IPL traça como meta para Leiria e Oeste atingir 6% do PIB nacional em 2035

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O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, reconheceu a importância de uma Universidade da região
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Politécnico estima que um modelo de transformação centrado no conhecimento pode aumentar PIB per capita na região para 30.100 euros

O Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria) apresentou na sede da NERLEI/CCI, em Leiria, no passado dia 1 de abril, o estudo “Prospetiva 2035 – Três Cenários para o Futuro de Leiria e Oeste”, que traça diferentes rumos possíveis para o desenvolvimento da região nas próximas décadas. O trabalho, promovido no âmbito da Estrutura de Missão para o Desenvolvimento do Ecossistema de Leiria & Oeste (EM@IPLeiria), propõe três cenários distintos, cada um refletindo decisões estratégicas e investimentos a realizar. O melhor desses cenários prevê que uma mudança estrutural centrada no conhecimento, assente na criação de uma universidade de excelência e numa aposta clara na ciência, criatividade e colaboração, pode alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita da região para os 30.100 euros em 2035, o que corresponderia a cerca de 6% do PIB nacional.
A iniciativa EM@IPLeiria, criada em 2023 pelo Politécnico de Leiria, envolve mais de 800 participantes e é considerada pioneira em Portugal. Reúne representantes de 24 municípios, comunidades intermunicipais, empresas, instituições socioculturais e cidadãos, com o objetivo de construir uma aliança regional duradoura, promotora da coesão, sustentabilidade e bem-estar.

Para Agostinho Silva, pró-presidente do Politécnico de Leiria e coordenador da EM@IPLeiria, a chave está na cooperação regional. “Este território não pode ser entendido como um conjunto de municípios isolados, mas sim como um ecossistema regional interligado. O sucesso dependerá da capacidade de atuação conjunta”, afirmou durante a apresentação.
O primeiro dos três cenários, denominado “Continuidade e desafios do modelo atual”, antevê a manutenção das atuais dinâmicas económicas e sociais. Sem mudanças estruturais, a região continuará a crescer a um ritmo moderado, atingindo um PIB per capita de 25.163 euros em 2035. No entanto, este modelo poderá agravar as dificuldades na retenção de talento, estagnar a produtividade e manter a região abaixo da média nacional.

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O segundo cenário, “Transformação centrada na modernização e captação de talento”, prevê uma aposta na modernização económica e na atração de profissionais qualificados. Neste caso, o PIB per capita poderá crescer para 27.938 euros, refletindo melhorias na produtividade, salários, qualificação da mão de obra e capacidade de consumo, com base na digitalização e valorização dos recursos humanos.

O cenário mais ambicioso, “Transformação centrada no conhecimento”, propõe uma evolução da região para um verdadeiro ecossistema de inovação, impulsionado por uma universidade pública de excelência e por um Instituto Europeu de Inovação e Ciência. Este modelo projeta ganhos económicos significativos: entre 3,18 e 3,52 mil milhões de euros anuais, consoante a evolução demográfica, aproximando Leiria e Oeste dos 6% do PIB nacional.

Carlos Rabadão, presidente do Politécnico de Leiria, sublinhou a importância de dotar o território com uma universidade plena. “Sem ensino universitário, é difícil criar um ecossistema de inovação sólido. Uma universidade pública é essencial para gerar conhecimento, transferi-lo para o tecido empresarial e colocar a região nas cadeias de valor mais avançadas”, defendeu.

Também o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, reconheceu a pertinência da proposta. “Faz sentido que esta região tenha uma universidade. Apesar do papel relevante dos politécnicos, estes continuam limitados em recursos e autonomia. Se queremos qualificação, talento e inovação, precisamos de instituições com mais instrumentos para gerar impacto económico”, afirmou.

O governante elogiou ainda o trabalho realizado pela EM@IPLeiria, considerando-o um exemplo de planeamento estratégico que devia ser replicado noutros pontos do país. “Este estudo é mais do que uma previsão, é um objetivo. Lamento que não existam mais entidades a fazer este tipo de exercícios”, referiu.

A importância de uma visão estratégica assente em dados e projeções foi também destacada por Pedro Folgado, presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste. “O estudo é uma ferramenta essencial para antecipar desafios e construir um território inteligente, preparado para o futuro.”

Gonçalo Lopes, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, defendeu que a criação de uma universidade é uma “questão de justiça e de visão nacional”. “Somos uma das poucas regiões e capitais de distrito sem universidade. Temos centros de investigação reconhecidos, projetos inovadores e um tecido económico dinâmico, com expressão nacional.”

A ligação entre ensino superior e setor empresarial também foi sublinhada por Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC Portugal. “Uma universidade ligada à indústria permite formar profissionais altamente qualificados, desenvolver conhecimento aplicado e fomentar áreas tecnológicas avançadas – tudo o que a economia regional precisa para crescer.”

Já Luís Febra, presidente da NERLEI/CCI, considerou que a criação da Universidade de Leiria e Oeste é uma “evolução natural e estratégica”, alinhada com as necessidades do território.

O estudo “Prospetiva 2035” representa a conclusão da primeira fase dos trabalhos da EM@IPLeiria, centrada na identificação de fatores críticos de mudança e variáveis sistémicas. Segue-se agora uma fase de experimentação, com projetos-piloto destinados a testar soluções inovadoras. Por fim, a terceira fase prevê a ampliação das iniciativas bem-sucedidas, incluindo a criação de um Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, que servirá de base para o desenvolvimento de Parques de Ciência e Tecnologia na região.

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