ombreiras das portas e as próprias portas, são para recuperar. “Apesar do aspeto novo, estes apartamentos têm que ter história e não a queremos apagar, queremos trabalhar com isso”. “No logradouro fizeram-se dois apartamentos mas não havia nada a renovar”, pelo que será construção nova.
Anteriormente, o edifício, que estima que seja da década de 40 do século passado, tinha uma casa por piso, ou seja, três, com mais duas ou três habitações nos anexos, mas mais precárias. “Eram casas generosas, desenhadas para profissionais liberais, tinha duas portas de acesso, uma para uma pequena sala, que seria um escritório ou um consultório médico e depois a ligação à casa”. A obra, que já arrancou, deverá estar concluída em cerca de um ano. ■